sexta-feira, outubro 12, 2007

DJANGO



Diria que se não fosse pelo livro sobre Anthony Steffen que estou terminando de ler, não teria saído hoje da locadora com quatro spaghetti westerns debaixo do braço, três deles, estrelados por Anthony Steffen. Mas como um dos filmes de Steffen que peguei se chama DJANGO, O BASTARDO, resolvi também pegar o filme que deu origem ao popular vingador solitário: DJANGO (1966), de Sergio Corbucci. Do mesmo diretor, só havia visto O VINGADOR SILENCIOSO (1968), filme que me impressionou bastante e que eu considero bem melhor que DJANGO. Como todo western produzido na Itália, DJANGO também tem aquele clima operístico, exagerado e um tempo dilatado nas cenas de duelo. Os italianos preferiam colocar nos seus filmes aquilo que mais lhes interessavam no western americano: a violência, a sujeira, as tramas de vingança. As estórias eram basicamente muito simples.

No caso de DJANGO, nem roteiro eles tinham quando começaram as filmagens. O que eles tinham mesmo era vontade de fazer filmes. E de ganhar dinheiro, claro, já que POR UM PUNHADO DE DÓLARES e POR UNS DÓLARES A MAIS, ambos de Sergio Leone, haviam arrecadado muito bem em todo o mundo. Pois bem, no caso de DJANGO, Corbucci e sua turma ainda não tinham um roteiro pronto e tiveram que interromper as filmagens para que o irmão de Sergio Corbucci, Bruno Corbucci, bolasse uma estória. E o resultado foi uma estória simples, mas que tinha o seu mistério. Logo no começo, vemos um homem (Franco Nero) andando pelo deserto e arrastando um caixão com uma corda. Quem seria esse homem? Teria alguém dentro daquele caixão? Ou seria um caixão reservado para alguém que ele planejaria matar? Essas respostas seriam respondidas ao longo do filme, mas muito do passado misterioso do personagem permaneceria não respondido. Django, quando aparece, salva uma mulher que está apanhando de um grupo de homens perversos, sendo golpeada com um chicote. Naquele mundo sem Deus, aquela mulher não tinha em quem confiar, nem nos mexicanos bandoleiros nem nos americanos racistas. Todos eram bandidos e havia uma guerra travada entre eles cujo cenário é um bordel.

Franco Nero faz o típico herói solitário fodão, como Clint Eastwood nos filmes do Leone. Ele também tem uma habilidade incrível com o gatilho, capaz de matar vários homens em questão de segundos. Isso não tem nada de original, já que nos westerns americanos há muito disso também e isso acabou se tornando um dos clichês mais poderosos do gênero, mas há detalhes que tornam DJANGO um filme bastante original. Eu destacaria os soldados americanos, chefiados pelo Major Winchester Jack, que aparecem com uma espécie de turbante vermelho cobrindo a cabeça, tendo apenas dois buracos para os olhos. O cenário cheio de lama também dá um tom bastante sujo ao filme, mais do que qualquer outro western que já vi. Também a violência é uma característica marcante de DJANGO, tanto que o filme chegou a ser proibido na Inglaterra durante muitos anos.

De extra, além do trailer e das pequenas notas sobre Nero e Corbucci, o DVD da New Line vem com uma curta mas interessante entrevista com Franco Nero.

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