quinta-feira, abril 26, 2007

SEM CONTROLE (Spetters)



Por causa da turma que andou falando muito no Paul Verhoeven, vulgo "o holandês maluco", em seus blogs, eu acabei indo atrás de um filme da fase holandesa dele que eu tinha recebido em divx num rolo que fiz com o Davi Pinheiro há um tempão. Sou um admirador do diretor e sinto muita saudade de seus filmes, mas só conheço praticamente os filmes produzidos nos Estados Unidos. SEM CONTROLE (1980) é um dos mais conhecidos da fase holandesa que ando querendo conhecer. Se em Hollywood, Verhoeven já aprontava das suas fazendo filmes bem ousados no quesito sexo e violência, imagina o que ele não fazia na Holanda, que é um país bem mais liberal. E minhas suspeitas se evidenciaram ao assistir a esse SEM CONTROLE, que tem cenas de rapazes medindo seus cacetes, de moças acariciando seus paus e até de um sujeito sendo estuprado por um grupo inteiro. Falando assim até se poderia imaginar que SEM CONTROLE é um filme "de sexo". E não é bem assim.

SEM CONTROLE mostra um grupo de amigos entusiastas de corridas de motocicletas vivendo suas vidas, sujeitos a tragédias e a alegrias. São quatro personagens centrais, todos em busca do que desejam de suas vidas. Todos querem sucesso, dinheiro e sexo. Um deles sofre um acidente que o deixa paralítico; o outro procura dinheiro pelo caminho "fácil", o do roubo. Tem também uma atraente jovem que trabalha numa lanchonete que sonha em conseguir um bom partido e que tem um irmão homossexual. Rutger Hauer aparece num papel pequeno como o bam-bam-bam das corridas de motos, um sujeito adorado pela rapaziada.

SEM CONTROLE é um filme sobre sonhos perdidos. Comparando com os filmes de Verhoeven produzidos nos Estados Unidos, talvez dê pra traçar um paralelo com ROBOCOP (1987) e TROPAS ESTELARES (1997) pelas tragédias pesadas e pelas surpresas violentas da vida. Em determinada cena, o jovem que ficou paralítico vai a um culto religioso público e finge que é curado, tentando se levantar da cadeira de rodas, para depois rir com amargura dos crentes. O filme tem uma trilha sonora bem grudenta, no bom sentido, um final amargo como café sem açúcar e inúmeras referências da era disco e das bandas de rock da época - tem música do Blondie na trilha.

P.S.: Chegou a nova Paisà! Felizmente o carteiro dessa vez não dobrou a revista para colocar na caixa de correio. Talvez ele seja leitor do blog e tenha ficado com medo de levar água fervente na cabeça. Os destaques da nova edição são: matéria de capa sobre a chegada dos filmes de John Cassavetes aos cinemas brasileiros (bom, a Sao Paulo, na verdade); entrevista (curta) com Bruno Barreto; Abel Ferrara, por ocasião de MARIA; tops de terror made in USA; Ozualdo Candeias; e os lançamentos em cinema e DVD. As surpresas pra mim são os lançamentos em DVD de COMBOIO, de Sam Peckinpah, e de CONFLITO MORTAL, de Wong Kar-wai.

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