segunda-feira, janeiro 26, 2009

ALANIS MORISSETTE NO SIARÁ HALL - 24 DE JANEIRO DE 2009






















O blog está bem musical este mês. Depois de escrever sobre o DVD do show dos Los Hermanos e de relatar um pouco sobre o show dos Titãs no Parque do Cocó, chega a vez de falar sobre minha experiência na noite em que Alanis Morissette esteve em Fortaleza para dar continuidade à sua turnê pelo Brasil. Depois de ter passado por Manaus e Brasília, e de ainda ir para Recife, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte para encerrar em Florianópolis, no dia 7 de fevereiro, Alanis fez a alegria do público fortalezense, não muito acostumado a receber shows internacionais que não sejam de artistas decadentes. Foi uma surpresa e tanto a passagem da cantora por essas terras. Tudo bem que ela não está mais no auge, que aconteceu na segunda metade da década de 90, mas a cantora continua em forma e fazendo seus álbuns com regularidade, ainda que as vendagens nem se comparem a de JAGGED LITTLE PILL (1995), que continua sendo o disco mais popular e o mais presente nas coleções de discos de qualquer pessoa que gostasse de rock nos anos 90. Eu fui um dos contaminados pelo hype e pelo poder desse disco, que já se tornou um clássico. Depois, deixei de acompanhar a carreira dela, os discos seguintes. Mas é quando acontece shows como esse que bate o arrependimento. Claro que nunca é tarde para ir atrás dos discos anteriores, mas não é o mesmo do que ouvir o disco vivendo o espírito da época. E Alanis estava tão ligada ao espírito da época que a sonoridade de JAGGED LITTLE PILL era até um pouco grunge.

O show aconteceu no Siará Hall, talvez a melhor casa de espetáculos da cidade atualmente, tanto pela acústica quanto pelo luxo e conforto. O problema é que esse conforto não se restringe a todo a área da casa. Por isso, como comprei ingresso para pista, por ser mais barato, vi que seria muito melhor se tivesse comprado, apesar do dobro do preço, para o front stage, onde as pessoas ficam mais próximas do palco e podem ver com mais tranqüilidade o show. Em vez disso, fiquei no meio da massa que se espremia para chegar o mais perto possível das grades que separam o público privilegiado da "classe executiva". E se o show já não era do tipo dançante, espremido no meio do povo e sem poder mexer as pernas é que não dava pra dançar mesmo. Senti falta de um telão, também. Mas, desconfortos à parte, valeu a pena.

Na canção de abertura da noite, "Uninvited", ela começa cantando fora do campo de visão do palco. O público vibrou no momento em que ela finalmente apareceu, pulando, dando rodopios e sacudindo sua bela cabeleira nos momentos em que a guitarra se fazia mais presente e mais potente. Pode-se dizer que mesmo nas faixas menos conhecidas, boa parte delas do último álbum de estúdio, FLAVORS OF ENTANGLEMENT (2008), o show agradou o público, que parecia querer mais. E foi a partir da sonoridade desse novo álbum que Alanis reconstruiu alguns de seus clássicos, modificando os acordes de algumas das canções. Apesar de achar graciosa a canção "Thank U", que fechou o show com ar melancólico, para mim, o momento mais belo da noite foi ouvir "Head over feet" com o coro do público. Até mais bonito do que a canção-desabafo "You oughta know", que eu esperava que fosse algo mais catártico do que foi. Ainda assim, foi um dos grandes momentos da noite, como em geral foi cada vez que ela cantava algo do JAGGED LITTLE PILL. Inclusive, até acho que se ela cantasse umas três seguidas desse álbum, o show teria um ritmo menos irregular.

Algumas faixas do novo álbum são um pouco monótonas, mas isso é impressão de quem não ouviu o disco direito. Também esperava que ela cantasse a cover de "Crazy", do Seal, mas talvez centrar o show apenas no próprio repertório tenha sido a decisão mais acertada. Meu sonho era poder ouví-la cantando à capela "Your house", a faixa escondida do álbum mais famoso dela. Seria algo de arrepiar. Mas talvez seja uma canção íntima demais para um show.

Nos aspectos técnicos, a qualidade do som estava de dar gosto. Cristalino, dando para ouvir todos os instrumentos em separado. Nunca vi uma qualidade de som tão boa num show. Não sei se por ser um show internacional ou se a acústica do Siará Hall contribuiu para isso. O que me deu foi mais vontade de ir para outros shows internacionais e sei que, para ver os melhores, preciso fazer umas viagenzinhas para São Paulo de vez em quando.

Agradecimentos aos amigos que me acompanharam no show: Alex e Ebenézer.


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