terça-feira, junho 09, 2009

A MULHER INVISÍVEL
























Selton Mello, quando do lançamento de sua estreia na direção com FELIZ NATAL, havia dito que daria um tempo na carreira de ator para se dedicar ao trabalho atrás das câmeras. A julgar pelo grande número de produções com a participação do astro do maior sucesso comercial brasileiro do ano passado (MEU NOME NÃO É JOHNNY), isso aparentemente não se concretizará. Além de A MULHER INVISÍVEL (2009), atualmente em cartaz, o astro aparecerá em breve em A ERVA DO RATO, de Julio Bressane; JEAN CHARLES, de Henrique Goldman; REFLEXÕES DE UM LIQUIDIFICADOR, de André Klotzel; FEDERAL, de Erik de Castro; 14, de Andrucha Waddington; e ainda confirmou sua presença na continuação de TROPA DE ELITE. Não estou reclamando. Gosto bastante de Selton, que muitas vezes é capaz de levar um filme nas costas, como foi o caso de MEU NOME NÃO É JOHNNY, mas talvez essa super-exposição não seja muito benéfica para a sua imagem.

Cláudio Torres, o diretor de A MULHER INVISÍVEL, falou em entrevista que a criação do filme se deve à boa demanda do mercado brasileiro atual para comédias românticas, como foi o caso de SE EU FOSSE VOCÊ 2, de Daniel Filho. Cláudio estaria, portanto, tentando aproveitar a boa recepção das comédias - lembrando que em 2007 O HOMEM QUE DESAFIOU O DIABO também foi bem recebido no mercado. Não vejo muito problema no interesse comercial dos criadores do filme. Hollywood é assim e a sobrevivência das produções modestas podem estar atreladas ao sucesso dessas produções mais comerciais. Mas bem que A MULHER INVISÍVEL podia ser um pouco mais caprichado. Sente-se um desleixo na direção e na construção dos diálogos. Sem falar que os momentos mais engraçados já estão no trailer - uma estratégia comum de se ver nas comédias americanas. Mas já que não temos um grande filme, tentemos aceitá-lo como ele é: uma diversão despretensiosa, leve, que conta com um ator carismático e com dotes humorísticos e uma Luana Piovani que não existe. Luana talvez nunca tenha aparecido com um sex appeal tão em alta desde a minissérie global LABIRINTO. Em A MULHER INVISÍVEL, ela é a mulher perfeita, não apenas por ser bonita e gostosa, mas por aceitar as falhas do parceiro, gostar de futebol até de times da terceira divisão, fazer faxina de lingerie e adorar sexo. Há, claro, quem vá achar exagerado ou caricaturesco o seu papel, mas lembremos que se trata de uma comédia, que ainda por cima se utiliza de alguns tiques da televisão e do teatro.

A trama é divertida. Selton Mello interpreta um homem que adora a esposa (Maria Luiza Mendonça) e ao levar um pé na bunda e um par de chifres fica deprimido. O amigo Vladimir Brichta até tenta levantar o seu astral, mostrando o maravilhoso mundo da solteirice, mas não tem nenhuma mulher que ele realmente goste. Até que um certo dia aparece em sua porta a Luana Piovani pedindo uma xícara de açúcar. Ele fica caidinho (na verdade, ele cai mesmo; desmaia) e ela sente o mesmo por dele. Os dois ficam felizes da vida e para ele é o começo de uma nova e maravilhosa fase em sua vida. Ele volta a trabalhar todo feliz e logo todo mundo acha que "ele só pode estar comendo alguém". O problema é que a tal mulher da sua vida não existe; é uma criação de sua mente. E é a partir daí que se geram as situações engraçadas, como a cena da bilheteria no cinema, ou as cenas em que ele a beija em público. Além do que é mostrado no trailer, há uma mulher - essa, de verdade, de carne e osso - que é apaixonada por ele (Maria Manoella), o que ajuda a encher um pouco a trama, embora a torne um pouco mais banal. Também falta ao filme o principal quando o assunto é comédia, que é o chamado timing. E isso, infelizmente, o filme não tem. Por isso que, mesmo tendo um grande astro como Selton Mello e um mulherão como Luana Piovani encabeçando o elenco, nenhuma das cenas que supostamente deveriam fazer rir são tão engraçadas como, por exemplo, as cenas de SE EU FOSSE VOCÊ 2, só pra ficar num exemplo recente nacional do gênero. Pelo menos, dá pra sair um pouco alegrinho quando sobem os créditos, ao som de "She's a Sensation", dos Ramones.

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