segunda-feira, outubro 26, 2009

JORNADA NAS ESTRELAS - O FILME (Star Trek: The Motion Picture)



Três fatores contribuiram para que eu voltasse a me interessar por STAR TREK. Primeiro, o lançamento do belo filme de J.J.Abrams; segundo, as várias citações à série em THE BIG BANG THEORY; e terceiro, o lançamento do box contendo os seis primeiros longas-metragens, que eu não descansei enquanto não comprei. E ontem terminei de ver o primeiro dvd, contendo JORNADA NAS ESTRELAS - O FILME (1979). Não se trata de um grande filme e envelheceu mal, mas é preciso se situar historicamente para entender a sua importância. Claro que o sucesso de GUERRA NAS ESTRELAS contribuiu para que o filme finalmente saísse, mas na verdade, desde 1975 que Gene Roddenberry já estava em negociações com a Paramount para a produção do longa. Isso é contado no pequeno documentário de dez minutos que vem nos extras. O filme demorou a sair pois o primeiro roteiro tratava de Deus e isso incomodou bastante os cabeças do estúdio. Só voltariam a falar novamente de Deus em JORNADA NAS ESTRELAS V - A ÚLTIMA FRONTEIRA (1989). Se bem que Deus é um elemento bastante presente na trama deste primeiro filme.

O lançamento do box com os primeiros filmes é bem oportuno, já que JORNADA NAS ESTRELAS - O FILME faz 30 anos este ano. E fazendo uma comparação com a minha experiência com o novo STAR TREK (2009), fiquei imaginando o que deve ter significado para os fãs da série - que havia sido cancelada em 1969 - verem novamente os personagens que eles tanto amavam. Kirk, Spock, McCoy, Chekov, Sulu, Uhura, Scott. Os atores já não eram mais tão jovens, mas estavam ali, todos reunidos e para uma super-produção para o cinema, cheia de efeitos especiais "top de linha". E que rendeu muito nas bilheterias. Foi um grande sucesso. E foi lançado com toda a pompa, com direito a dois minutos só de música abrindo o filme, como nos grandes épicos produzidos nas décadas de 50 e 60. Nota-se uma vontade de mostrar algo grandioso, para ser visto na telona do cinema, o tempo todo, mas principalmente na longa sequência em que uma micronave se integra à Enterprise. Tudo mostrado de maneira lenta, como em 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, de Kubrick. Mas os barulhinhos que as naves fazem no espaço continuam, para manter a tradição e porque são divertidos. Para completar o luxo, foi convidado para dirigir o filme o veterano Robert Wise, conhecido por sua capacidade de fazer bons filmes de qualquer gênero, do terror ao musical.

O problema talvez tenha sido mesmo o roteiro, que é um pouco fraco, feito inicialmente para ser o piloto do retorno de JORNADA NAS ESTRELAS à televisão, mas que, devido ao sucesso de GUERRA NAS ESTRELAS, foi repensado como uma super-produção para o cinema. A trama gira em torno de um misterioso objeto que está em direção à Terra e que ataca uma nave dos klingons. Essa é a desculpa para que James T. Kirk, já aposentado da Enterprise, volte à sua antiga função, destronando o atual capitão, Decker. Que é um dos coadjuvantes mais interessantes do filme, pois ele é responsável pelos momentos de tensão com Kirk, que toma algumas medidas perigosas, sem saber das reformas pelas quais a nave passou nos anos de sua ausência. Numa das cenas mais interessantes do filme, ao ativar uma velocidade de dobra espacial, a nave vai parar no que eles chamam de fenda espacial.

Diferente de uma série, que tem mais tempo para desenvolver os personagens, o filme se concentra na aventura. Portanto, tirando Kirk, Spock, um pouco McCoy e os personagens Decker e a tenente Ilia, fundamentais para a trama, os demais membros da Enterprise ficam em segundo plano. E falando em tempo, o andamento do filme, contrariando a rapidez do blockbuster de George Lucas, é semelhante ao de SUPERMAN - O FILME, de Richard Donner. Muito para manter um ar solene. Ainda que eles não tivessem uma grande história, aquele momento era especial. E era preciso tratá-lo como tal.

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