sexta-feira, maio 29, 2009

A ILHA DA MORTE (El Cayo de la Muerte)



Coincidência eu ter visto A ILHA DA MORTE (2009) no mesmo final de semana que vi CHE - O ARGENTINO. Digo isso porque ambos os filmes são ambientados em Cuba, em momentos pré-revolução. Bem menos ambicioso que o trabalho de Steven Soderbergh - aliás, nem dá pra comparar os dois filmes -, a co-produção Brasil-Cuba-Espanha dirigida por Wolney Oliveira mostra uma visão ingênua do amor pelo cinema e faz uma reflexão sobre a arte e a vida - no caso, aspectos políticos da vida. Tendo se formado na Escola de Cinema de San Antonio de Los Baños, em Cuba, o diretor cearense, guarda um carinho especial pela ilha de Fidel. A ILHA DA MORTE foi exibido pela primeira vez no Brasil no Cine Ceará de 2007 e passou mais de dois anos para ser lançado comercialmente, com poucas cópias e distribuição modesta. Trata-se do primeiro filme inteiramente de ficção de Wolney, depois de um trabalho misto entre ficção e documentário - MILAGRE EM JUAZEIRO (2000). Entre um e outro filme, houve o documentário em média-metragem BORRACHA PARA A VITÓRIA (2004).

A ILHA DA MORTE, apesar dos diversos problemas, é um filme que transmite sinceridade ao tratar do amor pelo cinema. E que fala muito mais a mim do que o trabalho anterior do cineasta, que me pareceu excessivamente católico. Na trama de A ILHA DA MORTE, que se passa em Cuba, no turbulento ano de 1958, quando o governo de Batista caçava os envolvidos numa conspiração para derrubar o regime, um jovem apaixonado por cinema pouco liga para assuntos de política e está mais interessado em enviar cartas para o presidente da MGM, com roteiros, para um dia poder trabalhar em Hollywood. Enquanto isso não acontece, ele é obrigado a abandonar Havana e se esconder com a família em uma cidade pequena do interior. Ao chegar lá, duas coisas chamam a sua atenção: uma sala de cinema, pois, para cinéfilo que se preze, morar em cidade sem sala de cinema parece castigo; e uma bela jovem, por quem ele se apaixona. Porém, esses dois objetos de desejo estão de difícil acesso para o rapaz, já que o cinema está passando por uma reforma e a jovem é namorada do filho do prefeito. Sabendo que o rapaz recebeu uma carta de Hollywood, um grupo de entusiastas de cinema da cidade o convida para dirigir um filme, que seria, a princípio, financiado com dinheiro do filho do prefeito e teria a paixão do rapaz como protagonista. O tal filme se chamaria "A Ilha da Morte", uma aventura fantasiosa, comum nos anos 50.

Um dos destaques de A ILHA DA MORTE é o filme dentro do filme, que é uma homenagem a um filme real, que funciona como tributo aos cineastas de Santo Antonio de Los Baños. Em 1988, Wolney havia realizado um curta-metragem similar, intitulado EL INVASOR MARCIANO, que dizem ser bem divertido. Tudo indica que A ILHA DA MORTE nasceu desse trabalho inicial do diretor. Comparando o aspecto do "filme dentro do filme" presente na obra, uma produção recente da cinematografia brasileira que guarda semelhanças com A ILHA DA MORTE é SANEAMENTO BÁSICO, O FILME, de Jorge Furtado, que foi bem mais feliz no resultado final. Mas podemos dizer que ambos os filmes são simpáticos.

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