quinta-feira, dezembro 13, 2007

CONDUTA DE RISCO (Michael Clayton)



Não gosto de shopping centers nessa época do ano. Eles me deixam triste com aquelas decorações natalinas e com aquela monte de gente transitando. Quando fui ver 30 DIAS DE NOITE no sábado tive de encarar aquele formigueiro que se transforma o Iguatemi quando o Natal se aproxima. E olha que ainda estamos no começo de dezembro. Felizmente as filas para o cinema até que andam curtas. O povo está indo mesmo é fazer compras. Na terça-feira à noite, quando retornei lá para a sessão de CONDUTA DE RISCO (2007), foi um alívio, com o shopping mais tranqüilo. Bom mesmo é ir ao cinema durante a semana. E geralmente os filmes que deixo para ver no meio da semana são aqueles que não priorizo tanto, aqueles que não me parecem tão atraentes. Por isso a surpresa positiva que tive com o excelente thriller CONDUTA DE RISCO, bem sucedida estréia na direção de Tony Gilroy, roteirista da trilogia Bourne.

George Clooney, um dos produtores executivos do filme, mais uma vez flerta com o engajamento político. Em 2005, ele havia demonstrado isso com a dobradinha BOA NOITE E BOA SORTE (esse, dirigido por ele mesmo) e SYRIANA. O primeiro, sobre o mcarthismo e a liberdade velada; o segundo sobre a sujeira na indústria do petróleo. CONDUTA DE RISCO lida com a corrupção corporativa. Clooney é o Michael Clayton do título original, um advogado financeiramente falido (ele é um viciado em jogo), cujo principal trabalho é botar pra debaixo do tapete a sujeira da empresa em que trabalha, no caso, uma companhia agroquímica que está na batalha com um processo na justiça, numa ação de bilhões de dólares. A batalha estaria praticamente ganha pela empresa, caso um de seus principais empregados (Tom Wilkinson), numa atitude de lucidez misturada com loucura, não tirasse toda a sua roupa e saisse correndo pelado pelo estacionamento, ameaçando contar os podres da companhia e ajudar os prejudicados pelas substâncias tóxicas produzidas pela empresa, em especial uma garota por quem ele fica obcecado, chamada Anna.

Mas o filme não entrega a trama de maneira tão clara assim. CONDUTA DE RISCO começa pelo final, que funciona como uma espécie de prólogo, e depois voltamos no tempo e vamos entendendo aos poucos a trama e o que aparentemente parece frio e confuso como um filme de espionagem convencional vai se tornando uma obra empolgante e cheia de tensão e suspense. Os grandes desempenhos de Clooney, Wilkinson e Tilda Swinton fazem parte dos méritos do filme e provavelmente o elenco será lembrado na temporada de premiações do início do próximo ano. Clooney, em entrevista, disse que, para o seu papel, inspirou-se no Paul Newman de O VEREDITO, de Sidney Lumet, de forma a ajudá-lo a desenvolver a ambígüidade moral que o personagem requer. No fim da sessão, confesso que fiquei empolgado e voltei pra casa bem satisfeito. Filmão.

P.S.: Acabou de sair a lista dos indicados ao Globo de Ouro e CONDUTA DE RISCO foi indicado nas categorias de filme (drama), ator (George Clooney), ator coadjuvante (Tom Wilkinson) e atriz coadjuvante (Tilda Swinton).

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