terça-feira, setembro 07, 2010

[REC] - POSSUÍDOS / [REC]2 - POSSUÍDOS ([REC]²)



Há uma resistência muito grande por parte do público brasileiro a filmes falados em outra língua que não o inglês. Ou que não sejam dublados em nossa língua. Acredito que se os westerns spaghetti não fossem distribuídos em língua inglesa não teriam tido o mesmo sucesso internacional que tiveram. Os filmes de horror orientais também tiveram que ter um empurrãozinho dos americanos e seus remakes para que fossem descobertos. E não sei como era no tempo em que passavam nos cinemas filmes de kung fu: se eram dublados ou legendados, quando faziam sucesso nos extintos cinemas de cidadezinhas do interior. Claro que eu estou me referindo ao circuito mais comercial, ao que o público médio geralmente gosta. As salas alternativas estão aí cheias de filmes de todas as nacionalidades, com o franceses dominando na frente.

Por isso que eu acredito que a distribuidora PlayArte ficou pisando em ovos, procurando um meio de tornar mais bem sucedido o lançamento da continuação de [REC] (2007), de Jaume Balagueró e Paco Plaza. O original não foi tão bem nas bilheterias brasileiras principalmente por ter se tornado um sucesso nos sites de compartilhamento, bem antes de chegar aos cinemas nacionais. Daí vieram os adiamentos da estreia da continuação e, de última hora, a mudança do título nacional para [REC] - POSSUÍDOS (2009), sem o número 2 que aparecia antes. O resultado é que ficou um filme com dois títulos, pois já haviam sido distribuidos vários cartazes com o número 2. Aí seria tarde demais para enganar um público que poderia desistir de vê-lo por se tratar de uma continuação, o público que não viu o original. Coisas de marketing. Que no fim das contas talvez nem ajude o filme a ficar mais tempo em cartaz. Até porque o resultado final de [REC] - POSSUÍDOS não é muito satisfatório. Passa longe da carga de tensão e originalidade que o anterior possuía.

Mas como fazer, então, uma continuação de um filme do tipo sem não cair na repetição? De certa forma, Paco Plaza e Jaume Balagueró até conseguiram trazer novidades. Mas isso não quer dizer que elas vieram para o bem do filme. Em [REC], vimos uma repórter fazendo uma matéria sobre a rotina noturna de um grupo de bombeiros. Eles vão parar num edifício, que apresentava pessoas contaminadas e raivosas, como zumbis. Quer dizer, era um filme de zumbis na tradição de George A. Romero, com a diferença que era usada a câmera na mão para dar mais realismo, como em CLOVERFIELD e A BRUXA DE BLAIR.

Mas o que dizer quando resolvem dar uma explicação demoníaca para os zumbis? Os contaminados seriam, então, possuídos por entidades diabólicas. E um padre está lá para assumir a missão de levar um grupo de policiais - que também levam uma câmera ligada o tempo todo - para uma solução meio estapafúrdia. Mas se ao menos a história fraca não atrapalhasse o clima de tensão que era tão bom no primeiro filme. Aqui parece ser tudo feito no piloto automático. Nem mesmo quando o filme muda o ponto de vista, ele se recupera. Uma pena. Mais sorte nos próximos projetos de Balagueró, que é um cineasta do meu interesse desde A SÉTIMA VÍTIMA (2002). Já vi que seu próximo projeto se chamará MIENTRAS DORME, previsto para o próximo ano. Já Paco Plaza, esse sim, continuará com a franquia [REC] sozinho. Agora, com uma prequela.

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