quarta-feira, setembro 30, 2009

VIDAS SEM RUMO (The Outsiders)



Mas que beleza de filme que é este VIDAS SEM RUMO (1983), hein! Fui vê-lo mais como uma homenagem a Patrick Swayze, falecido nos últimos dias, e dei de cara com um dos mais belos trabalhos da filmografia de Francis Ford Coppola. Começo a achar que a década de 80 na obra do cineasta é subestimada ou incompreendida. Talvez seja preciso um pouco mais de esforço para tentar entender esse período pouco apreciado na carreira de um dos cineastas mais importantes do cinema americano. VIDAS SEM RUMO é o JUVENTUDE TRANSVIADA de Coppola. Um filme que mostra a falta de rumo e de uma vida sem sentido de um grupo de jovens que aparecem o tempo todo atordoados, como se tivessem acordado em outro mundo. Essa sensação de deslocamento é sentida durante todo o filme e talvez até mesmo durante toda a obra do diretor na década de 80, onde predominam os filmes de época ou filmes que voltam ou flertam com o passado.

O filme impressiona pelo número de astros que, até então, não eram exatamente famosos, mas que se tornariam nos anos seguintes: C.Thomas Howell, Matt Dillon, Ralph Macchio, Patrick Swayze, Rob Lowe, Emilio Estevez, Tom Cruise e a belezura da Diane Lane, que é um caso especial, já que se tornou famosa mesmo só depois dos quarenta. Ainda que ela continua linda na fase madura, vê-la novinha é um colírio. Cada um desses atores teve uma história diferente e curiosa, mas só Tom Cruise alcançou o estrelato. E é impressionante como o personagem dele é bobo e quase sem função no filme. Na verdade, todos os personagens do filme não são nada inteligentes, mas isso acentua o fato de que são quase crianças, despejados num mundo hostil. Até a figura dos pais é ausente, já que os personagens de C. Thomas Howell e Rob Lowe são praticamente criados pelo irmão mais velho, vivido por Patrick Swayze.

A trama principal gira em torno de um assassinato cometido por um dos rapazes da turma. Os dois envolvidos fogem para um lugar distante, onde se escondem da polícia e de membros da outra gangue, que querem vingança. É nesse momento que Coppola explora mais sua paleta de cores na bela fotografia em technicolor, que faz o céu parecer o céu de filmes como E O VENTO LEVOU, que aliás é uma referência explícita. O personagem de Ralph Macchio compra um exemplar do livro de Margaret Mitchell para ler durante o período em que se encontram foragidos. Além das belas imagens do céu e da linda fotografia em scope - aliás, que bom que eu só vi VIDAS SEM RUMO agora, nessas condições, num dvdrip, e não no velho vhs que amputava o filme -, o filme ainda conta com a música de Carmine Coppola, pai do diretor, que compôs uma bela canção em parceria com Stevie Wonder, que abre os belos créditos iniciais. Tudo parece muito luxuoso e elegante hoje em dia. Não sei se foi visto assim na época que foi lançado.

Algumas cenas são bem memoráveis, como a sequência do assassinato na fonte, quando Coppola utiliza o vermelho na água, enchendo a tela; as cenas da turma no drive-in; as imagens à distância, em especial a da cena em que Diane Lane chega de carro e a fotografia destaca as sombras e o céu avermelhado. Todo o tom excessivamente melodramático e carregado que Coppola imprime parece uma tentativa (bem sucedida) de fazer um filme como se estivesse no fim dos anos 50 ou início dos 60, antes do chamado "fim da inocência". Enfim, um belo filme. Quanto a Patrick Swayze, que foi a desculpa para eu ver o filme, ele está muito bem na fita.

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