terça-feira, abril 03, 2007

A SETE PALMOS - A QUINTA TEMPORADA COMPLETA (Six Feet Under - The Complete Fifth Season)



Tudo acaba. E é com um profundo pesar misturado com uma enorme satisfação que eu chego ao fim dessa série maravilhosa que eu comecei a conhecer há cerca de cinco anos, quando da estréia do episódio piloto na HBO. Como não tinha - aliás, não tenho - HBO no meu pacote, só conferi esse piloto porque a tv por assinatura que tenho liberou o sinal nesse dia. Só pude conferir integralmente a primeira e a segunda temporadas quando a Warner as exibiu. Graças ao maravilhoso mundo da internet, no ano passado consegui acompanhar com mais rapidez as excepcionais terceira e quarta temporadas que me deixaram ainda mais ansioso para conferir a quinta e última, que é quase que unanimemente considerada a melhor das cinco.

(A propósito, antes de continuar, deixo aqui o aviso de spoilers.)

A quinta temporada de A SETE PALMOS (2005) já começa cheia de emoção. Às vésperas do casamento de Nate e Brenda, ela tem um aborto. Assim, o que era para ser um motivo de comemoração, acaba se tornando um dia de tristeza, principalmente para Brenda. Aliás, eu já falei aqui que eu adoro a Brenda? Pois é. Desde o começo da série, eu sempre a admirei e torcia para que ela e o Nate ficassem juntos. E vê-los juntos no casamento, apesar das circunstâncias adversas, foi um momento de satisfação pra mim. O momento que me fez derramar lágrimas foi aquele em que ele mostra o seu apoio a ela durante a festa do casamento. Infelizmente, como era de se esperar, tendo em vista a marca de fatalidade da série, o casamento dos dois seria ameaçado por uma série de fatores, seja por causa de uma gravidez de risco, ou por causa de outra mulher. A presença dessa outra mulher, a Maggie, filha de George, me incomodou bastante, já que ela não tinha o mesmo sex appeal de Brenda, nem a mesma inteligência, nem a mesma beleza, nem o mesmo charme.

Nessa quinta temporada, Nate, mais do que nunca, se mostrou o centro da série. Quando ele morre, alguns episódios antes do fim da série, pega a todos de surpresa e deixa um enorme vazio na vida de todos os personagens, que têm suas vidas praticamente destruídas com a sua ausência. A morte é um elemento presente em todos os episódios, mas nunca ela esteve tão próxima, tão destruidora. Os episódios que se seguem à morte de Nate podem ser comparados a um longo funeral de um amigo querido.

A loucura, a depressão, a psicose, o pânico, a paranóia, elementos já apresentados nas temporadas anteriores, reaparecem com força total na vida de praticamente todos os personagens. O marido de Ruth, George, se trata com terapia de eletrochoque por conta de uma psicose depressiva, ocasionando uma crise de nervos em Ruth. David, devido à traumatizante experiência com um maníaco na temporada anterior, sofre constantes crises de pânico. Billy, o irmão psicótico de Brenda, estraga um relacionamento estável com a Claire, depois que resolve parar de tomar a sua medicação, resultando no retorno de seus problemas mentais. Nate está cada vez mais nervoso, o que acaba prejudicando o casamento com Brenda.

Se desde o início, a série mostrou ser de fortes tendências democratas, nessa temporada, a crítica ao Governo Bush é explícita no episódio em que vemos um soldado que voltou do Iraque sem as duas pernas e sem um braço cometendo suicídio. É uma das mortes mais impactantes de toda a série. Interessante que aos poucos, nas últimas temporadas, o humor negro que era bastante comum nos prólogos foi sendo substituído por mortes mais serenas e comuns. Aos poucos a série foi se tornando mais séria e se distanciando do piloto, que até fazia brincadeira com propagandas de empresa funerária.

Interessante que com o amadurecimento dos personagens, a família e a maternidade foram se tornando algo de vital importância até para os mais rebeldes. David e Keith, apesar das dificuldades de conseguirem uma adoção por serem um casal de homossexuais, conseguiram adotar duas crianças problemáticas. Brenda tenta a todo custo engravidar, como se isso fosse uma questão de vida ou morte. Maya, a filha de Nate, depois do falecimento do pai, é disputada entre Ruth e Brenda. Federico, apesar de ser maltrado por Vanessa, insiste em voltar para a sua família. E finalmente, a partida de Claire e a sua declaração de amor aos seus familiares é um momento de partir o coração.

O final é perfeito ao som de "Breath Me", da Sia, e a imagem da futura morte dos personagens principais alternando-se com a ida de Claire para Nova York. Esse episódio final só não foi melhor porque foi menor do que eu esperava. Eu achava que a duração seria de duas horas. Mas não. "Everyone's Waiting" tem pouco mais de uma hora de duração. Quando a série termina, fica uma sensação de vazio, mas ao mesmo tempo, ao ver que a vida dos personagens que a gente aprendeu a gostar foi plena, fica também um sentimento de satisfação. Uma vez, uma das clientes da Fisher & Diaz perguntou a Nate porque existe a morte. Ele respondeu algo como: para que valorizemos a vida. Da mesma maneira, A SETE PALMOS foi breve mas de enorme importância. Tanto pelos temas quentes (morte, homossexualismo, drogas, incesto), quanto pelo forte elo que se cria entre os personagens e os espectadores. Vai deixar muita saudade.

Depois do episódio final, ajuda a matar um pouco a saudade os documentários SIX FEET UNDER: IN MEMORIAN e LIFE AND LOSS: THE IMPACT OF 'SIX FEET UNDER' presentes no box.

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