segunda-feira, outubro 04, 2010

COMER, REZAR, AMAR (Eat Pray Love)



A adaptação do best-seller homônimo de Elizabeth Gilbet acabou rendendo um filme bem água-com-açúcar nas mãos de Ryan Murphy, mais conhecido como o criador das séries NIP/TUCK (2003-2010) e GLEE (2009-2010). COMER, REZAR, AMAR (2010) é sua segunda incursão como diretor de longas para cinema e não se pode dizer que ele foi bem sucedido, ainda que o filme tenha lá os seus momentos. Curiosamente, os melhores deles são ao som de Neil Young. Duas das mais belas canções de Young comparacem: "Heart of Gold" e "Harvest Moon". São dessas canções que enchem o coração de um sentimento que não dá direito para explicar. E ouví-las no cinema é muito bom.

Como muita gente já deve saber, mesmo aqueles que não leram o livro, a trama de COMER, REZAR, AMAR lida com uma mulher (Julia Roberts) que resolve fazer uma viagem para três lugares (Itália, Índia e Bali), depois de ter se desiludido com o marido (Billy Crudup) e com o namorado (James Franco). A ideia é passar um ano viajando, a fim de encontrar um sentido para sua vida, ter um encontro consigo mesma. E ir para a Índia acabou virando moda de quem adere ao esoterismo como fuga ou simplesmente por achar chique - apesar de não ser nada chique cruzar as ruas fedorendas e ser picado por mosquitos gigantes naquele caótico país. Inclusive, os próprios indianos talvez não gostem muito da cena em que um guia avisa a Julia Roberts que na Índia não se deve fazer algo como beber um refrigerante direto da boca da garrafa.

O ponto de partida do filme não deixa de ser atraente, como é praticamente todo road movie - se é que dá para categorizar COMER, REZAR, AMAR assim. Mas é no desenvolvimento que Ryan Murphy e sua equipe se perdem, despediçando o talento de bons atores, como Richard Jenkins, que é um dos poucos que escapam ilesos. Julia Roberts apenas segue o papel mal construído para ela e não faz milagres. Mesmo caso de Javier Bardem, um dos melhores e mais versáteis atores da atualidade. No filme, ele está bem canastrão, vivendo um brasileiro com um sotaque que só engana os gringos mesmo e que esculta João Gilberto e Bebel Gilberto. Uma caricatura só. O romance entre os dois, que constitui o último ato do filme, não convence e era justamente esse momento que poderia salvar o filme, causando alguma comoção, mesmo que com clichês manjados. Mas nem isso o filme consegue.

Salvam-se as belas locações, especialmente Itália e Bali, que são cenários de cartão postal e enchem os olhos, dando uma vontade enorme de passear por aqueles lugares, de fazer uma viagem dessas. O visual é caprichado graças ao sempre ótimo trabalho do diretor de fotografia Robert Richardson (mais conhecido por seus trabalhos com Martin Scorsese e Quentin Tarantino).

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