quinta-feira, novembro 05, 2009

CARAMELO (Sukkar Banat / Caramel)






















Continuando a falar de mulher bonita e tentando ser mais objetivo, já que o tempo está escasso, vamos a este delicioso CARAMELO (2007), filme de estreia na direção da libanesa Nadine Labaki. Ela dirige e estrela esse belo filme sobre o cotidiano e os problemas amorosos de um grupo de mulheres que trabalham num salão de beleza. Vendo a filmografia de Nadine como atriz, vi que ela está no elenco de BOSTA. Cá pra nós, acho que não combina com ela ficar trabalhando em filmes de títulos tão vulgares. :)

CARAMELO é uma espécie de versão "atualizada e melhorada" de UMA CANÇÃO DE AMOR, de outra diretora do Oriente Médio, a israelense Karin Albou. Na verdade, a proposta dos dois filmes é bem distinta, mas em ambos vemos o ponto de vista feminino de mulheres vivendo numa sociedade extremamente machista e cheia de regras sociais e religiosas. Há nos dois filmes a ênfase na depilação. Mas é só trocar a Tunísia da Segunda Guerra Mundial pelo Líbano contemporâneo que já sentimos um grande alívio. Além do mais, o filme não mostra uma sociedade islamita, mas católica. Mesmo assim, há muita pressão em cima das mulheres, que não têm liberdade para frequentar motéis ou hotéis, a não ser que sejam casadas, e que causam grande escândalo na família se casarem já tendo perdido a virgindade. Uma das personagens, inclusive, vai parar numa clínica para fazer um "retoque" e deixá-la virgem de novo para o noivo.

É nesse cenário de beleza e pressão que seguimos a protagonista vivida por Nadine Labaki encontrando-se às escondidas com um homem casado. Homem esse que não vemos em momento algum do filme. Mas ver o que nos é mostrado pela perspectiva dela faz com que nos solidarizemos com sua situação. Em especial na cena em que ela arranja, com muito esforço, um quarto para receber o namorado proibido no dia do aniversário dele. Para um filme chamado CARAMELO até que o amargo está bem presente. Como na subtrama da senhora idosa, que tem a chance de encontrar finalmente o homem de sua vida, mas tem que lidar com a irmã louca.

Apesar do sabor agridoce, o filme de Labaki tenta não deixar a tristeza no ar e me fez sair da sessão com o espírito elevado. Satisfeito, ao ver um trabalho feito com capricho e elegância, com mulheres encantadoras na tela, em um enredo simples. E Nadine Labaki já está no meu top de musas do cinema em 2009.

P.S.: Tem um texto meu publicado na sessão Blogosferas da revista Imagine, que no mês de outubro abordou o assunto blogs de cinema. O meu texto está logo abaixo do de Renato Thibes. Confiram a página em pdf.

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