terça-feira, março 01, 2011

BRUNA SURFISTINHA



O curioso de BRUNA SURFISTINHA (2011) é que, diferente do que se esperava, não é um filme erótico, apesar de possuir muitas cenas de sexo com Deborah Secco, que está ótima vivendo a prostituta mais famosa do Brasil, graças a um blog. O que nos remete também a Clarah Averbuck, que não era prostituta, mas que também mantinha um blog superfamoso e também ganhou um filme baseado em um livro, NOME PRÓPRIO, de Murilo Salles. Em tempos de A REDE SOCIAL, o número de filmes sobre a fama através da rede mundial tem aumentado e ganhado importância e uma abordagem reflexiva, tanto por parte do público, quanto de seus realizadores. Não deixa de ser um elemento bastante interessante do ponto de vista social.

Quanto ao filme, tem suas qualidades. É redondinho, agradável de ver, tem uma atriz que se doou para o papel, é bonita e atraente - bem mais do que a Bruna Surfistinha original, eu diria - e ainda traz de volta para um filme brasileiro lançado em larga escala o sexo. A diferença aqui é que, assim como aconteceu com NOME PRÓPRIO, o longa de estreia de Marcus Baldini não carrega na sensualidade. Nem dá para dizer que se trata de um filme erótico, apesar de o sexo estar presente em praticamente todos os momentos, desde a sequência de abertura, que mostra a jovem Raquel Pacheco fazendo uma dança sensual para uma webcam. O que mais importa no filme é o drama da personagem, ainda que nunca deixe claro suas razões para abandonar a família e abraçar a vida de prostituta.

Mas o filme é bem-sucedido ao mostrar os primeiros passos de Raquel/Bruna: seu primeiro cliente, sua evolução de garotinha passiva e que tinha nojo e se esforçava para não chorar até os seus momentos de total desenvoltura, quando se tornou o maior sucesso do prostíbulo onde trabalhava. Inclusive, dá para se dizer que a única cena de sexo próxima do excitante no filme é a que mostra Bruna recebendo pela primeira vez um tratamento respeitável de um cliente, o seu primeiro momento de orgasmo como garota de programa. Algumas cenas são particularmente divertidas, como a sequência do guarda de trânsito pegando seu grupo de amigas dirigindo embriagadas.

Entre os coadjuvantes, sem dúvida quem mais se destaca é o personagem de Cássio Gabus Mendes, o homem que respeita Bruna, que quer lhe dar uma vida diferente, quer provavelmente casar com ela. A química dos dois atores já havia sido mostrada no melhor episódio da série AS CARIOCAS, de Daniel Filho, veiculada pela Globo no final do ano passado. O episódio "A Suicida da Lapa" já mostrava o quanto o casal de atores funciona bem em cena.

Da história de Bruna, ficou faltando alguma coisa de sua experiência como atriz pornô, mas o filme mostra sua queda, por consequência das drogas, seu maior inimigo. BRUNA SURFISTINHA até poderia ser um pouco mais longo. Seu final pareceu apressado demais e é um dos pontos negativos do filme, mesmo com direito a "Fake Plastic Trees", do Radiohead, tocando ao fundo. De todo modo, achar que o filme foi apressado no final tem os seus méritos, já que se fosse mesmo tão ruim quanto muitos dizem, todo mundo ficaria contando as horas para o filme acabar. E não é isso que ocorre.

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