terça-feira, agosto 10, 2010

A ORIGEM (Inception)



Os apreciadores de A ORIGEM (2010) andam cometendo algumas atrocidades em seus textos, como comparar Christopher Nolan com David Lynch e até a remeter a Alain Resnais e o seu O ANO PASSADO EM MARIENBAD, que eu não vi, é verdade, mas confio. Não nego que existam qualidades em A ORIGEM. Os efeitos especiais impressionam e Nolan tem estilo, mas um estilo que não me agrada, não me empolga, por mais que eu tente. Ao contrário, me aborrece. Em BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS (2008), eu atribuo o grande mérito à interpretação de Heath Ledger, e em BATMAN BEGINS (2005) chega a ser irritante aquele falatório sobre o símbolo do morcego. Em A ORIGEM não chega a tanto, mas a tendência de Nolan de ficar explicando suas ideias espertas e complexas continua. E desta vez em escala muito maior. Praticamente uma hora de filme é uma aula sobre os métodos de se invadir os sonhos de alguém para roubar algo. Claro que não é só conversa. Há ação também, mas uma ação explicativa e introdutória.

O sonho em A ORIGEM é racional, não é onírico. Tem até uma arquiteta (Ellen Page). Tem Leonardo DiCaprio trazendo um pouco de seu personagem atormentado de ILHA DO MEDO; tem Marion Cotillard, cuja personagem andaram chamando de femme fatale, mas não a vejo como tal. Vejo mais como uma espécie de assombração. Que caberia muito bem num bom filme de horror. Cotillard, quando ataca, é como se mudasse o registro do filme.

O restante do elenco estelar se completa com Joseph Gordon-Levitt (elegante em seu terno e talvez o que mais entra em sintonia com o filme); Ken Watanabe, como o financiador; Michael Caine, em participação discreta; Cillian Murphy como a vítima dos ataques do grupo; e Pete Postlethwaite, em um papel que eu não me lembro direito. Deve ter aparecido durante meus cochilos. Talvez a trilha sonora de Hans Zimmer, praticamente onipresente durante o filme, em seus tons épicos, tenha contribuído para isso. Uma hipótese que não descarto, pois o sujeito também fez trilhas para SHERLOCK HOLMES (argh) e para o segundo PIRATAS DO CARIBE (urgh).

E, sim, essa é outra razão porque este texto não deve ser encarado como uma resenha. São apenas impressões de uma mente que não consegue ficar acordada durante os trabalhos de Christopher Nolan. Talvez uma injeção de adrenalina no coração resolvesse. Mas aí eu não ia conseguir me concentrar direito num filme cuja trama exige um pouco mais de atenção. Não deixa de ser corajoso da parte de Nolan e dos produtores em lançar um filme com uma trama complexa como essa como um blockbuster. Se bem que MATRIX e O VINGADOR DO FUTURO são dois bons exemplos de filmes de tramas complexas que tiveram grande aceitação do público. Resta saber se vai ser o caso de A ORIGEM. Se for pela quantidade de cópias dubladas e legendadas que a Warner anda disponibilizando, o filme será um mega-sucesso comercial. Cinema também é aposta.

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