sexta-feira, setembro 03, 2010

OBRERAS SALIENDO DE LA FÁBRICA



Listas de filmes favoritos, feitas por cineastas, sempre são objeto de curiosidade. De repente até pode ser uma chance de se buscar uma chave para a temática do diretor, mas também para descobrirmos um filme novo, desconhecido, um objeto estranho para nós. Quando foi disponibilizado o top 10 de Apichatpong Weerasethankul, logo após ele ter ganhado a Palma de Ouro em Cannes por UNCLE BOONMEE WHO CAN RECALL HIS PAST LIVES, um dos filmes que mais me chamou a atenção foi o desconhecido (pelo menos para mim) OBRERAS SALIENDO DE LA FÁBRICA (2005), curta-metragem chileno de José Luis Torres Leiva.

E eu já comentei aqui sobre a falta de tempo para ver filmes que eu estou tendo. "Muito trabalho e pouca diversão fazem de Ailton um bobão", um certo personagem diria. Por isso optei por um curta-metragem para manter o blog vivo. Mas quando faço isso, não opto por um curta-metragem qualquer, mas um especial, como esse, um dos favoritos de um cineasta incensado pela crítica mundial. E não deixa de ser uma ironia eu estar vendo um dos favoritos de Weerasethakul sem ter visto sequer um trabalho do diretor tailandês.

Como não dá pra dizer muita coisa de um curta-metragem sem estragar o prazer de vê-lo, é preciso ser sucinto. OBRERAS SALIENDO DE LA FÁBRICA, em seus quase vinte minutos, mostra, sem diálogos, um pouco da rotina de um grupo de mulheres que trabalham numa fábrica de tecelagem. Na primeira cena, vemos uma senhora idosa, tentando respirar, enquanto deixa seus pertences no armário. As mais jovens parecem estar mais dispostas naquele ambiente barulhento e fechado. Trata-se de um filme que valoriza a necessidade de respirar. Mas também pode ser bem mais do que isso. Curtas têm essa capacidade de síntese que faz com que seja necessário uma ou mais revisões para que possamos apreender seus temas e significados. É como uma poesia, que também necessita de um estado de espírito aberto para se entrar em sintonia. Claro que me refiro a curtas especiais.

Para quem não sabe e ficou curioso com o top 10 do tailandês de nome difícil de pronunciar, ei-lo (só vi três):

THE UNCHANGING SEA (D.W. Griffith, 1910)
SON OF THE NORTHEAST (Vichit Kounavudhi, 1982)
OBRERAS SALIENDO DE LA FÁBRICA (José Luis Torres Leiva, 2005)
A CONVERSAÇÃO (Francis Ford Coppola, 1974)
VALENTIN DE LAS SIERRAS (Bruce Baillie, 1971)
AMANTES (John Cassavetes, 1984)
ADEUS, DRAGON INN (Tsai Ming-liang, 2003)
SATANTANGO (Béla Tarr, 1994)
SALÒ, OU OS 120 DIAS DE SODOMA (Pier Palo Pasoloni, 1975)
CHELSEA GIRL (Andy Warhol, 1966)

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