sexta-feira, abril 04, 2008

O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford)



MATEI JESSE JAMES (1949) é uma das melhores estréias de um diretor em longa-metragem. E começar a ver os filmes de Samuel Fuller justamente pelo seu primeiro filme me deixou bastante entusiasmado para ver seus outros trabalhos. A estória de Robert Ford, que - diz a lenda - matou o parceiro Jesse James pelas costas e entrou para a história como um covarde, enquanto o lendário fora-da-lei ganhou notoriedade de herói, me fascinou. Principalmente pela maneira como Fuller descreve a angústia e o desgosto de Robert Ford.

Em O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (2007), de Andrew Dominik, que saiu em dvd recentemente pela Warner mas que eu ainda tive a chance de ver no cinema, conta basicamente a mesma história, mas dando um "desconto" nos motivos de Ford ter matado James, além de mostrar de forma mais descritiva o quanto Ford era fascinado por James e o quanto ele já havia se tornado uma lenda do velho oeste, tendo, inclusive, livros de aventura publicados sobre seus feitos. Alguns desses livros, obviamente, não procuravam ser realistas, preferindo abraçar a lenda.

Quanto a Robert Ford, ele acreditava que, mais cedo ou mais tarde, Jesse o mataria. E apesar de o filme ter esse jeitão comtemplativo e um andamento mais lento do que o habitual, tratam-se de quase três horas de duração, isto é, há muito mais tempo para desenvolver o personagem de Jesse James, interpretado com brilho por Brad Pitt. Mas é Casey Affleck, como o desconfiado, frágil e meio venenoso e invejoso Robert Ford quem rouba a cena, sem fazer muito esforço. O filme se caracteriza por dar grande importância ao visual, à bela fotografia, que valoriza não apenas os cenários exteriores, mas também a cenografia dos interiores, sobretudo, nas cenas na casa de Jesse James. Há também uma narração em off em voz pausada, uma escolha arriscada pelo diretor, o que contribui para que as grandes platéias possam achar o filme chato e cansativo.

Por isso, fiquei impressionado com o fato de um trabalho tão ambicioso como esse ter sido dirigido por um cineasta novato. Além de alguns videoclipes e comerciais para a televisão, o único filme do currículo de Dominik foi o pouco visto CHOPPER - MEMÓRIAS DE UM CRIMINOSO (2000). A longa duração (160 minutos) e o andamento lento são dois aspectos que só se costuma ver em filmes americanos produzidos com a intenção de alcançar os indicados ao Oscar. E é claro que havia a intenção por parte dos produtores de o filme conseguir sucesso na Academia. Mas o máximo que conseguiram foram duas indicações: uma para melhor ator (Casey Affleck) e outra para diretor de fotografia (Roger Deakins, que assinou também o excelente ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, dos irmãos Coen). Curiosamente o filme de Dominik foi completado em 2005, teve o lançamento agendado para 2006 e depois adiado para 2007. Entre os coadjuvantes importantes, destacam-se Sam Rockwell, no papel de Charley Ford, e Sam Shepard, como Frank James.

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