segunda-feira, setembro 13, 2010

NAS GARRAS DO VÍCIO (Le Beau Serge)



E o domingo amanheceu cinza ontem. Depois do nosso querido Eric Rohmer partir, outro grande realizador da Nouvelle Vague se foi: Claude Chabrol (1930-2010). E é importante ressaltar que ele estava em seu auge criativo. Ou pelo menos, num de seus melhores momentos. Da turma de Chabrol, seguem sobrevivendo Jean-Luc Godard, Alain Resnais e Jacques Rivette. Em homenagem a Chabrol, escolhi para ver o seu filme de estreia, NAS GARRAS DO VÍCIO (1959), que já mostrava a sua excelência como diretor. Está entre os melhores filmes de estreia já feitos, segundo uma eleição feita pela extinta e saudosa revista Paisà. E, apesar de não ser um típico Chabrol, que virou sinônimo de suspense requintado, com mortes e tramas intrincadas, trata-se de um drama humano sobre amizades, superações e frustrações.

O filme é estrelado por um dos mais famosos rostos do movimento, o de Jean-Claude Brialy, que interpreta o jovem François, que volta para o vilarejo onde nasceu, depois de um período de doze anos. Ele volta para se recuperar de uma doença que não é explicitada, mas que dá a entender que se trata de uma tuberculose. A primeira coisa que lhe chama a atenção quando ele chega na cidade é ver que o seu melhor amigo, Serge (Gérard Blain), tornou-se um alcóolatra. Ele fica obcecado em ajudar o amigo, que agora está casado e com uma mulher grávida. Uma personagem feminina marca esse retorno de François ao lugar, a sensual Marie, vivida por Bernadette Lafont, atriz muito interessante que estaria também em outros trabalhos de Chabrol, como QUEM MATOU LEDA? (1959), MULHERES FÁCEIS (1960) e LES GODELUREAUX (1961).

Ainda que muitos lembrem mais de ACOSSADO, de Godard, e de OS INCOMPREENDIDOS, de Truffaut, NAS GARRAS DO VÍCIO estreou antes. É, portanto, o primeiro filme da Nouvelle Vague, ainda que siga uma estrutura um pouco mais clássica do que os trabalhos dos seus colegas. Se bem que o final não é nada clássico. Felizmente, Chabrol nos deixou um legado de muitos filmes. E uma obra ainda inédita em nosso circuito comercial, BELLAMY (2009), mais um thriller criminal.

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