segunda-feira, agosto 03, 2009

TINHA QUE SER VOCÊ (Last Chance Harvey)























"O inferno são os outros." Já dizia Sartre, sobre as relações humanas e o impacto delas na vida das pessoas. Mas também não se pode ficar alheio à vida. E impressionante como as coisas do coração são importantes para a vida das pessoas, a ponto de serem de longe o principal tema abordado pela música e de importância gigante nas demais artes. As coisas do coração afetam o bem estar ou o mal estar, contribuem para a alegria ou a tristeza, de uma maneira que nenhum outro campo da vida humana é capaz. Exceto, talvez, a saúde. Aliás, é sempre bom lembrarmos o quanto devemos estar gratos quando nossa saúde está pelo menos razoável e estamos prontos para enfrentar as porradas e as alegrias que a vida de vez em quando nos reserva. E como esses dias foram de inquietude mental e agitação social, e não consegui me concentrar nem em leitura nem em certos tipos de filmes, as obras que abordam romances acabaram descendo menos quadrado. Talvez porque eu procure alguma identificação nas histórias.

Assim, na tarde de sábado, em vez de ficar em casa sem conseguir produzir nada (e olha que eu deveria estar me dedicando com mais afinco ao meu curso de especialização), achei por bem ver este TINHA QUE SER VOCÊ (2008), que estreou nesse final de semana em Fortaleza. O filme, como bem disse o Sergio Andrade em seu blog, é um oásis no meio de tantos blockbusters barulhentos em cartaz, e aborda a solidão de quem já alcançou a maturidade e chegou num momento em que tudo parece perdido no que se refere aos relacionamentos.

Se por um lado, a vida da personagem de Emma Thompson segue o caminho normal das frustrações, o personagem de Dustin Hoffman está numa situação ainda mais difícil. Frustrado por usar o seu talento de músico de jazz para produzir jingles, ele viaja para a Inglaterra para o casamento da filha. Chegando lá, porém, ele se sente fora de contexto e devastado, ao ser constantemente substituído pelo padrasto da filha, inclusive em sua condução até o altar. Ao afogar as mágoas numa mesa de bar, ele conhece a personagem de Emma Thompson. E o resto é história.

A narrativa é fluida, as interpretações de Hoffman e Emma são de primeira classe, mas ainda achei que faltou mais sentimento no filme. Há um medo de escancarar as emoções que, se por um lado, salva o filme de se tonar uma possível novela mexicana, por outro o impede de ir além. Mesmo assim, é um trabalho muito simpático e que tem o mérito de tratar o amor entre pessoas mais maduras com naturalidade e sensibilidade. Os protagonistas andaram meio sumidos e apagados nos últimos dez anos, mesmo sendo tão bons. Emma Thompson, nos anos 90, era uma das melhores e mais requisitadas de Hollywood e hoje é subvalorizada. E Dustin Hoffman também não tem estado em muitos papeis de destaque ultimamente.

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