segunda-feira, abril 19, 2010

O LIVRO DE ELI (The Book of Eli)























A expressão "nunca julgue o livro pela capa" já é bem popularizada, mas talvez a "não julgue o filme pelo trailer" deva ser mais difundida. Pra que exemplo melhor do que o de O LIVRO DE ELI (2010), filme que está em cartaz há cerca de um mês e que eu só fui ver agora, depois de comentários elogiosos dos amigos Renato Doho e Zezão? Sorte que o filme ainda permaneceu em cartaz um bom tempo, esperando o dia de eu vê-lo. E esse dia foi hoje. Queria muito ter podido escrever sobre o filme assim que terminei de vê-lo, no calor do entusiasmo, mas o dever me chamou e só agora estou podendo tecer algumas linhas a respeito.

Antes de mais nada, o que me incomodava tanto no trailer? Pra começar, a própria premissa. A ideia de um homem que sai perambulando por um mundo pós-apocalíptico com uma Bíblia debaixo do braço e sendo perseguido por sujeitos que querem o livro não me pareceu muito boa. Sem falar no jeitão Mad Max com fotografia à Tony Scott. Mas o que eu encontrei no trabalho dos irmãos Albert e Allen Hughes, sem dirigir desde DO INFERNO (2001), foi um elogio à fé, com uma coragem e uma beleza que eu não via há muito tempo. Falar sobre fé no cinema é um negócio sempre complicado e arriscado. E os irmãos, meio que para exorcizarem o título infernal da fraca adaptação da obra-prima de Alan Moore, apelam para o Cristianismo. Mas fazem isso de maneira tão bonita e respeitosa que só os mais cínicos talvez odeiem o filme.

Denzel Washington está perfeito numa caracterização meio que de super-herói. O cara enfrenta uma dezena de sujeitos armados e dá cabo dos caras sem fazer muito esforço. Se você começa a ver o filme e curte esse tipo de cena, vai fundo que o melhor está por vir. Aos poucos vamos sabendo o que aconteceu com o planeta, devastado e cujos poucos sobreviventes são assassinos ou mercenários, prontos para pegar qualquer coisa que possa ter algum valor. O personagem de Denzel segue numa missão de ir até o oeste, como fizeram os antigos colonizadores americanos, quando enfrentavam índios e a natureza selvagem para a expansão do território. Por isso, o filme também tem um aspecto de western.

Gary Oldman, continuando em forma fazendo papel de vilão, é o homem que quer usar o tal livro secreto para interesses próprios. Segundo ele, uma vez que ele estiver de posse do livro, logo ele se tornará muito poderoso. Não deixa de ser um aspecto paradoxal do filme, isso de enfocar o quanto os homens dominaram outros através das palavras da Bíblia. Para o bem e para o mal. Mas o filme não pretende fazer insinuações anticristãs. Tanto que a cena mais bonita é quando a personagem de Mila Kunis pergunta para o andarilho como era o mundo de antes. Ele diz que naquela época, as pessoas esbanjavam demais, não davam o devido valor às coisas. Outro momento bonito é quando ele pega as mãos dela para fazer uma oração de agradecimento pela comida. Os meus momentos favoritos são esses, mais intimistas, mas as cenas de ação também empolgam, o que faz com que o filme seja a melhor surpresa que eu já tive nos cinemas neste ano até o momento. Agradeçamos, então.

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