segunda-feira, agosto 23, 2010

O ÚLTIMO MESTRE DO AR (The Last Airbender)



M. Night Shyamalan é o cineasta que todo mundo aprendeu a odiar. Ou quase todo mundo. Mas enquanto ele é brutalmente criticado nos Estados Unidos, na França geralmente seus filmes são aclamados entre os melhores do ano. Não se sabe ainda se vai ser o caso de O ÚLTIMO MESTRE DO AR (2010), um projeto que até os fãs mais ardorosos temiam. Um dos cineastas mais interessantes surgidos nos últimos anos teria se rendido ao cinema mais comercial? E, ainda por cima, a fantasias infanto-juvenis com direito a 3D picareta? Vale pagar pra ver, ainda que o 3D seja realmente picareta. Portanto, quem puder ver legendado em cópias 2D, em 35 mm, que o faça, para economizar uns trocados. Mas se por um lado o 3D nada acrescenta, também não incomoda. E ver um cineasta do porte de Shyamalan à frente de uma fantasia juvenil não deixa de ser uma experiência curiosa.

Acontece que Shyamalan pregou uma peça na Indústria novamente. E realizou uma fábula zen-esotérica. Muito perigosa no sentido de que pode se tornar ridícula, mas amparada em sua origem, o desenho animado americano, com influência da animação japonesa, ele conseguiu se sair bem. A trama mistura diversos pontos da cultura asiática (reencarnação, chacras, chi, quatro elementos, meditação etc). Apesar desse clima zen, como o filme é a condensação de toda a primeira temporada de AVATAR: THE LAST AIRBENDER (2005-2010), há muitas informações sendo passadas, mas nada que deixe o espectador perdido. Na verdade, é até simples a base do enredo: a Nação do Fogo invade e domina os demais domínios (Terra, Água e Ar), tendo destruído, inclusive, o templo dos Nômades do Ar, de onde vem o garoto Aang, que num salto temporal vai parar, sem saber, cem anos no futuro. Ele estava fugindo de suas responsabilidades como a reencarnação do Avatar, aquele que domina os quatro elementos. Quem acompanha a série deve sentir falta de um monte de informações que tiveram de ficar de fora por razões óbvias.

Por isso, o que importa não é a história, que pode ser ora simples, ora confusa. O que importa é a beleza e a magia que Shyamalan consegue extrair de uma trama original tão cheia de detalhes. O ÚLTIMO MESTRE DO AR está bem acima dos filmes de fantasia convencionais, pois é possível ver nele um rigor formal e uma beleza nos enquadramentos bem atípicos. Cada domínio mostrado - a Nação do Fogo, o Reino da Terra, a Tribo da Água e os Nômades do Ar - possui uma característica própria, uma cor própria. Os jovens atores que interpretam os personagens principais estão muito bem, mas destaco uma coadjuvante que rouba a cena, graças a uma das sequências mais belas do filme: a Princesa Yue (Seychelle Gabriel). A sua queda na água é o momento em que O ÚLTIMO MESTRE DO AR mais dialoga com os demais filmes da rica obra de Shyamalan.

P.S.: Aproveitei a oportunidade - a falta de cópias legendadas em 2D do filme - para conferir as novas salas no Shopping Pátio Dom Luis. O shopping é bem pequeno e a sala também é pequenininha. Mas é de dar gosto. A imagem está linda. Nem parece a experiência de ver o filme com imagem escura na sala 3D do Iguatemi.

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