sexta-feira, maio 07, 2010

ACONTECEU EM WOODSTOCK (Taking Woodstock)



Os Estados Unidos já foram objeto de muito interesse e encanto por vários estrangeiros que chegaram lá para trabalhar ou apenas passar uma chuva. Ang Lee é mais um dos tantos cineastas estrangeiros que chegaram ao país e resolveram falar de assuntos bem americanos com uma propriedade e uma segurança impressionantes. No caso de Ang Lee, essa aproximação com os Estados Unidos se deu em doses homeopáticas. Primeiro, fazendo um filme sobre chineses vivendo nos Estados Unidos, com BANQUETE DE CASAMENTO (1993), até chegar ao coração da América em filmes importantes como TEMPESTADE DE GELO (1997) e O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (2005). Depois de um retorno bem sucedido à China, com a obra-prima DESEJO E PERIGO (2007), o diretor está de volta a Hollywood para abordar à sua maneira um dos momentos mais importantes da história americana, o festival de Woodstock.

Com a serenidade que lhe é comum, ACONTECEU EM WOODSTOCK (2009) pode até frustrar quem espera o tradicional sexo, drogas e rock n'roll com direito a muita nudez e muita porra-louquice. Em vez disso, vemos um filme sobre os bastidores do mais famoso dos festivais de rock, pelo ponto de vista de Elliot Teichberg (Demetri Martin), o rapaz que possibilitou a realização do festival, quase sem querer. O filme é baseado em seu livro de memórias. Ang Lee faz parceria com o diretor de fotografia Eric Gautier, conhecido por suas colaborações com Olivier Assayas. E as telas divididas de HULK (2003) estão de volta em ACONTECEU EM WOODSTOCK, não só com o objetivo de vermos ações simultâneas, mas também para não abrir mão do ponto de vista de Elliot, em especial nas cenas que o mostram mais próximo do festival.

E quem disse que estar no festival é ter que estar presente nos shows da Janis Joplin, do Joe Cocker, do Jimmi Hendrix e demais nomes importantes? Entrar em contato com as pessoas, experimentar LSD e fazer sexo grupal no local de acampamento talvez seja mais importante e memorável. Porém, interessante que até nesses momentos Ang Lee foi discreto. Isso vindo de um cara que dirigiu a "cena do cuspe" de BROKEBACK MOUNTAIN e fez o casal de DESEJO E PERIGO ficar beem à vontade para as ousadas cenas de sexo. Sinal de que ele não precisa provar mais nada pra ninguém. O que não quer dizer que não bate um certo desapontamento. Ainda assim, há que se reconhecer a beleza, a fluidez, a segurança na direção, a ótima escolha do atores e mais uma porção de acertos que só um diretor de estilo e força como Lee seria capaz.

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