segunda-feira, abril 20, 2009

O FANTASMA DA ÓPERA (Phantom of the Opera)
























Não consigo entender o fascínio que "O Fantasma da Ópera" exerce em tanta gente, a ponto de existirem tantas versões da história de Gastón Leroux para cinema e teatro. Recentemente Hollywood produziu um musical dirigido por Joel Schumacher baseado no lucrativo musical da Broadway. Dario Argento fez duas versões livres da obra: uma bem sucedida, TERROR NA ÓPERA, outra nem tanto, UM VULTO NA ESCURIDÃO. Brian De Palma, nos anos 70, fez o seu lisérgico O FANTASMA DO PARAÍSO. E a Universal fez duas adaptações famosas, três se contarmos também a da Hammer nos anos 60, cujos direitos de exibição são da companhia americana. Depois do sucesso do filme mudo de 1925 estrelado por Lon Chaney e relançado em 1930 em versão colorizada (com um techicnolor ainda incipiente de três cores) e falada (sem a voz de Chaney, que havia morrido), a Universal resolveu dirigir uma nova versão da obra.

O FANTASMA DA ÓPERA (1943), produzido por George Waggner (diretor de O LOBISOMEM) e dirigido por Arthur Lubin, depois de uma estreia onde o público chegou a rir do filme, conseguiu se tornar um dos filmes mais bem sucedidos da Universal. E que a produtora mais se orgulha de ter feito, pois tinha cara de produção classe A, apesar das restrições orçamentárias, como o fato de a companhia não querer bancar os direitos autorais de algumas óperas mais famosas para colocar no filme. Mas para uma empresa então conhecida por produzir filmes de monstros, ter conseguido lançar um filme que chegou a ser indicado a vários Oscar representou um marco para a companhia. Pena que o filme seja tão chato e tenha envelhecido tão mal.

O que mais me incomodou foram as cenas musicais. É como se a Universal estivesse renegando o seu passado de produtora especializada em filmes de horror e resolvesse de uma hora pra outra fazer um filme de "bom gosto", para agradar (ou enganar) as audiências mais "refinadas". Pra completar, o fresco do Claude Rains, que havia feito um excelente trabalho na companhia com o ótimo O HOMEM INVISIVEL, mas que agora não queria mais se sujeitar a esse gênero "inferior", queria se desviar o máximo possível do horror no filme, recusando-se a fazer uma maquiagem tão pavorosa quanto a de seu precursor, Lon Chaney, e ainda escolhendo uma máscara toda bonitinha. Quanto às tais cenas musicais, elas são cafonas e ridículas. Chega a incomodar o momento do agudíssimo de Susanna Foster, a moça que interpreta a personagem Christine, a soprano que é protegida pelo "fantasma".

Curiosamente, na primeira versão do roteiro, o fantasma era na verdade pai de Christine, mas isso foi vetado pelos produtores, por acharem que isso poderia causar problemas, dando a entender de que podia existir uma relação incestuosa entre os dois. Do jeito que ficou, Christine se tornou uma moça desejada por três homens. Além do fantasma, ela era cortejada por outros dois homens: um tenor do teatro (Nelson Eddy, que apesar do nome não tinha a estatura baixa) e um policial. Diferente de outros filmes que lidam com o fantasma de maneira mais misteriosa, essa versão de 1943 mostra o seu lado humano, bem como o acidente que desfigurou o seu rosto.

Dos extras contidos no DVD, o que mais se destaca é o documentário de quase uma hora que fala não apenas da produção de 1943, mas também da versão muda e da produção dos anos 60 da Hammer. Quanto ao comentário em áudio de um historiador de cinema, ele segue o mesmo padrão dos outros filmes da Universal, sendo o equivalente a ler um livro sobre a produção, onde você fica sabendo de vários detalhes sobre elenco e equipe técnica. Algumas coisas são interessantes, como quando comentam sobre o processo do technicolor, que tinha a tendência a acentuar mais a cor vermelha. No mais, a maior parte dos comentários não me interessou.

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