sábado, maio 03, 2008

A COSTELA DE ADÃO (Adam's Rib)



Foi o primeiro grande momento de Judy Holliday no cinema, embora a primeira vez que George Cukor a utilizou tenha sido em ENCONTRO NOS CÉUS (1944), num papel bem pequeno. Ela atingiria o estrelato (e ganharia um Oscar!) no ano seguinte, com NASCIDA ONTEM (1950), mas isso é assunto para um próximo post. Porém, Hollyday não poderia deixar de ser mencionada quando o assunto é A COSTELA DE ADÃO (1949), mais um veículo para a parceria do casal Katharine Hepburn e Spencer Tracy.

Judy Holliday abre o filme com um ar de mulher angustiada. De arma na mão, flagra o marido com a amante num quarto de hotel, atira nele e assusta a mulher. Depois, abraça o marido, caído no chão, ferido, e chora. O marido não a perdoa e ela vai ao tribunal. Sua advogada de defesa é a personagem de Hepburn, que por acaso é também casada com um advogado, que por acaso é o advogado do marido. Vê-se que não se trata de um drama de tribunal, mas de uma comédia sobre a guerra dos sexos. De dia, os dois se enfrentam no tribunal. Ela faz questão que todos os jurados sejam pessoas que acreditam que deva existir uma igualdade de direito entre os sexos. Se fosse um homem no lugar da mulher, um homem que se sentisse traído e que, tendo sua honra ferida, fizesse o mesmo, provavelmente seria absolvido. Esse é o ponto principal da defesa da advogada.

Entre as curiosidades do filme, vale destacar a cena em que Katharine contracena com Judy na prisão e Judy está tremendo de verdade. Aquilo ali não é uma atuação, mas nervosismo mesmo, afinal, ela era uma atriz que estava praticamente estreando seu primeiro papel importante ao lado de uma gigante do cinema. Felizmente, Cukor teve a sabedoria de manter a cena, que dessa forma ficou ainda mais convincente. Holliday estava realmente aterrorizada e isso se manifesta também em seu olhar. Mas depois desse momento, ela aparece pouco no filme, algumas vezes no tribunal. Boa parte da graça do filme acontece à noite, quando o casal de advogados tenta manter o seu casamento na linha depois de um dia inteiro se degladiando. Não há muito o que acrescentar à já conhecida química existente entre os experientes intérpretes, que tinham a vantagem de também serem amantes na vida real, o que só aumentava o grau de intimidade - por isso as cenas em que eles demonstram afeto são puras, autênticas. Pode-se dizer que Katharine Hepburn e Spencer Tracy formaram o maior casal da história do cinema. Maiores que Humphrey Bogart e Lauren Bacall e que Elizabeth Taylor e Richard Burton.

Pena que, apesar de ter esse belo elenco e uma trama até interessante e de apelo universal, A COSTELA DE ADÃO não é das melhores comédias de Cukor. Ainda assim, Spencer Tracy me emocionou numa das seqüências finais, que depois vemos que é pura encenação, dentro e fora das telas. E ele me enganou direitinho. Apesar de já terem contracenado juntos em cinco filmes, foi a primeira vez que o casal atuou num filme de Cukor, que, naturalmente, era mais amigo de Kate, desde o início dos anos 30. Sob a batuta de Cukor, os dois ainda apareceriam em A MULHER ABSOLUTA (1952), que deverá ser comentado por aqui também futuramente. Um personagem que poder-se-ia dizer que é a cara de Cukor é o do pianista interpretado por David Wayne, que faz o papel de um rapaz efeminado que é apaixonado pela personagem de Hepburn.

P.S.: Não tive a chance de falar aqui, mas esse mês de abril foi, como diria o Rei, cheio de emoções pra mim. Não é por acaso que estou me sentindo exausto nesse início de maio, reflexo da ressaca que foi esse inesquecível mês de abril. Que maio seja melhor ainda! E falando em emoções, aproveito o gancho pra falar de LOST: alguém mais se emocionou com o último episódio exibido - "Something Nice Back Home"? Um dos episódios que melhor equilibra o drama e o mistério da série. Agora falta muito pouco pra terminar a temporada.

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