quarta-feira, outubro 17, 2007

ANTHONY STEFFEN EM TRÊS FILMES



Antonio Luiz de Teffé nasceu na embaixada brasileira em Roma, adquirindo desde o nascimento dupla cidadania: brasileira e italiana. Ele entrou para a história ao adotar o pseudônimo Anthony Steffen e tornar-se um dos principais astros do western spaghetti. Toda a história desse rapaz - e inclusive um pouco dos seus ancestrais de sangue azul - é contada em "Anthony Steffen - A saga do brasileiro que se tornou astro do bangue-bangue à italiana", livro que eu já devo ter comentado por aqui umas três vezes. E esse livro foi o meu guia para eu ir à cata de westerns estrelados pelo ator. Infelizmente, alguns dos melhores filmes que ele trabalhou ainda não estão disponíveis em dvd no Brasil, mas como todo mês alguns títulos vêm surgindo, é possível que obras como JOHNNY TEXAS (1966), KILLER KID (1967), SHANGO, UMA PISTOLA INFALÍVEL (1970) e APOCALIPSE JOE (1970) apareçam por essas bandas. SETE DÓLARES PARA MATAR (1966) é considerado um dos melhores e saiu em dvd pela Spectra Nova, mas eu ainda não consegui encontrá-lo. De qualquer maneira, ficarei de olho nos balaios dos principais magazines e em bancas de revista. Acredito que o fato de ver esses filmes, ainda que alguns deles não sejam exatamente bons, tenha reavivado um pouco em mim o prazer de ver um western à italiana. Claro que a minha preferência continua sendo pelo western americano - Ford, Hawks, Mann e cia são imbatíveis -, mas os carcamanos conseguem ser vez ou outra geniais, como podemos ver nos comentários que a turma deixou no post de DJANGO, de Sergio Corbucci, logo abaixo. Vamos, então, aos três filmes que eu loquei:


UM CAIXÃO PARA O XERIFE / FRENTE A FRENTE COM PISTOLEIROS (Una Bara per lo Scheriffo / Tumba para el Sheriff / Lone and Angry Man / A Coffin for the Sheriff)


É o melhor dos três. Tem uma narrativa envolvente, um bom senso de ritmo e a qualidade do dvd da Ocean Pictures ajuda bastante na apreciação - imagem em widescreen 1.85:1. UM CAIXÃO PARA O XERIFE (1965), de Mario Caiano, tem um início muito rápido na apresentação do enredo, o que eu até achei estranho para um filme desse subgênero. No começo, vemos um grupo de bandidos atacando uma caravana e matando um grupo de pessoas. A cavalaria chega para salvar, mas chega tarde e os bandidos fogem e as pessoas morrem. Uma delas é a namorada de um dos soldados da cavalaria (Steffen). Em busca de vingança, ele abandona o exército, infiltra-se no bando, conquista a confiança do chefe deles e segue matando um a um, principalmente o assassino de sua amada. UM CAIXÃO PARA O XERIFE é diversão garantida e o filme não perde o pique em momento algum.

UM TREM PARA DURANGO (Un Treno per Durango / Un Tren para Durango / Train for Durango)

Se UM CAIXÃO PARA O XERIFE era uma "festa", o mesmo não se pode dizer de UM TREM PARA DURANGO (1967), também de Mario Caiano, mas que ele assina sob o pseudônimo de William Hawkins. Talvez por vergonha de ter cometido filme tão ruim. O pior é que a cópia do dvd (Editora D+T) é uma bosta, uma cópia descarada de um vhs antigo e surrado. Como o filme foi produzido originalmente em scope, é comum a gente notar personagens falando fora do nosso campo de visão. UM TREM PARA DURANGO é um zapata-spaghetti em chave cômica, precursor dos populares filmes da série Trinity. O momento mais memorável é, sem dúvida, aquele em que os heróis do filme (Steffen e Mark Damon) sofrem uma terrível tortura: eles são enterrados no chão, apenas com a cabeça do lado de fora, e cavalos passam por eles. O objetivo dos bandidos é convencê-los a dizer onde está a chave para abrir um cofre cheio de moedas de ouro. Há quem diga que o filme não é ruim, que é necessário entrar no clima, mas infelizmente não entrei no clima.

DJANGO, O BASTARDO (Django, il Bastardo / Django the Bastard / Stranger's Gundown)

Não tão bom quanto o DJANGO do Corbucci, mas este DJANGO, O BASTARDO (1969), de Sergio Garrone, tem o seu charme. Na trama, Steffen é um misterioso homem que se veste igualzinho ao Clint Eastwood em POR UM PUNHADO DE DÓLARES e que chega com uma cruz na mão com um nome de um de seus desafetos. Ele crava a cruz no chão, o tal sujeito aparece aterrorizado só pra levar bala e morrer perto da cruz. E assim ele vai matando misteriosamente alguns homens. A fama de Django vai ganhando força na cidade e muitos acreditam se tratar de um fantasma. Acredito que uma das falhas do filme é demorar demais a entregar para o espectador as razões da vingança do protagonista. No começo, é até legal, misterioso e tal, mas depois cansa. O filme ganha novo fôlego quando descobrimos, através de um flashback, o porquê de Django estar matando certas pessoas. O filme melhora, mas senti falta de um final de mais impacto. Apesar disso, Anthony Steffen arrebenta no papel de Django e disputa pau a pau com o Django do Franco Nero em classe e virilidade. O filme saiu em dvd pela London e pela New Line. Vi no dvd da London, mas infelizmente o disco estava cheio de arranhões e tive que ficar passando e voltando pra poder ver o filme até o fim.

Agradecimentos especiais a Heráclito Maia e Rodrigo Pereira.

Nenhum comentário: