domingo, agosto 12, 2007

OH! REBUCETEIO



Não me passava pela cabeça que um dia eu veria um filme de sexo explícito brasileiro tão bom quanto esse OH! REBUCETEIO (1984), de Cláudio Cunha. Não é pra menos que o cineasta tem o respeito de muita gente boa. Acho que antes desse filme, o último filme pornô nacional interessante que eu tinha assistido era um estrelado pela Márcia Ferro, curiosamente também produzido na Boca do Lixo. Até hoje guardo na memória algumas das cenas mais safadas desse tal pornô. OH! REBUCETEIO ainda tem a vantagem de trazer uma inteligência rara nesse tipo de produção. Além, claro, de não ter envelhecido na sua capacidade de causar excitação, com a sua estória que parodia o sucesso da Broadway A CHORUS LINE.

O filme mostra um grupo de jovens atores iniciantes que fazem de tudo para conseguir o papel principal numa peça dirigida por um tal Nenê Garcia, interpretado pelo próprio Cláudio Cunha. Logo no começo do filme, vemos todos os jovens dançando no palco e Nenê grita: "eu quero ver todo mundo nu!". E isso não é nenhum problema para os desinibidos jovens que começam a fazer striptease com a maior naturalidade. A protagonista é uma jovem que mora com sua mãe católica, que sonha em ver a filha aparecendo em revistas como Amiga ou Manchete como uma atriz de sucesso. A tal peça não tem roteiro e o diretor quer que os atores primeiro usem de sua criatividade fazendo o que quiserem. Os três primeiros atores que apresentam seu pequeno show, dois homens e uma mulher, fazem algo inesperado: uma cena de sexo explícito. A partir daí, todos se sentem na obrigação de fazer algo ainda mais ousado, já que o diretor adora uma sacanagem.

Uma das grandes vantagens dos filmes pornográficos anteriores à era do vídeo é que havia um esforço por parte do diretor e de todos os envolvidos na produção em fazer um filme com uma estória. A estorinha nem precisava ser muito complicada, na verdade, era melhor que fosse bem simples, já que quando o sangue vai para as "regiões baixas", o cérebro perde um pouco a capacidade de pensar. Mas uma boa estória ajudava o espectador a manter o interesse pelo filme até o final. O filme de Cunha ainda conta com a vantagem de não ter cenas de sexo explícito longas demais, com a câmera passando horas mostrando closes de genitálias em "entra e sai". O bom elenco também ajuda, desempenhando muito bem seus papéis com uma sem-vergonhice e uma simpatia invejáveis.

Consegui o filme através do emule, numa cópia ripada do Canal Brasil. Desde já, agradeço à pessoa que teve o trabalho de convertê-lo em divx. Aproveito para recomendar a leitura do ao mesmo tempo poético e didático texto que Andrea Ormond escreveu sobre o filme em seu blog.

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