segunda-feira, dezembro 15, 2008

EU SOU JUANI (Yo Soy la Juani)



Bigas Luna, assim como a maioria dos cineastas espanhóis, andou sumido do circuito comercial brasileiro. Parece que só Almodóvar teve vez nos últimos anos. Felizmente alguns poucos sucessos do cinema de gênero, como os trabalhos de Guillermo Del Toro e Jaume Balagueró, encontraram espaço nessa estreita janela. Acho que o último filme de Luna a passar nos cinemas brasileiros foi o belo A CAMAREIRA DO TITANIC (1997), que já apontava novos rumos na carreira do cineasta. No entanto, Luna acabou um pouco esquecido nos anos 2000 e depois de vários filmes seus sem lançamento no país, chega ao Brasil, com dois anos de atraso, e depois de exibição no Telecine, este EU SOU JUANI (2006).

Quando Bigas Luna surgiu, sua marca principal era a abordagem da sexualidade masculina, sempre em forte ebulição como é natural quando se trata de sangue espanhol. Ele ganhou fama com duas comédias protagonizadas por Javier Bardem: JAMÓN, JAMÓN (1992) e OVOS DE OURO (1993). Na verdade, o melhor de Luna já havia sido produzido alguns anos antes: o horror OS OLHOS DA CIDADE SÃO MEUS (1987) e o drama erótico AS IDADES DE LULU (1990).

O sexo continua presente nesse novo filme, mas de modo menos enfático, mais comportado. Dessa vez vemos a tentativa do cineasta de se renovar, ao utilizar uma linguagem jovem, simpatizante da cultura hip-hop, num filme que parece inspirado na franquia VELOZES E FURIOSOS. Pelo menos durante sua primeira metade, que mostra rapazes parrudos com seus carrões turbinados e garotas vestidas em trajes minúsculos para a alegria da rapaziada e a tristeza dos pais dessas moças. Juani (Verónica Echegui, uma espécie de versão mais nova da Penélope Cruz) é uma dessas meninas. Não gosta nem um pouco do trabalho, mas adora sair para encontrar o namorado, com quem demonstra todo o seu tesão em seus encontros. E embora Luna tenha economizado no sexo nesse novo trabalho, percebe-se que ele ainda não perdeu o jeito com a coisa na cena em que Juani lambe o gogó do namorado com sensualidade.

A segunda parte do filme se concentra na busca de Juani e sua amiga Vane de um novo rumo para suas vidas. Juani sonha em se tornar atriz; Vane quer botar silicone nos seios. Para um diretor que se notabilizou por fazer um elogio (ou seria uma tiração de sarro?) da macheza, até que Bigas Luna se sai bem em mostrar o seu lado mais sensível, embora convenhamos que EU SOU JUANI não é dos melhores trabalhos do cineasta catalão, ainda que tenha os seus momentos e algumas sacadas inteligentes, como a utilização de letreiros grandes na tela para mostrar as mensagens enviadas via celular. O filme também se destaca pelo forte colorido, que em alguns momentos, pode ser comparado ao SPEED RACER, dos irmãos Wachowski.

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