segunda-feira, julho 19, 2010

QUINCAS BERRO D'ÁGUA



Antes que complete dois meses do dia que eu vi o filme no cinema, segue mais um exercício de memória. Desta vez, em relação a um filme que não me deixou satisfeito. Aliás, fiquei bastante desapontado com o novo trabalho do diretor do ótimo CIDADE BAIXA (2005). Pra começar, ele poderia ter escolhido outra obra de Jorge Amado para adaptar. Uma mais interessante. Além disso, se a intenção era fazer uma comédia para fazer rir, Machado fracassa de forma retumbante. Inclusive nas piadas mais escatológicas. QUINCAS BERRO D'ÁGUA (2010) é a segunda adaptação da novela de Jorge Amado para as telas. A primeira foi feita pela Rede Globo em 1978, conservando o título original da obra do escritor bahiano ("A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água"). Na produção da Globo, quem fez o Quincas foi Paulo Gracindo. Suspeito que seja bem melhor que este longa.

No cinema, é Paulo José quem faz o papel do boêmio alcóolatra que morre e tem seu cadáver raptado pelos amigos para uma farra final, em sua homenagem. O filme é também uma crônica sobre os costumes do povo bahiano e a divisão entre a classe alta, hipócrita, e a classe baixa, mais cheia de liberdade para aproveitar a vida. O Camdomblé, tão forte na obra de Jorge Amado, aparece na trama, até como forma de realçar a separação de classes.

O problema é que eu não simpatizei com nenhum dos personagens. Nem com os vagabundos que raptam Quincas, nem com a família do morto, representada principalmente pela filha (Mariana Ximenes). Alguns bons atores que costumam se sair muito bem com o humor, como Vladimir Brichta, não conseguem brilhar no filme. Outros grandes nomes, como Milton Gonçalves e Othon Bastos também passam batidos, como coadjuvantes de luxo, num filme que fracassou até mesmo nos métodos "econômicos" de fazer propaganda - através de blogs. Pra mim, pouco importa se QUINCAS BERRO D'ÁGUA é uma celebração da vida. O que importa é que a tal celebração proposta não repercutiu do lado de cá da tela. Infelizmente.

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