sexta-feira, agosto 21, 2009

SINÉDOQUE, NOVA YORK (Synecdoche, New York)























Assisti este SINÉDOQUE, NOVA YORK (2008) no sábado e foi provavelmente a pior tortura psicológica a que eu me submeti neste ano. Quanta diferença quando eu saí da sessão desse filme para ver o delicioso ARRASTE-ME PARA O INFERNO. Desde ADAPTAÇÃO (2002) que eu fico com os dois pés atrás em relação a Charlie Kaufman. Eu odiei ADAPTAÇÃO, mas culpava em parte o diretor Spike Jonze. Até porque gostei de BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS (2004), dirigido por Michel Gondry. Kaufman se tornou o roteirista mais badalado de Hollywood nos últimos dez anos. Seus roteiros eram mais citados do que o trabalho dos diretores. O caso especial de roteirista-autor. Há quem goste de seus enredos "espertos", metidos a inteligentes. Eu, particularmente, não curto e me senti até um pouco ofendido quando, em duas críticas que li sobre o filme, fizeram uma comparação com David Lynch.

Fui arrastado para ver SINÉDOQUE, NOVA YORK um pouco por causa do elenco estelar. Tanta gente boa não podia estar num projeto tão ruim. Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Michelle Williams, Samantha Morton, Hope Davis, Jennifer Jason Leigh, Diane Wiest, Emily Watson. Todos levados pelo hype em torno do roteirista "genial" e agora incompreendido. Mas eu já havia caído nessa armadilha de elenco estelar. Só que a gente sofre de memória curta e cada filme é um filme. E SINÉDOQUE, NOVA YORK era a estreia de Kaufman na direção, o que não deixa de ser, no mínimo, motivo de curiosidade até mesmo para aqueles que não curtem o seu trabalho.

O início até que é interessante, mostrando o dramaturgo vivido por Philip Seymour Hoffman passando por dificuldades no casamento e com estranhos problemas de saúde. O drama tragicômico-kafkiano de ser empurrado de especialista para especialista me fez rir um pouco da picaretagem de certos médicos e de minha experiência frustrada com eles - principalmente com os otorrinos. Acredito que o filme começa a sair de linha quando a personagem de Catherine Keener sai de cena, quando ela abandona o marido. Numa sessão de terapia, a mulher chega a confessar que já desejou a morte do marido algumas vezes. Digamos que isso não deve ser muito agradável de se ouvir.

O filme começa a se tornar bem chato, confuso, enfadonho e desinteressante já a partir da primeira meia hora. É aquele triste momento em que se olha para o relógio e se percebe que há ainda um longo caminho pela frente. E a partir de então não teve nada, nem o elenco de ótimas atrizes, nem o enredo fora do normal, ou qualquer coisa que pudesse salvar a sessão para mim. Se o filme é mais uma obra que trata da angústia da falta de criatividade - assim como também era ADAPTAÇÃO - eu sugiro a Kaufman procurar outro ramo de atividade, pois vomitar falta de inspiração nos espectadores é jogo sujo.

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