quarta-feira, julho 01, 2009

DUPLICIDADE (Duplicity)



Hoje começam minhas férias. Se no ano passado eu tirei férias para reformar/ampliar o meu quarto, neste ano as férias são para estudar para minha especialização. Portanto, não sei se o blog manterá a mesma regularidade durante este mês de julho que se inicia. De todo modo, ando passando por umas "crises de blogueiro". Tenho suspeitado que meus mais recentes textos estejam um pouco enfadonhos, por mais que eu tente melhorá-los a cada releitura. Talvez eu tenha perdido um pouco da fluidez e um pouco da capacidade de incitar os leitores. Mas quero acreditar que isso é só uma fase, pois se eu desistir disso aqui, talvez não volte mais. O fato é que tem dias que eu me esforço para escrever sobre um filme. E fico até feliz quando consigo escrever o mínimo, que são três parágrafos, nem que sejam curtos. E quando eu acho que não vou conseguir e o texto fica pelo menos razoável, aí que eu vejo motivo para comemorar mesmo. De qualquer maneira, quero deixar registrado aqui que quem está escrevendo estas linhas é alguém que está com o corpo todo moído e que tem sofrido com dores nas costas há dias. Ontem fui a um ortopedista e ele me passou uns exames. Mas creio que o um maior afastamento do ar condicionado nesses dias longe do escritório vão me fazer bem e em breve estarei com todo entusiasmo para resolver uma série de pendências. O carro, que é quase uma extensão de mim, também está precisando de cuidados e preciso estar bem disposto para cuidar de assuntos que não são exatamente divertidos para mim. E agora que já gastei um parágrafo inteiro usando o blog como divã, vamos ao filme em questão.

DUPLICIDADE (2009), segunda incursão na direção de Tony Gilroy, foi uma decepção pra mim. Gostei bastante da classe e do suspense de CONDUTA DE RISCO (2007), o filme anterior do diretor, e também estava esperando que a química entre Julia Roberts e Clive Owen – juntos novamente, depois de CLOSER – seria mais um ponto a favor. No elenco de apoio, os ótimos Tom Wilkinson e Paul Giamatti, infelizmente em papéis ridículos. Não basta o filme ter elegância na fotografia, na direção de arte, na beleza das locações, nos figurinos e em pequenos detalhes como o dos créditos iniciais. Tudo isso é muito bom e muito agradável de ver, especialmente na telona do cinema, mas não é disso que se faz um bom filme. Sem o esqueleto – roteiro e direção -, fica difícil um filme funcionar, por mais luxuoso e vistoso que seja. E assim é DUPLICIDADE: uma farsa elegante, mas vazia. Que em vez de trazer prazer para o espectador, com sua narrativa intrincada e cheia de vaivéns, provoca aborrecimento e indiferença com o destino dos personagens.

A trama gira em torno do relacionamento entre dois ex-agentes federais. Julia Roberts já foi agente da CIA; Clive Owen é ex-MI-6. Os dois têm um plano para ganharem uma bolada, trabalhando como espiões de duas grandes corporações, e assim poderem viver uma vida de reis. Na sua maior parte, o filme parece utilizar a ideia de macguffin. Não sabemos de que tratam os tais documentos confidenciais que fazem o filme girar. Não deixa de ser interessante a escolha do diretor pela leveza, até mesmo na disputa entre as duas empresas. Diferente do que aconteceria numa comédia dos irmãos Coen, por exemplo, DUPLICIDADE não segue um rastro de mortes. Por mais que as empresas não joguem limpo, o máximo de violência que o filme mostra é uma cena num aeroporto, com os chefes Paul Giamatti e Tom Wilkinson trocando acusações em câmera lenta. Isso necessariamente não chega a ser um problema em si, mas não evita o filme de ser bobo e lamentável.

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