sexta-feira, março 13, 2009

MARTYRS























A dica foi do Leandro Caraça, que em seu blog contou ter tido pesadelos logo após ter visto este filme. Como o único filme que me causou pesadelos foi o curta-metragem brasileiro VINIL VERDE, fiquei tentado a ter mais uma experiência dessas, por mais perturbadora que seja. Mas se eu, por acaso, acordei às três e meia da madrugada depois de ter visto o filme foi por causa de uma baita dor de barriga que interrompeu meu sono sagrado. Ainda assim, confirmo que o Leandro tem razão em enfatizar o valor de MARTYRS (2008), de Pascal Laugier.

Não é de hoje que o cinema de gênero produzido na França tem surpreendido plateias. A França é hoje para o cinema de horror o que a Itália foi entre os anos 60 e 80. Pena que os olheiros de Hollywood não deixam o cineasta ter uma filmografia maior em seu país de origem. Aproveitam para tentá-los com o dinheiro da indústria americana. Foi assim com Alexandre Aja, que agradou a tantos com o seu ALTA TENSÃO e foi para Hollywood dirigir a refilmagem de QUADRILHA DE SÁDICOS, que na nova encarnação aqui se chamou VIAGEM MALDITA. Pascal Laugier, o diretor de MARTYRS parece que terá o mesmo destino, já que ele foi convidado para dirigir outro remake: o de HELLRAISER, de Clive Barker.

Mas afinal, o que há de tão bom, interessante ou chocante em MARTYRS que já não tenha sido visto antes? Antes de mais nada, trata-se de um filme que incomoda. Não há como deixar-se enganar com a bela fotografia, que já se tornou uma característica dos filmes produzidos na França. A violência e a maldade que esse filme expõe leva o espectador a uma sensação de desconforto que não se vê nem em "filmes de tortura" como O ALBERGUE e JOGOS MORTAIS. Por mais que o espectador esteja preparado para o pior, MARTYRS segue surpreendendo. O filme pode provocar reações de ódio e indignação a muitos espectadores, que podem até dizer que o filme é pornográfico (como se isso fosse um defeito) ou um exercício de sadismo. Talvez o único filme mais hardcore que esse, no uso da violência extrema, visto recentemente, seja A PAIXÃO DE CRISTO, de Mel Gibson.

E é interessante estabelecer um link com esse filme até pela própria temática, que vai ser melhor esclarecida no último ato do filme. Também dá pra fazer uma comparação com outro filme europeu de horror: CALVAIRE, de Fabrice Du Welz, que também lidava com um personagem levado ao seu limite físico e mental. Mas é melhor não falar sobre a trama para não estragar as surpresas que esse perverso filme reserva para o espectador. MARTYRS é uma experiência de perseverança para o espectador, que deságua em sentimentos ambíguos de revolta e aceitação; horror e maravilhamento.

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