terça-feira, abril 27, 2010

O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (El Secreto de Sus Ojos)























Um pouco de polêmica não faz mal a ninguém, como diria um dos meus cineastas favoritos. Assim, aqui vou eu nadar contra a corrente, ou seja, contra a maioria dos espectadores que viram O SEGREDO DOS SEUS OLHOS (2009) e adoraram. Eu fui um dos que saíram do cinema insatisfeitos e sem entender o que causou tanta admiração pelo filme de Juan José Campanella, ganhador do Oscar de melhor filme em língua estrangeira este ano. Antes de mais nada, uma das coisas que mais me irritou no filme foi o personagem bocó de Ricardo Darín. O ator, um dos melhores e mais famosos da Argentina, merecia coisa melhor. Tive que aturar, entre um cochilo e outro, um personagem que ama a sua chefe, mas que se recusa a aceitar esse amor durante muito tempo. Poderia até ser algo bonito de ver num melodrama sobre as barreiras invisíveis que as pessoas criam para se autossabotarem, mas não na forma que Campanella apresenta.

Ainda que uma cena patética como a da estação de trem possa ser avaliada pelos próprios personagens como uma armadilha gerada pela memória, e por isso propositalmente patética, aquilo não sai da minha cabeça como mais um exemplo da incômoda estupidez do protagonista. Mas mais ainda do filme, que tenta ser algo mais do que uma história de crime e algo mais do que uma história de amor e falha em ambas as tentativas.

O momento mais comentado do filme é o do falso plano-sequência, que acontece num estádio de futebol lotado. Não deixa de ser admirável tecnicamente, mas não ajuda muito a tornar a obra mais consistente. A trama lida com um policial aposentado que resolve escrever um livro sobre um caso ocorrido em 1974. Assim, o filme vai e vem no tempo, mostrando as relações do protagonista com a persongem de Soledad Villamil e uma intricanda trama envolvendo o assassinato de uma jovem. O funcionário aposentado, tentando reviver o caso, acaba por investigar novamente o que parecia assunto encerrado. Com as idas e vindas no tempo, temos a oportunidade de ver uma reconstituição de um tempo em que a Argentina vivia sob rígida ditadura. E o assassinato, inclusive, pode estar ligado a questões políticas.

O sucesso comercial do filme é tanto que, além de ter ganhado o Oscar, está no top 250 do IMDB, e é uma das maiores arrecadações de bilheteria da história do cinema argentino, sendo o mais visto nos últimos 35 anos no país. Junto com o sucesso de O FILHO DA NOIVA (2001), Campanella crava o seu nome como um dos cineastas mais prestigiados da América Latina. Isso porque poucos parecem perceber as falhas de um filme capenga. Ou vai ver sou eu que precisa rever o filme. Eu e minha laringite alérgica que parece funcionar principalmente em filmes chatos. Mas não tenho a mínima vontade de rever. Pelo menos, não por enquanto.

Nenhum comentário: