quarta-feira, maio 12, 2010

ZONA VERDE (Green Zone)



Saudades do Oliver Stone, saco de pancadas de tantos. E só agora que me toquei que ainda não vi W., que não foi sucesso nem de crítica nem de público e não chegou nos cinemas daqui. Também não sei se foi lançado direto em dvd. O documentário SOUTH OF THE BORDER, o último fime pronto dele, chegou a passar em festivais, mas não li nenhuma linha a respeito, se foi bem recebido ou não. Deve chegar aqui por lidar com assuntos diretamente ligados a nós, sul-americanos. Mas por que estou falando de Oliver Stone num espaço reservado a ZONA VERDE (2010), de Paul Greengrass? Por que ambos são diretores que costumam lidar com temas políticos controversos. E na comparação - algumas comparações nem sempre são válidas, eu sei - eu fico com Stone.

Vendo a montagem picotada de ZONA VERDE (2010), que é do mesmo Christopher Rouse de A SUPREMACIA BOURNE (2004), O ULTIMATO BOURNE (2007) e do único filme que eu gosto de verdade de Greengrass, VÔO UNITED 93 (2006), lembrei do que Martin Scorsese falou sobre a montagem dos filmes contemporâneos no documentário O CORTE NO TEMPO: A MAGIA DA EDIÇÃO DE FILMES. Os novos filmes, especialmente os thrillers, costumam ser excessivamente picotados, feitos por e para uma geração acostumada com a rapidez dos comerciais de televisão e dos videogames. Cada vez mais afastados de uma das coisas mais belas que o cinema pode provocar: a contemplação. Talvez eu esteja ficando velho fazendo esse tipo de reflexão, mas por mais que eu veja qualidades nesses filmes de Greengrass, chega uma hora que eles me cansam. Sim, eles são muito mais sofisticados que qualquer bagaceira de Michael Bay e ainda têm o mérito de fazer o espectador pensar. Mas o pensamento vem e vai tão rápido quanto aquilo que nossas retinas cansadas vêem.

No caso de ZONA VERDE, a impressão que fica é que as partes mais intrincadas e até instigantes da trama, quando o espectador fica meio desorientado não apenas pelo recurso da câmera na mão, são uma espécie de armadilha, já que no final ficou parecendo meio bobo o personagem de Matt Damon, em sua cruzada para desvendar a não existência das tais armas de destruição em massa que Bush afirmou que havia no Iraque, como desculpa para invadir o país e acabar com o regime de Saddam. Do jeito que ficou, o filme de Greengrass pareceu óbvio e o personagem de Damon, ingênuo.

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