sexta-feira, abril 27, 2007

NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO (Notes on a Scandal)



O final de semana promete. Estarei em Porto Alegre, onde conhecerei pessoalmente o Thomaz, o Fabrício, o Gustavo e o Tiagón e vou poder rever a Fer e o Michel, o amigão paulista que também aportará em terras gaúchas. Acredito que essa viagem vai me fazer muito bem, já que os últimos dois meses não foram fáceis pra mim. Estou precisando de um pouco de alegria para aliviar as tensões e afastar as nuvens negras. E o fim de semana começou bem, já que chegou lá em casa o meu box da segunda temporada de TWIN PEAKS, que é uma coisa que eu aguardo ver há mais de quinze anos! Mas isso é assunto pra outro post. Falemos de NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO (2006), que é um filme que eu vi há mais de duas semanas e que já não está mais tão fresco na memória.

O maior atrativo do filme pra mim é Cate Blanchett, que, apesar de ser tão protagonista quanto Judi Dench, foi indicada ao Oscar como atriz coadjuvante. Coisas da política de Hollywood. Eu não vou muito com a cara de Judi Dench, que tem aquela cara de professora chata e antipática e talvez por isso mesmo o papel que ela pegou nesse filme tenha ficado perfeito. Ela interpreta uma professora veterana que se interessa de maneira bem estranha por uma professora novata (Cate Blanchett). Aos poucos as duas vão se aproximando. O filme sofre uma reviravolta quando a velha professora pega Cate Blanchett fazendo sexo oral em um de seus alunos adolescentes. A partir daí a personagem de Judi Dench vai se tornando cada vez mais odiosa na trama, a ponto de eu querer que alguém pelo amor de Deus mate a velha. E NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO é envolvente o suficiente para provocar essas reações no espectador.

Muito da força do filme vem do roteiro, assinado por Patrick Marber, o autor da peça que deu origem a CLOSER - PERTO DEMAIS, de Mike Nichols. Por isso, NOTAS SOBRE UM ESCÂNDALO também possui alguns diálogos mordazes como o filme de Nichols. A música de Philip Glass também contribui para o tom elegante do filme, ainda que dessa vez ele tenha se saído mais discreto do que o costume. Os personagens coadjuvantes, como Bill Nighy, no papel do marido de Cate, e o jovem adolescente que tem um caso com a professora, também estão corretos. O diretor, o inglês Richard Eyre, é o mesmo de IRIS (2001) e A BELA DO PALCO (2004). E já que o Milton andou falando sobre Siouxie and the Banshees em seu blog, inspirado numa discussão aqui no blog, não custa destacar que toca uma canção da banda no filme, chamada "Dizzy".

quinta-feira, abril 26, 2007

SEM CONTROLE (Spetters)



Por causa da turma que andou falando muito no Paul Verhoeven, vulgo "o holandês maluco", em seus blogs, eu acabei indo atrás de um filme da fase holandesa dele que eu tinha recebido em divx num rolo que fiz com o Davi Pinheiro há um tempão. Sou um admirador do diretor e sinto muita saudade de seus filmes, mas só conheço praticamente os filmes produzidos nos Estados Unidos. SEM CONTROLE (1980) é um dos mais conhecidos da fase holandesa que ando querendo conhecer. Se em Hollywood, Verhoeven já aprontava das suas fazendo filmes bem ousados no quesito sexo e violência, imagina o que ele não fazia na Holanda, que é um país bem mais liberal. E minhas suspeitas se evidenciaram ao assistir a esse SEM CONTROLE, que tem cenas de rapazes medindo seus cacetes, de moças acariciando seus paus e até de um sujeito sendo estuprado por um grupo inteiro. Falando assim até se poderia imaginar que SEM CONTROLE é um filme "de sexo". E não é bem assim.

SEM CONTROLE mostra um grupo de amigos entusiastas de corridas de motocicletas vivendo suas vidas, sujeitos a tragédias e a alegrias. São quatro personagens centrais, todos em busca do que desejam de suas vidas. Todos querem sucesso, dinheiro e sexo. Um deles sofre um acidente que o deixa paralítico; o outro procura dinheiro pelo caminho "fácil", o do roubo. Tem também uma atraente jovem que trabalha numa lanchonete que sonha em conseguir um bom partido e que tem um irmão homossexual. Rutger Hauer aparece num papel pequeno como o bam-bam-bam das corridas de motos, um sujeito adorado pela rapaziada.

SEM CONTROLE é um filme sobre sonhos perdidos. Comparando com os filmes de Verhoeven produzidos nos Estados Unidos, talvez dê pra traçar um paralelo com ROBOCOP (1987) e TROPAS ESTELARES (1997) pelas tragédias pesadas e pelas surpresas violentas da vida. Em determinada cena, o jovem que ficou paralítico vai a um culto religioso público e finge que é curado, tentando se levantar da cadeira de rodas, para depois rir com amargura dos crentes. O filme tem uma trilha sonora bem grudenta, no bom sentido, um final amargo como café sem açúcar e inúmeras referências da era disco e das bandas de rock da época - tem música do Blondie na trilha.

P.S.: Chegou a nova Paisà! Felizmente o carteiro dessa vez não dobrou a revista para colocar na caixa de correio. Talvez ele seja leitor do blog e tenha ficado com medo de levar água fervente na cabeça. Os destaques da nova edição são: matéria de capa sobre a chegada dos filmes de John Cassavetes aos cinemas brasileiros (bom, a Sao Paulo, na verdade); entrevista (curta) com Bruno Barreto; Abel Ferrara, por ocasião de MARIA; tops de terror made in USA; Ozualdo Candeias; e os lançamentos em cinema e DVD. As surpresas pra mim são os lançamentos em DVD de COMBOIO, de Sam Peckinpah, e de CONFLITO MORTAL, de Wong Kar-wai.

quarta-feira, abril 25, 2007

A COLHEITA DO MAL (The Reaping)



Engraçado como é comum uma atriz - ou às vezes um ator também - ganhar um Oscar e começar a fazer um monte de filmes ruins. Claro que existem exceções, mas aí a gente se lembra do recente filme da Halle Berry ou do que a Angelina Jolie fez depois de ganhar a sua estatueta que logo tentamos estabelecer uma maldição. Mas se formos olhar bem até que não são tantos os casos assim. Por outro lado, não deixa de ser saudável para um intérprete poder variar e fazer filmes de gênero e poder arriscar de vez em quando - atualmente uma das atrizes que mais arriscam é a Nicole Kidman. Mas ter um pouco mais de bom senso para não pegar roteiros tão toscos como o de A COLHEITA DO MAL (2007) não faria mal.

A COLHEITA DO MAL é mais um filme da Dark Castle, produtora de Robert Zemeckis e Joel Silver especializada em horror. A companhia nasceu com a intenção de fazer filmes parecidos com os de William Castle, mas acabou quebrando a cara com produções ruins ou medíocres como A CASA DA COLINA, 13 FANTASMAS, NAVIO FANTASMA e NA COMPANHIA DO MEDO. Com sorte, eles fizeram um bom filme, que foi A CASA DE CERA, mas já voltaram a fazer besteira com esse título estrelado por Hilary Swank.

A premissa é até interessante e vendo o trailer dá vontade de assistir o filme. Na trama, uma especialista em desmascarar supostos fenômenos paranormais ou milagres é chamada para investigar estranhos acontecimentos numa cidadezinha do estado de Louisiana. O lugar, aparentemente, está sofrendo das mesmas pragas descritas no livro de Êxodo e quem está espalhando esse mal é uma garotinha. Assim que ela chega na cidade, a água do pântano já havia se transformado em sangue e não demora para começar a chover sapos.

Incomodam no filme a edição picotada estilo videoclipe, a câmera treme-treme e a fotografia de cores saturadas. Nem parece que quem dirigiu foi o mesmo Stephen Hopkins do premiado VIDA E MORTE DE PETER SELLERS (2004) e do ótimo A SOMBRA E A ESCURIDÃO (1996). Hopkins também teve o mérito de ser um dos idealizadores da série 24 HORAS, onde trabalhou bastante durante a primeira temporada. Pra piorar, além de todos esses problemas e da já citada estória mal escrita, temos de agüentar um monte de sustos-clichê que não funcionam em momento algum e uma conclusão completamente idiota e manjada. O coitado do Stephen Rea ficou com um papel bem descartável, como um padre que vê a foto da personagem de Hilary aparecendo queimada. Se a intenção era homenagear A PROFECIA, duvido que alguém tenha gostado de tal homenagem. Salvam-se os efeitos especiais da praga de gafanhotos. E só.

terça-feira, abril 24, 2007

JULES E JIM - UMA MULHER PARA DOIS (Jules et Jim)



O interesse de François Truffaut em adaptar o livro de Henri-Pierre Roché surgiu na época em que ele filmava OS PIVETES (1957). Uma das coisas que mais lhe chamou a atenção no livro foi o fato de ser o primeiro romance escrito por um homem de setenta e seis anos. Truffaut acreditava que JULES E JIM (1962) seria o seu primeiro longa-metragem, mas por diversas razões, ele acabou fazendo primeiro OS INCOMPREENDIDOS (1959) e ATIRE NO PIANISTA (1960). Desse modo, devido à idade avançada, Roché não viveu o bastante para ver sua tão sonhada adaptação para o cinema de seu romance. Obviamente Truffaut ficou muito triste quando soube que o romancista havia morrido. Essa história é melhor contada pelo próprio Truffaut no livro "O Prazer dos Olhos".

Já em entrevista contida no livro "O Cinema Segundo François Truffaut", o cineasta conta que durante a produção de JULES E JIM, ele estava sofrendo de um medo terrível de morrer. Ele dirigia o seu carro amedrontado, com medo de bater. E ele vivia angustiado, com medo de que as pessoas não gostassem do filme, como havia acontecido com ATIRE NO PIANISTA, que é um filme mais amado pelos críticos do que pelo público. E Truffaut não ficava satisfeito com isso. Ele, como fã de Hitchcock, acreditava que era possível agradar aos dois "segmentos".

JULES E JIM é um filme baseado numa história real vivida pelo próprio Roché, mas tem toda uma cara dos anos 60, a década das transgressões. Lembrando que os anos 60 começaram bem mais cedo para os europeus do que para os americanos, que demoraram um pouco mais para aderir à contracultura no cinema. Aqui vemos a história de dois homens apaixonados pela mesma mulher. Até aí nada de mais. A diferença é que os dois homens se gostavam e se respeitavam como amigos e viveram na mesma casa, sujeitando-se à vontade dessa mulher. Para o papel de Catherine, a mulher, Truffaut escolheu Jeanne Moreau, que já era famosa na França na época, tendo trabalhado com diretores como Louis Malle, Edouard Molinaro, Roger Vadin e Michelangelo Antonioni. Já os dois atores que fazem os personagens-título eram, então, desconhecidos. Truffaut quis fazer assim para evitar que houvesse um duelo de astros e fazer com que o público torcesse por um dos dois. Desse modo, é possível simpatizar com ambos.

Truffaut chegou a dizer que fez JULES E JIM para sua mãe. Como OS INCOMPREENDIDOS foi para ela como uma punhalada nas costas, o filme da mulher que amava dois homens foi uma maneira de Truffaut dizer que a compreendia. Pena que a personagem de Jeanne Moreau seja tão irritante. Acho que o filme falhou nese sentido. Ele perdeu a oportunidade de mostrar uma mulher apaixonante e digna do amor daqueles dois homens. Em vez disso, eu fiquei mais comovido com a amizade dos dois homens, meio que escravos do amor daquela mulher maluca.

segunda-feira, abril 23, 2007

BATISMO DE SANGUE



O cinema nacional já possui dezenas de títulos que abordam os anos da ditadura militar. Sem dúvida, foi um dos momentos mais marcantes da nossa História e que merece ser sempre lembrado para evitar que um dia ele aconteça novamente. BATISMO DE SANGUE (2006), de Helvécio Ratton, é mais um filme a contribuir com essa temática. O próprio diretor viveu exilado no Chile naquela época e talvez por isso esse filme seja o que mais se aproxima de sua experiência de vida.

BATISMO DE SANGUE é baseado no livro homônimo do Frei Betto e narra o envolvimento da Igreja, em especial os frades dominicanos, em grupos militantes de esquerda. Daniel de Oliveira interpreta o Frei Betto e Caio Blat é o Frei Tito, o personagem do filme que mais sofreu com as torturas, já que até as lembranças do que ele passou continuaram o assombrando até o fim de sua vida. Cassio Gabus Mendes é o temido Delegado Fleury, o homem que faz de tudo para matar peixe grande como o líder guerrilheiro Carlos Marighella, assassinado em 1969 pelos homens de Fleury. O filme não economiza nas cenas de tortura, que chegam a incomodar o público mais sensível. Agora, pelo que o filme mostrou, parece que o Frei Betto conseguiu escapar das torturas que os outros passaram.

Gostei dos tons sombrios que o filme adota para abordar a perda progressiva da sanidade de Frei Tito - de longe o personagem mais interessante do filme -, bem como da narrativa quase didática mas muito bem conduzida por Ratton. Entre os momentos mais interessantes, destaca-se a cena da missa na prisão, onde a hóstia e o vinho são substituídos por Q-suco de uva e bolacha Maria. Emocionante também a seqüência da saída de Frei Tito da prisão, enquanto os outros presos cantam o Hino da Independência. Uma cena que poderia sintetizar o filme. BATISMO DE SANGUE seria, então, uma ode à liberdade, mas a ênfase na tortura e nas graves conseqüências que o golpe militar teve na vida de muitos brasileiros faz com que saiamos do cinema mais cabisbaixos do que exultantes.

domingo, abril 22, 2007

ENTOURAGE - A PRIMEIRA TEMPORADA COMPLETA (Entourage - The Complete First Season)



Pelo visto as séries de tv estão ganhando cada vez mais espaço no blog. É que são tantas séries legais que eu gostaria de ver. E ENTOURAGE nem estava na minha lista de prioridades. Mas como a primeira temporada (2004) veio parar nas minhas mãos graças ao amigo Zezão (thanks, buddy!), então quis dar uma olhadinha, sem compromisso. No dia que eu assisti o piloto, eu não estava muito bem e não fiquei muito animado para continuar, mas dias depois fui ver os episódios seguintes e fui fisgado pela série. ENTOURAGE, produção da HBO, tem o mesmo formato de SEX AND THE CITY, com episódios de cerca de meia hora de duração.

A primeira temporada tem apenas oito episódios e foca a atenção num grupo de amigos que vivem em torno de Vince Chase, um jovem ator de sucesso que come todas as meninas que aparecem pela frente e que gosta de esbanjar dinheiro. Quer dizer, ele tem a vida que qualquer sujeito pediu a Deus. Seus amigos são: Eric, seu empresário, o irmão Johnnie Drama, também ator, e o motorista e assistente Turtle. Os quatro sempre andam juntos, como as quatro mulheres de SEX AND THE CITY. A série mostra negociações do mundo do show business, como busca de bons roteiros, bons diretores, bom elenco etc, mas tudo muito leve. O que mais importa são as festas que eles vão, as garotas que eles traçam e as celebridades que aparecem nos episódios.

Entre as participações especiais dessa primeira temporada, aparecem interpretando eles mesmos: Ali Carter, Mark Wahlberg, Jessica Alba, Sara Foster, Luke Wilson, Sarah Silverman, Val Kilmer, Larry David, Scarlett Johansson, entre outros. Larry Charles, diretor de BORAT e um dos melhores roteiristas de SEINFELD, é produtor executivo da série e contribuiu com dois roteiros para essa primeira temporada. Inclusive, um dos melhores episódios, "Talk Show", que é quando o Vince vai para um programa de televisão dar uma entrevista, é de autoria de Charles. Muito bom também o season finale, quando os quatro se preparam para ir para Nova York. Nos Estados Unidos, a série já está na sua terceira temporada. Quer dizer, se eu quiser mesmo acompanhar, vou ter que ir atrás dos episódios da segunda e da terceira. Mas sem pressa.

sexta-feira, abril 20, 2007

SEINFELD - 3ª TEMPORADA (Seinfeld - Season 3)



E devagarinho eu vou acompanhando todas as temporadas de SEINFELD, a melhor sitcom de todos os tempos. A terceira temporada (1991-1992) é mais um salto que a série dá, definindo cada vez mais seus personagens, em especial George e Kramer. Inclusive, no quarto disco do box tem um extra falando sobre o Kramer, sobre como Michael Richards foi inventando o personagem aos poucos, até chegar naquele ser meio nervoso que a gente aprendeu a gostar. Kramer é o lado "ação" da série, o especialista no humor físico. Como não bolar de rir no episódio "The Subway", quando ele tenta entrar correndo no metrô para conseguir um assento e não consegue? Ainda assim, dos quatro, Kramer é o que menos recebe espaço. Desses episódios da terceira temporada, o que ele mais aparece é o último, "The Keys", quando há uma confusão envolvendo as chaves dos apartamentos dos quatro. Outro bom momento de Kramer é quando ele consegue uma ponta num filme de Woody Allen, no episódio "The Alternate Side". Sua fala é uma só: "These pretzels are making me thirsty."

Já George, está cada vez mais neurótico e fica encucado com qualquer coisa. No episódio "The Note", ele recebe uma massagem de um homem e fica assustado quando percebe que seu pênis se moveu durante a massagem. Ou quando ele tem dificuldade de falar do nariz grande da namorada em "The Nose Job".

O equivalente ao clássico episódio "The Chinese Restaurant" da segunda temporada é "The Parking Garage". Todo o episódio se passa num shopping, em especial na garagem de um shopping. Eles não sabem onde colocaram o carro e ficam perdidos por lá. Mas não chega a ser tão revolucionário quanto o do restaurante, já que esse da garagem acontece algumas coisas.

Como eu não estou muito inspirado pra escrever hoje, vamos logo para o meu top 5 da terceira temporada:

1. "The Limo". Esse é sensacional. Jerry e George, ao sairem do aeroporto, fingem ser outra pessoa e acabam passeando de limosine. A coisa se complica quando eles descobrem que os sujeitos que eles dizem ser são na verdade neonazistas. Uma pequena obra-prima escrita por Larry Charles.

2. "The Dog". O episódio que mostra que George e Elaine são dependentes de Jerry. Sem Jerry, os dois ficam sem jeito, sem nada para dizer um ao outro. Muito interessante ver esses momentos de constrangimento que aparecem quando a gente não tem muita intimidade com alguém.

3. "The Tape". O episódio em que George fica atraído por Elaine, depois que ele a ouve numa fita fazendo voz sensual e dizendo coisas obcenas. Engraçado que esse episódio não é muito bem cotado no site www.tv.com.

4. "The Red Dot". George compra um suéter de cashmere para Elaine numa promoção. Uma forma de retribuir o fato de que ela lhe conseguiu um emprego. O material é caro e chique, mas o suéter é barato pois tem uma pequena mancha vermelha, que ele acredita que ela não vai notar.

5. "The Pen". Jerry e Elaine viajam para a Flórida, para visitar os pais dele. Um dos melhores momentos da série é quando a Elaine se droga com um medicamento para dor e fica gritando "Stella!". De se acabar de rir. É o momento mais engraçado da Elaine na série.

Agora o próximo passo é ir atrás da sexta temporada.

quinta-feira, abril 19, 2007

MARIA ANTONIETA (Marie Antoinette)



A primeira notícia que se ouviu quando MARIA ANTONIETA (2006) teve sua primeira exibição no Festival de Cannes foi sobre a vaia que o filme - que estava participando da mostra competitiva - recebeu. Quando li essa notícia, imaginei que Sofia Coppola havia errado a mão nessa sua terceira incursão na direção de longa-metragem. Mas não. O problema é que Sofia cutucou onça com vara curta ao apresentar em plena França uma visão de Maria Antonieta como vítima. A rainha que foi durante muito tempo - e talvez ainda seja - odiada por toda a França por esbanjar dinheiro e deixar o povo passando fome, o que acabou por ocasionar o início da Revolução Francesa. Que nem foi algo que resolveu os problemas do país, já que o que veio em seguida foi uma chacina sem tamanho, com a morte de muitos aristocratas na guilhotina. Tudo em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Essa visão da aristocracia como vítima também pode ser vista com muito mais força em A INGLESA E O DUQUE, de Eric Rohmer.

Sofia Coppola, no entanto, fez um belíssimo e autoral trabalho, bastante coerente com seus filmes anteriores, que mostravam pessoas sentindo-se perdidas e incompreendidas num ambiente frio. A figura de alguém com o rosto encostado no vidro de um carro olhando com ar de melancolia para a paisagem passando já se tornou marca registrada de Sofia. Na época de Maria Antonieta não havia carro, mas havia carruagem.

No filme, Kirsten Dunst é a jovem Maria Antonieta, uma adolescente que é praticamente vendida pela mãe, a rainha da Áustria, para os franceses. Ela se casaria com o delfim Luís XVI (Jason Schwartzman, primo de Sofia), um jovem com um certo ar afeminado e cujo esporte favorito era caçar veados na floresta. Tanto que foi um problema consumar o casamento, deixando preocupadas tanto a corte da França quanto da Áustria. Só depois de alguns anos foi que Luis XVI arrumou coragem para engravidar Maria Antonieta.

A história é contada de modo a nos identificarmos com Maria Antonieta, já que o filme é narrado quase que inteiramente pelo seu ponto de vista. O fato de haver uma trilha sonora rock é mais um motivo para que nos sintamos conectados ao filme de Sofia. Quanto ao elenco, Kirsten Dunst faz uma rainha adorável, Asia Argento está feia e com olheiras no papel da meretriz preferida de Luis XV, Jason Schwartzman combinou muito bem com o personagem por causa de sua aparência frágil e Marianne Faithfull, no papel de Maria Theresa, mãe de Maria Antonieta, aparece pouco, mas ver o seu nome nos créditos já causa uma boa impressão.

Como não conheço bem as canções de Gang of Four, New Order, Siouxsie & The Banshees e Air, acabei me emocionando mais quando ouvi "What Ever Happened?", dos Strokes, enquanto Maria Antonieta corre angustiada pelo palácio. Um entre tantos outros belos momentos do filme.

P.S.: Ontem foi um dia bem melhor. Recebi aqui em casa a visita de dois amigos (Jair e Valdir) e ainda recebi uma ligação surpresa do amigão Michel. Tudo isso, somado ao apoio da turma da Cinefelia e dos leitores do blog e à surpresa que foi ler uma manifestação de solidariedade do Marcelo Carrard em seu blog, tudo isso faz com que a gente se sinta mais forte pra seguir em frente. A todos vocês, meu muito obrigado.

terça-feira, abril 17, 2007

O CAVALO DE FERRO (The Iron Horse)



Hoje tive um dos piores dias da minha vida, mas deixar vir o choro foi bom para que eu entrasse em contato novamente com Deus, com o espiritual, há tempos relegado a segundo plano. Talvez por isso agora eu esteja arcando com as conseqüências de minha negligência. E isso vale também para o meu corpo, que eu podia ter cuidado mais, fazendo atividades físicas e tal. Mas agora não adianta mais chorar pelo leite derramado e o negócio é correr atrás do prejuízo, tentar buscar forças e recomeçar, dessa vez do jeito certo. Ou o mais próximo disso que eu conseguir. Agora, o filme em questão.

Sei que quem acompanha o blog estava esperando eu falar de RASTROS DE ÓDIOS (1956), mas tive a oportunidade de baixar do emule essa pérola da fase muda de John Ford e resolvi voltar um pouco no tempo na peregrinação que estou fazendo dos filmes do diretor. Considerada a primeira obra-prima de Ford, O CAVALO DE FERRO (1924) tem mais cara de documento histórico que muito documentário por aí não consegue ter. O filme foi a primeira grande produção de Ford, que ele assumiu quando tinha apenas 31 anos. O interessante é que a equipe de filmagens trabalhava como se estivesse dentro do próprio filme, isto é, eles filmavam em várias locações, construindo novas cidades sempre que chegavam a novos lugares. A equipe tinha até o seu próprio fabricante de bebidas e o seu próprio bordel. Tudo intinerante. Além do mais, as locomotivas utilizadas no filme são autênticas locomotivas da época.

O CAVALO DE FERRO conta a história da construção das primeiras estradas de ferro que ligaram uma ponta à outra dos Estados Unidos. Foi o Presidente Abraham Lincoln quem aprovou a construção desse ambicioso projeto, iniciado em plena Guerra Civil. O filme narra de forma didática como se desenvolveu a construção da estrada, a luta contra os índios, a chegada dos chineses para aumentar a mão-de-obra operária, a chegada dos búfalos. Mas como não se trata de um documentário, mas uma obra de ficção com alguns personagens reais (além de Lincoln, aparecem no filme Wild Bill Hickok e Buffalo Bill), há uma história de amor usando como pano de fundo a construção das estradas de ferro. Na trama, Davy Brandon é filho de um sujeito que sonhava com um trem que pudesse ir de uma ponta a outra dos Estados Unidos. Esse rapaz, quando adolescente, viu o pai morrer pelas mãos de um índio. Quando cresce, seu objetivo é continuar o sonho do pai.

O filme mostra a construção de toda a mitologia do western, os primeiros saloons, os barmen que funcionavam como advogados e juízes, as prostitutas, os pistoleiros, os índios, o gado. Ford já meio que antecipou nesse trabalho o que iria mostrar em NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS (1939), a sua obra-síntese. A cópia que eu consegui é bem boa, restaurada e com uma trilha sonora que funciona que é uma beleza. A vantagem de pegar filmes mudos pela internet é que não há a preocupação de você pegar um filme dublado em outra língua - baixei, por exemplo, uma cópia dublada em francês (argh) de MOGAMBO (1953) - ou de não conseguir legendas que sincronizem direito, já que as legendas dos filmes mudos já vêm impressas no celulóide.

segunda-feira, abril 16, 2007

A ESTRANHA PERFEITA (Perfect Stranger)



Se tem uma coisa que faz valer a ida ao cinema para ver A ESTRANHA PERFEITA (2007) é a beleza de Halle Berry no seu auge. Pra gente ver que o auge de algumas mulheres pode ser aos quarenta anos. Pena que quem vai ver o filme querendo apreciar um pouco mais da pele morena da moça, a exemplo do mostrado em A ÚLTIMA CEIA (2001), que tinha uma tórrida cena de sexo memorável, vai se decepcionar bastante. Ainda assim, é Halle a única coisa que se aproveita nas quase duas horas - que mais parecem quatro - do filme. O Adrien Brody que não é besta é que tirou uma "lasquinha" na festa do Oscar naquele ano que ele ganhou o prêmio por O PIANISTA, num dos momentos antológicos da história da cerimônia.

Agora se é pra xingar o filme, vamos começar pelo papel do Bruce Willis, que é completamente ridículo. Como um sujeito que pode ter qualquer mulher à disposição fica brincando de arranjar mulher pela internet e ainda tem medo da esposa e da assistente lésbica que ficam lhe policiando? Quem foi o "gênio" que escreveu o roteiro desse filme, hein? Bom, até fui pesquisar no IMDB pra ver os antecedentes criminais, digo profissionais, dos indivíduos, mas não há nada que valha a pena ser mencionado.

A trama de A ESTRANHA PERFEITA gira em torno de uma jornalista especializada em investigar escândalos de figurões. Uma de suas amigas de infância é encontrada morta e ela, com a ajuda de seu companheiro de informática vivido por Giovanni Ribisi - que até que faz um tipo que combina com ele -, resolve investigar o principal suspeito (Bruce Willis) fazendo-se passar por uma estagiária da empresa. Como ela é bonita e gostosa, as chances de ele dar em cima dela são grandes, já que o sujeito é tão galinha que depois de sair com alguma mulher, ainda vai procurar por outras nos chats da internet.

Se essa trama já não fosse suficientemente ridícula, ao menos o filme poderia funcionar eventualmente na construção do suspense, algo que é conseguido sem muito esforço por um monte de filmes vagabundos. O suspense em A ESTRANHA PERFEIRA é totalmente nulo, mais parecendo um desses telefilmes que passam no Supercine, com a diferença que aqui há um elenco de luxo. Li que os produtores filmaram três finais diferentes para o filme, com um assassino diferente para cada final alternativo. Se o final escolhido foi ruim, fico imaginando como devem ser os dois descartados.

sábado, abril 14, 2007

EXILADOS (Exiled / Fong Juk)



Aproveitando que passei o sábado praticamente inteiro em casa - só saí pra fazer uma caminhada de mais ou menos uma hora por orientação médica -, não custa nada me ocupar atualizando o blog. E hoje eu peguei pra assistir EXILADOS (2006), um dos mais recentes filmes de Johnnie To e também um dos mais elogiados pela crítica e pelos fãs do cineasta. O incansável To não faz corpo mole e lança tantos filmes que acaba sendo uma tarefa complicada ir atrás de seus trabalhos dos anos 80 e 90, já que só recentemente seu nome se tornou mais popular no Brasil. Mas é a tal coisa: antes tarde do que nunca conhecer o trabalho do homem.

EXILADOS é um filme de gângster que presta tributo ao western spaghetti, tanto pela utilização dos planos à Leone, quanto pela trilha sonora que remete à música americana das regiões desoladas. O filme se passa no ano de 1998, quando Macau está prestes a ser transferida de volta para a China, depois de mais de 400 anos de administração portuguesa. Engraçado que dois dos cineastas mais importantes de Hong Kong - Johnnie To e Wong Kar-wai - encaram com um misto de saudosismo e preocupação essa passagem desses dois territórios para o domínio chinês.

Na trama de EXILADOS, dois homens são enviados pelo chefão vivido por Simon Yan (ELEIÇÃO, 2005) para matar Wo (Nick Cheung, de BREAKING NEWS, 2004). Wo é um renegado da máfia. Ele abandonou tudo para se dedicar à esposa e à criança recém-nascida. Os homens enviados para matá-lo logo se encontram com outros dois sujeitos, que estão ali para proteger o rapaz. Depois de um tiroteio de leve para fazer um aquecimento, os quatro se vêem num dilema: devem matar o companheiro e continuar vivos e com o seu trabalho ou abandonar o trabalho, salvar o amigo e tornarem-se procurados pelos mafiosos?

Pra quem achou ELEIÇÃO parado, tenho certeza que não vai reclamar da ágil movimentação de EXILADOS, que é um filme que vai ficando melhor a cada minuto. Gosto muito do terço final, quando já estamos mais familiarizados com os personagens e o filme desce mais redondo. No começo, eu achei um pouco confuso e o estilo leoniano das primeiras cenas é bonito de se ver e tudo, mas também favorece bastante a dispersão. Quando eu me dava conta, estava com a cabeça em outro lugar, coisa bem comum nessa semana bastante conturbada que estou vivendo. Mas talvez o que me deixa menos empolgado com os filmes de Johnnie To é que, apesar de reconhecer a sua excelência na direção, ainda acho seus trabalhos um tanto quanto frios e cerebrais. Ainda assim, não tem como não dizer que EXILADOS é filmão. E é muito legal ver um filme made in Hong Kong que aproveita aquela arquitetura colonial de Macau, que faz lembrar até as cidades históricas do Brasil.

Agradecimentos ao amigo Renato pela cópia.

sexta-feira, abril 13, 2007

BLACKOUT - SENTIU A MINHA FALTA? (The Blackout)



BLACKOUT (1997) é o CIDADE DOS SONHOS do Abel Ferrara. Ou seria o CIDADE DOS SONHOS o BLACKOUT do Lynch? Prefiro a primeira frase, apesar de o filme do Ferrara ter sido feito antes. Se BLACKOUT não tem as mesmas referências ao catolicismo de OS CHEFÕES (1996), isso é compensado com outra característica forte do cinema do diretor, que são personagens afogados nas drogas. Dizem que o próprio Ferrara era adepto de drogas pesadas e talvez BLACKOUT seja desse fase mais hardcore da vida do cineasta.

Na trama, Matthew Modine é Matty, um ator de Hollywood viciado em álcool e drogas que reencontra Annie (Beatrice Dalle, que tem aqueles dentes separados naquela bocona que até hoje me incomodam). Ele propõe casamento a ela, mas ela lhe lembra que um tempo atrás ele lhe forçara a fazer um aborto, coisa que ele diz não recordar. Os dois brigam, ela desaparece, e ele aparece no clube de Mickey (Dennis Hopper, outro tradicional doidão) com uma outra garota chamada Annie, uma garçonete que ele conheceu há pouco. Mickey é um cineasta decadente que está fazendo um vídeo baseado num filme francês dos anos 50 chamado NANA. Passa-se um ano e meio e Matty está de vida nova. Largou as drogas e o álcool, casou-se com outra mulher (Claudia Schiffer) e está à procura de novas oportunidades na carreira, ainda que não tenha tido coragem de recomeçar de verdade. O problema é que ele vive tendo estranhos pesadelos que fazem com que ele suspeite de que cometeu um grave crime no passado.

O filme não tem roteiro de Nicholas St. John, seu habitual colaborador, autor do script do excepcional OS CHEFÕES. Em vez disso, Ferrara prefere um registro mais alucinatório de modo a captar o estado de espírito do protagonista. Há uma mudança de tom bem evidente na segunda parte do filme, quando Matty fica sóbrio. Me incomodou no filme o aparente amadorismo do personagem de Dennis Hopper, que parecia querer filmar qualquer coisa, não seguindo sequer uma lógica para o seu pretenso filme. BLACKOUT também tem uma aparência demasiado pobre para um filme que pretende retratar Hollywood. Botaram pouco dinheiro na mão do Ferrara, talvez com medo de que ele gastasse com drogas? No ano seguinte, ele faria um filme ainda mais louco: ENIGMA DO PODER (1998), talvez o mais complexo de todos os seus trabalhos. Eu, pelo menos, não entendi patavina.

Hoje está estreando nos cinemas de São Paulo MARIA (2005), um dos últimos filmes do diretor.

quinta-feira, abril 12, 2007

TWIN PEAKS - A PRIMEIRA TEMPORADA (Twin Peaks - The First Season)



Tempos difíceis esses que estou vivendo. Uma forte crise nos campos da saúde e do emprego tem me deixado ainda mais deprimido. Preciso de muita força pra passar por tudo isso. Enquanto isso, aproveitando que estou em casa, estou tentando fazer aquilo que o Agente Dale Cooper falou para o xerife Harry Truman: todos os dias você precisa dar a si mesmo um presente. E no meu caso, o mais próximo de um presente que eu pude me dar foi rever a primeira temporada de TWIN PEAKS (1990), enquanto aguardo ansiosamente pela chegada da segunda temporada, prevista para o final desse mês e já devidamente encomendada.

A primeira temporada é curtinha. É composta do piloto e mais sete episódios, sendo que apenas o piloto e o segundo episódios foram dirigidos por David Lynch. Percebe-se uma atmosfera diferente nesses episódios dirigidos por Lynch. Mas mesmo aqueles dirigidos por outras pessoas são coerentes com a proposta original de Lynch e Mark Frost, os criadores da série. Acredito que uma boa frase que possa resumir TWIN PEAKS tenha sido dita pela personagem Donna Hayward, quando ela diz que se sente como se estivesse ao mesmo tempo no mais maravilhoso dos sonhos e no mais assustador dos pesadelos. É assim que é TWIN PEAKS. É assim que é o universo de David Lynch. Por isso que o meu fascínio pela série nunca se esgotou, mesmo com tantas revisões. Se bem que o que eu mais revi foi mesmo o episódio piloto. A primeira vez foi pela televisão, depois nas várias vezes que aluguei a fita da Warner e depois quando ganhei de presente essa mesma fita.

A estória gira em torno do assassinato da jovem Laura Palmer e do quanto isso repercute na pequena Twin Peaks, cidadezinha que encanta o agente especial Dale Cooper que fica apaixonado pelas pessoas, pelos pinheiros que exalam um cheiro muito agradável, pelo café e pelos doces. Em praticamente todos os episódios vemos Cooper saboreando alguma das delícias da cidade. Cooper tem uma técnica bem diferente de investigação, baseada em sonhos malucos e na intuição. A primeira coisa que ele faz ao examinar o corpo de Laura é ver o que tem debaixo de suas unhas: ele encontra um papel com a letra "R". A partir desse momento vemos que TWIN PEAKS está longe de ser uma série policial convencional, com investigações ligadas ao mundo real. TWIN PEAKS se aproxima mais do território do horror, mas com fortes vínculos com o melodrama e mais sutis ligações com a comédia.

Essa primeira temporada termina com alguns ganchos poderosos. A vingança de Leland Palmer, o pai de Laura; a overdose de pílulas de Nadine, a louca que usa um tapa-olho; o misterioso ataque ao Dr. Jacoby no parque; o possível encontro de Audrey com o próprio pai no prostíbulo; e os tiros recebidos por Dale Cooper em seu apartamento por um sujeito misterioso. Da série, eu só não gosto muito da trama envolvendo a briga por uma propriedade, que até o momento não parece ter muito a ver com a morte de Laura.

As beldades de TWIN PEAKS

Impossível falar de TWIN PEAKS e não mencionar as deusas da beleza reveladas pela série:

- Sheryl Lee tem um papel duplo na série (Laura Palmer/Madeleine Ferguson), o que parece ser uma homenagem ao clássico UM CORPO QUE CAI, de Hitchcock. Seus filmes mais famosos são: CORAÇÃO SELVAGEM (1990), TWIN PEAKS - OS ÚLTIMOS DIAS DE LAURA PALMER (1992), BACKBEAT - OS CINCO RAPAZES DE LIVERPOOL (1994) e VAMPIROS (1998). Fez alguns filmes de baixo orçamento onde apareceu nua. Recentemente tem feito pequenas aparições em séries de televisão (CSI:NY, HOUSE, DESPERATE HOUSEWIVES)

- Lara Flynn Boyle faz Donna, a melhor amiga de Laura que se apaixona por James, o namorado secreto da amiga. Filmes mais famosos: SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS (1989), MORTE POR ENCOMENDA (1991), TRÊS FORMAS DE AMAR (1994), FELICIDADE (1998), FALANDO DE SEXO (2001), HOMENS DE PRETO II (2002). É talvez a que teve mais sorte em Hollywood.

- Mädchen Amick é Shelly Johnson, a jovem de ar inocente e sedutor que se casa com o malvado Leo Johnson, um dos suspeitos pelo assassinato de Laura. Tem poucos filmes fortes no currículo. Os mais importantes são: SONÂMBULOS (1992) e TWIN PEAKS - OS ÚLTIMOS DIAS DE LAURA PALMER (1992). Acabou relegada a participações em séries de televisão e filmes B.

- Sherilyn Fenn é a sapeca Audrey, filha do homem mais rico de Twin Peaks. Ela meio que se apaixona por Dale Cooper e procura investigar por conta própria os podres da cidade. Sherilyn é outra atriz que dependeu muito da sensualidade para construir a sua carreira. Seus filmes mais famosos: UM TOQUE DE SEDUÇÃO (1988), uma espécie de versão erótica de A Bela e a Fera; CORAÇÃO SELVAGEM (1990), numa ponta como a moça do acidente na estrada; ENCAIXOTANDO HELENA (1993), da sumida filha de Lynch.

Poderia falar de Joan Chen também, mas não admiro muito a beleza da chinesa. Seu rosto mais se parece com o de um menino. Outra que entraria também no rol das belezas da série é a Peggy Lipton, que já não era mais tão jovem na época da série, mas que tinha aquela beleza madura de dar inveja a muitas mulheres. Ela interpreta Norma Jennings, a dona de uma cafeteria cujo marido está preso e prestes a receber a condicional.

quarta-feira, abril 11, 2007

DIAS DE GLÓRIA (Indigènes)



Não ando muito bem de saúde ultimamente. Ando sentindo umas coisas estranhas, que eu nem mesmo sei explicar. Na verdade, acho que eu não quero explicar pois se fosse falar de todos os meus problemas de saúde esse blog iria mudar de nome: iria se chamar "Diário de um Hipocondríaco" ou "Diário de um Homem Doente", mesmo. Aproveitando que estou em casa - e devo ficar até o final da semana pra descansar - falemos de mais um filme pra não deixar isso aqui parado. O filme em questão é DIAS DE GLÓRIA (2006), um drama de guerra falado em francês e que tem quatro países como investidores - França, Marrocos, Argélia e Bélgica. O filme foi escolhido como representante da Argélia para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano. E falando em premiação, os cinco atores principais do filme levaram um prêmio conjunto de interpretação masculina no Festival de Cannes do ano passado.

Acho que eu não gostei muito do filme porque eu não me identifiquei com os personagens nem me importei se eles iriam morrer na guerra. Sem querer desprezar o trabalho do diretor franco-argelino Rachid Bouchareb, acredito que importar-se com os personagens é importante quando se trata de um filme convencional, sem uma direção poderosa como num filme de Terrence Malick ou Brian De Palma. Desse modo, eu assisti a DIAS DE GLÓRIA olhando diversas vezes para o relógio, sinal de que o filme não me "pegou". O que eu mais gostei foi do clímax, onde poucos sobreviventes desse grupo tentam defender um território até a morte. Pena que nessa hora eu já estava um pouco cansado.

Mesmo assim, trata-se de um filme interessante, principalmente por mostrar a participação dos estrangeiros, daqueles cujos países foram colonizados e explorados pela França, na luta contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, em 1943. Alguns desses homens foram para a guerra por não encontrar nenhuma outra expectativa de vida melhor em seus países. Um deles, apesar de ser deficiente físico, ainda assim foi aceito no exército, coisa que até agora eu não me conformo. A maioria desses homens eram sequer alfabetizados e havia o caso do cabo Abd el-Kader, que procurava negar a sua origem africana. Assim como CACHÉ, DIAS DE GLÓRIA é importante por ser mais um filme a tocar o dedo na ferida da França, que até hoje deve muito aos países que colonizou.

P.S.: Um dos atores, Samy Naceri (segundo da esquerda para a direita, na foto), eu achei a cara de um amigo meu, o Murilo, também conhecido como "muro pequeno". Não sei se ele vai concordar. :)

terça-feira, abril 10, 2007

UM BEIJO A MAIS (The Last Kiss)



Acho que eu já fui para a sessão de UM BEIJO A MAIS (2006) com uma certa má vontade. Afinal, eu adoro o original italiano - O ÚLTIMO BEIJO (2001), de Gabriele Mucino - e, pra começar, a versão americana não tinha uma mulher que rivalizasse em beleza e encantamento com a maravilhosa Giovanna Mezzogiorno. Aliás, uma pena que os filmes dela não chegam aqui no Brasil. Que eu saiba, além de O ÚLTIMO BEIJO, só o ótimo A JANELA DA FRENTE chegou ao circuito comercial. Pelo menos a super-produção O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA deverá chegar aos nossos cinemas.

Bom, o fato é que o filme de Mucino, além de me deixar apaixonado pela Giovanna (entrei até numa comunidade do orkut de adoradores dela), me fez chorar um bocado. Por aquela mulher, eu faria qualquer sacrifício. Já no filme americano, eu achei que o cara se humilhou demais pra continuar com a sua noiva e se redimir dos seus erros, que nem foram tão graves assim - o homem é muito fácil de cair nos encantos de uma bela mulher e as mulheres deviam dar um desconto. ;) Na refilmagem, podiam ao menos ter escolhido uma atriz mais bonita e mais atraente. Essa Jacinda Barrett é meio sem sal, apesar de ser mais bonita que a garotinha que fez o personagem de Zach Braff cair em tentação. Além do mais, o escândalo que ela fez quando descobriu a traição pareceu mais coisa de mulher italiana (ou brasileira) do que de americana.

Quanto ao Zach Braff, suspeito que ele foi escolhido para o filme por causa de seu papel na comédia "existencialista" HORA DE VOLTAR (2004). Ele funciona bem nesse tipo de filme, pois tem um olhar distante. Em UM BEIJO A MAIS, ele é um sujeito de trinta anos que está perto de se casar e cuja noiva engravidou. Eles decidem apressar o casamento por causa da chegada do bebê, mas a expectativa diante do casamento acaba por deixar o rapaz apavorado. A mudança drástica do casamento e o fato de que a sua vida não terá maiores surpresas depois de casado - é verdade isso? - mexe com ele. E justo quando ele está nessa situação surge uma jovem moça muito simpática que dá em cima dele e o convida pra sair. Ele sabe que pode se arrepender, mas ainda assim aceita o convite da menina, deixando a noiva grávida em casa. O filme também apresenta os seus amigos, um grupo de jovens também perto da casa do trinta anos que também têm os seus problemas.

Talvez o fato de eu já saber da história toda tenha tirado boa parte da graça de UM BEIJO A MAIS, mas acredito que a culpa maior está na direção pouco inspirada de Tony Goldwyn, diretor que tem mais experiência na televisão do que no cinema e cujo filme mais famoso é uma comédia romântica fraquinha chamada ALGUÉM COMO VOCÊ (2001). Engraçado que tanto o original italiano quanto a refilmagem têm uma tendência a valorizar o matrimônio e a mostrar a traição como algo perigoso. O filme acaba parecendo um aviso para os marmanjos que estão numa relação boa e estável a não pularem a cerca. Um bom momento do filme é quando toca "A warning sign", do Coldplay".

P.S.: Ah, antes que eu me esqueça de novo: não deixem de conferir a nova edição da Zingu, de número 7. O destaque desse mês é o dossiê Carlos Imperial, o cara responsável pelo início da carreira do Rei. Só que o Imperial fez bem mais do que mostrar o Roberto Carlos para o mundo. Não deixem de conferir. Só o editorial do Matheus já mata a pau.

segunda-feira, abril 09, 2007

CAIXA DOIS



Legal poder ver no cinema dois bons filmes nacionais no intervalo de uma semana. Na semana passada, foi a vez de Ó PAÍ, Ó, de Monique Gardenberg. Nesse último final de semana, entrou em cartaz CAIXA DOIS (2007), de Bruno Barreto. Em comum, o fato de os dois filmes derivarem de bem-sucedidas peças teatrais. Já ouvi gente dizer que o problema do cinema brasileiro é a falta de bons roteiros. Não concordo com isso, mas ao que parece os produtores estão acreditando nessa teoria, já que o teatro tem servido de inspiração para alguns desses novos filmes. Sem falar que o custo de se tranpor uma peça teatral para o cinema é bem menor. Mas vale lembrar também que o resultado dessa "parceria" nem sempre é favorável, já que no ano passado tivemos o desprazer de ver o abominável IRMA VAP - O RETORNO, de Carla Camurati.

CAIXA DOIS é baseado numa peça de Juca de Oliveira que ficou seis anos em cartaz e levou mais de um milhão de espectadores ao teatro. Bruno Barreto modificou alguns pontos para a sua adaptação para o cinema. Como não assisti à peça, não sei se a essência original foi mantida - acredito que sim -, mas soube de algumas mudanças. Por exemplo, a secretária do banqueiro, na peça, era amante dele. No filme, o banqueiro fica só na vontade - e é difícil não ficar, diante da beleza de Giovanna Antonelli. Na peça, Fúlvio Stefanini é o bancário; no filme, ele é o banqueiro. E ele está muito bom no filme. A cena em que Daniel Dantas, o bancário demitido, vai até o seu escritório com uma arma de brinquedo é de dar boas gargalhadas. Aliás, são vários os momentos bem engraçados, mas, no meio de tanto riso, há uma cena especialmente tocante, que é quando Daniel Dantas diz que se sente o homem mais rico do mundo. Parte dessa cena aparece no tosco trailer, mas dentro do contexto do filme tem uma força muito maior.

Em CAIXA DOIS, Cássio Gabus Mendes é um diretor de um banco formado em Harvard que acabou se tornando o "pau mandado" do banqueiro Luiz Fernando (Stefanini). Os dois precisam efetuar uma transação ilegal, um depósito de um cheque de 50 milhões. Mas como esse cheque não pode passar pelas suas contas bancárias, eles precisam de um laranja, de alguém que possa emprestar a conta para o depósito. O laranja acaba sendo a secretária de Luiz Fernando (Antonelli), que muito sabiamente negocia com o patrão para receber uma boa quantia por esse "pequeno" favor. Acontece que o cheque é depositado na conta da pessoa errada, a esposa (Zezé Polessa) de um recém-demitido gerente do banco (Dantas). Agora o difícil vai ser convencer essa mulher, já revoltada com a demissão do marido, a devolver o dinheiro sujo pra eles.

Apesar de ser uma peça de mais de seis anos, CAIXA DOIS, em sua encarnação cinematográfica, parece bastante atual diante dos escândalos recentes envolvendo o governo do PT. Há, inclusive, uma brincadeira em torno do "eu não sei de nada, eu não vi nada", frase hoje atribuída com freqüência ao Lula, e que é dita pelo banqueiro corrupto. Apesar do banqueiro ser o corrupto-mor do filme, todo mundo quer ganhar a sua pontinha. Exceto o personagem de Daniel Dantas, que é apresentado como um bobão, um sujeito ingênuo que acredita na instituição privada em que trabalha(va), esforçando-se para dar o melhor de si, sem saber que um dia ele receberá um baita "pé na bunda" e engrossará o grande número de desempregados do país. Então, pra que serviu tanta dedicação? Com esse modelo econômico atual, não há muito espaço para homens honestos e trabalhadores. E os empresários e banqueiros ainda conseguem se safar dizendo que a culpa das demissões é do Bill Gates, é da Microsoft.

sexta-feira, abril 06, 2007

PRISON BREAK - A SEGUNDA TEMPORADA COMPLETA (Prison Break - The Complete Second Season)



Quando PRISON BREAK surgiu, muitos - inclusive eu - pensavam: como essa série vai se agüentar por mais de uma temporada? Afinal, a série era sobre um sujeito que ia preso com o objetivo de tirar de qualquer maneira o irmão condenado à cadeira elétrica. Errou quem achou que a série acabaria quando Scofield, seu irmão e mais outros ex-detentos fugissem da Penitenciária Estadual de Fox River. Se a primeira temporada era uma atualização dos filmes de prisão, a segunda seria uma atualiação da série O FUGITIVO.

PRISON BREAK pertence a essa nova era da televisão onde deve existir uma maior fidelidade do espectador com a série. Não basta ver apenas um episódio aleatoriamente e ao acaso como nos tempos de ARQUIVO X. A necessidade de continuidade requer que o espectador acompanhe todos os episódios quase que religiosamente. Não que PRISON BREAK seja uma série difícil de se acompanhar quando se perde um episódio, mas o ideal é não perder nenhum.

Nessa segunda temporada, depois de fugirem da penitenciária, Scofield, Lincoln e mais seis homens tentam fugir da polícia, dos mafiosos, de um ex-carceireiro demitido de Fox River e, principalmente, do misterioso agente do FBI Alexander Mahone (William Fichtner). Mahone é a grande mudança nessa segunda temporada. O personagem foi desenvolvido com o objetivo principal de rivalizar com a inteligência de Michael Scofield. Mahone consegue prever muitos dos passos que Scofield e outros detentos dão tanto dentro quanto fora dos Estados Unidos - os últimos episódios se passam no Panamá.

Alguns desses fugitivos morrerão ao longo da temporada, outros continuam por um bom tempo mas nem sempre aparecendo em todos os episódios, como é o caso do ex-soldado Benjamin Franklin, do psicopata T-Bag e do apaixonado Fernando Sucre, que sonha com sua amada mais do que qualquer dinheiro do mundo. Não poderia faltar nessa temporada o par romântico de Scofield, a linda e maravilhosa Dra. Sara Tancrendi, que se torna também uma marginal, uma procurada pelos bad guys por ter contribuído com a fuga de Scofield ou por ter relação com ele. A primeira vez que eles se vêem fora da prisão é emocionante. Mas como toda série, seja drama, seja suspense, sobrevive de desgraças e contratempos, há a todo instante algo que impede os dois de terem algum momento de paz.

Inclusive, percebe-se que Scofield é viciado em adrenalina e talvez aquela vida cheia de emoções seja tudo que ele pediu a Deus, sem saber. Tanto que nos poucos momentos de trégua da série, como quando ele foge com o irmão para o Panamá, Scofield está com um misto de tédio e de tristeza por ter deixado para trás tanto sua amada quanto um psicopata como o T- Bag. Aliás, que ótimo ator é esse Robert Knepper. Seu T- Bag é totalmente abominável e repulsivo, ainda que em alguns momentos seja digno de pena.

Comparada com a primeira temporada, PRISON BREAK caiu um pouco nesse segundo (2006-2007) ano, mas pra mim ainda continuou ótima e em nenhum momento sequer a série chega perto de aborrecer. Agora há uma forte tendência de piorar na terceira temporada (já confirmada pela FOX), mas suspeito que eles vão arranjar algum meio de não deixar a peteca cair. Pelo menos por mais um ano.

quinta-feira, abril 05, 2007

A PAIXÃO DE UMA VIDA (The Long Gray Line)



Infelizmente não deu certo a gravação de MOGAMBO (1953) que um amigo ficou de fazer pra mim do TCM, mas já estou providenciando o download do filme pelo emule. Já que a mula é vagarosa e sujeita a algumas decepções no final, não perdi tempo e já vi o título seguinte de John Ford do meu acervo: A PAIXÃO DE UMA VIDA (1955), o primeiro filme do diretor produzido em cinemascope (no raro aspecto 2,55:1!), aspecto esse respeitado pela edição nacional em DVD. Não é dos melhores trabalhos de Ford, mas é a cara do diretor, com toda a carga de sentimentalismo dos seus trabalhos mais pessoais, além de tratar de assuntos do seu interesse, como o amor pelo povo irlandês e o respeito pelo exército americano, representado pela tradicional academia de West Point.

Assim como em SANGUE POR GLÓRIA (1952), Ford aposta no humor durante o primeiro ato do filme. O problema é que esse humor nem sempre funciona. Acredito que a intenção é conquistar o espectador pelo riso para depois emocioná-lo nas seqüências mais sérias do meio para o final. Engraçado que em alguns momentos desse primeiro ato, A PAIXÃO DE UMA VIDA lembra algumas comédias de Jerry Lewis, só que sem o mesmo poder de causar riso. Talvez o que tenha tornado o filme envelhecido seja o excesso de respeito e sentimentalismo com a pátria e o exército. Mas isso não quer dizer que a morte dos soldados na guerra também não seja questionada a certa altura.

O filme mostra a vida do imigrante irlandês Marty Maher (Tyrone Power), a partir de sua chegada à Academia de West Point, onde ele começa a trabalhar como garçon e depois se alista para ser soldado, depois que percebe que os militares são mais bem tratados lá dentro. Apesar de ser completamente desastrado em tudo o que faz, Marty se torna treinador de boxe - ele sempre perde a luta para os seus próprios alunos - e depois professor de natação - ele não sabe nadar. Marty não é um bom soldado, mas é querido por todos. O ponto de virada de sua vida se dá com a chegada de uma irlandesa ruiva muito invocada (de novo, Maureen O'Hara), por quem ele se apaixona e casa.

Gosto mais do filme quando ele pula para a idade mais velha dos personagens e ganha tons mais solenes e melancólicos. Acho que se o filme fosse todo assim eu teria gostado mais. Outros rostos conhecidos do cinema de Ford também aparecem em A PAIXÃO DE UMA VIDA: Ward Bond e Harry Carey Jr. O filme cobre cinqüenta anos da vida de um homem, mas eu o achei um pouco longo e arrastado, dando saudade dos westerns de Ford. O bom é que o próximo Ford que eu verei é uma de suas maiores obras-primas e um dos filmes mais importantes da história do cinema.

quarta-feira, abril 04, 2007

Ó PAÍ, Ó



Acho que um dos maiores acertos de Ó PAÍ, Ó (2007) pra mim foi conseguir tornar algo que não desperta o meu interesse e a minha simpatia, como o carnaval bahiano e a axé music, em algo simpático e interessante. Saí do cinema com um sentimento de respeito em relação ao carnaval de Salvador, aos blocos (Araketu, Olodum etc), à vontade que o povo bahiano tem de esquecer de seus problemas - que não são poucos - e ser feliz por três dias. Antes eu acreditava que o Carnaval era uma festa que só servia para aumentar a taxa de mortalidade e para o povo brasileiro ficar mais acomodado e não se rebelar contra o Governo, já que aqueles três dias funcionam como uma espécie de catarse. Hoje eu já não sei se ainda acredito nessa teoria.

Quanto ao filme, Ó PAÍ, Ó é um trabalho bem diferente dos anteriores de Monique Gardenberg. Quer dizer, não vi JENIPAPO (1996), mas BENJAMIM (2003) me pareceu bem interessante, ainda que um pouco pretencioso e metido a vanguardista, moderno ou algo parecido. Nesse novo filme, a intenção de Gardenberg foi fazer algo mais despojado, mais despretencioso. Em entrevista à ISTOÉ Gente, a diretora falou: "Eu tinha muita cobrança de passar inteligência atrás de cada cena, atrás de cada solução, algo profundo. Isso é quase uma arrogância, você tem que ser mais despretensioso." Como o filme lida com algo bastante popular, não tem mesmo que tentar dar uma de Bergman.

O filme é uma comédia com momentos de musical e drama sobre um grupo de moradores de um cortiço no Pelourinho que estão sofrendo com a falta de água, graças a um boicote da dona do prédio, uma senhora evangélica (Luciana Souza) que odeia carnaval e que é mostrada de uma maneira um tanto quanto caricatural, meio que uma vilã da estória. Fica claro que o filme simpatiza mais com o pessoal do Candomblé do que com os crentes. Mas isso já não é novidade: o único filme brasileiro que eu vi respeitando os evangélicos foi CARANDIRU, do Babenco.

Os principais personagens são um aspirante a cantor (Lázaro Ramos), uma bahiana que voltou da Europa (Dira Paes), um traficante (Wagner Moura), uma morena gostosíssima cheia de pretendentes (Emmanuelle Araújo), um travesti (Liu Arrison), um comerciante (Stênio Garcia), entre outros. Integram também o time de principais personagens uma dupla de atores mirins que conquista a simpatia do público. Eles fazem o papel dos irmãos Cosme e Damião, filhos da dona do prédio. Quem está bem ruim no filme é o Wagner Moura. Tanto o seu personagem é dispensável, como sua interpretação chega a ser incômoda de tão ruim. Felizmente ele não aparece muito no filme.

As cenas musicais são bem realizadas. Na verdade, não saberia dizer do ponto de vista técnico e cinematográfico, mas eu gostei da edição e até das canções, algumas delas bem conhecidas. Como a diretora já tem alguma experiência com videoclipes ("Não Enche", do Caetano Veloso) e até com direção de shows (ela dirigiu o show de Marina Lima no Auditório do Ibirapuera e dois espetáculos filmados de Caetano Veloso) e como eu já estou ficando conhecido por não gostar de musicais, algum crédito esse filme deve merecer, não é verdade?

terça-feira, abril 03, 2007

A SETE PALMOS - A QUINTA TEMPORADA COMPLETA (Six Feet Under - The Complete Fifth Season)



Tudo acaba. E é com um profundo pesar misturado com uma enorme satisfação que eu chego ao fim dessa série maravilhosa que eu comecei a conhecer há cerca de cinco anos, quando da estréia do episódio piloto na HBO. Como não tinha - aliás, não tenho - HBO no meu pacote, só conferi esse piloto porque a tv por assinatura que tenho liberou o sinal nesse dia. Só pude conferir integralmente a primeira e a segunda temporadas quando a Warner as exibiu. Graças ao maravilhoso mundo da internet, no ano passado consegui acompanhar com mais rapidez as excepcionais terceira e quarta temporadas que me deixaram ainda mais ansioso para conferir a quinta e última, que é quase que unanimemente considerada a melhor das cinco.

(A propósito, antes de continuar, deixo aqui o aviso de spoilers.)

A quinta temporada de A SETE PALMOS (2005) já começa cheia de emoção. Às vésperas do casamento de Nate e Brenda, ela tem um aborto. Assim, o que era para ser um motivo de comemoração, acaba se tornando um dia de tristeza, principalmente para Brenda. Aliás, eu já falei aqui que eu adoro a Brenda? Pois é. Desde o começo da série, eu sempre a admirei e torcia para que ela e o Nate ficassem juntos. E vê-los juntos no casamento, apesar das circunstâncias adversas, foi um momento de satisfação pra mim. O momento que me fez derramar lágrimas foi aquele em que ele mostra o seu apoio a ela durante a festa do casamento. Infelizmente, como era de se esperar, tendo em vista a marca de fatalidade da série, o casamento dos dois seria ameaçado por uma série de fatores, seja por causa de uma gravidez de risco, ou por causa de outra mulher. A presença dessa outra mulher, a Maggie, filha de George, me incomodou bastante, já que ela não tinha o mesmo sex appeal de Brenda, nem a mesma inteligência, nem a mesma beleza, nem o mesmo charme.

Nessa quinta temporada, Nate, mais do que nunca, se mostrou o centro da série. Quando ele morre, alguns episódios antes do fim da série, pega a todos de surpresa e deixa um enorme vazio na vida de todos os personagens, que têm suas vidas praticamente destruídas com a sua ausência. A morte é um elemento presente em todos os episódios, mas nunca ela esteve tão próxima, tão destruidora. Os episódios que se seguem à morte de Nate podem ser comparados a um longo funeral de um amigo querido.

A loucura, a depressão, a psicose, o pânico, a paranóia, elementos já apresentados nas temporadas anteriores, reaparecem com força total na vida de praticamente todos os personagens. O marido de Ruth, George, se trata com terapia de eletrochoque por conta de uma psicose depressiva, ocasionando uma crise de nervos em Ruth. David, devido à traumatizante experiência com um maníaco na temporada anterior, sofre constantes crises de pânico. Billy, o irmão psicótico de Brenda, estraga um relacionamento estável com a Claire, depois que resolve parar de tomar a sua medicação, resultando no retorno de seus problemas mentais. Nate está cada vez mais nervoso, o que acaba prejudicando o casamento com Brenda.

Se desde o início, a série mostrou ser de fortes tendências democratas, nessa temporada, a crítica ao Governo Bush é explícita no episódio em que vemos um soldado que voltou do Iraque sem as duas pernas e sem um braço cometendo suicídio. É uma das mortes mais impactantes de toda a série. Interessante que aos poucos, nas últimas temporadas, o humor negro que era bastante comum nos prólogos foi sendo substituído por mortes mais serenas e comuns. Aos poucos a série foi se tornando mais séria e se distanciando do piloto, que até fazia brincadeira com propagandas de empresa funerária.

Interessante que com o amadurecimento dos personagens, a família e a maternidade foram se tornando algo de vital importância até para os mais rebeldes. David e Keith, apesar das dificuldades de conseguirem uma adoção por serem um casal de homossexuais, conseguiram adotar duas crianças problemáticas. Brenda tenta a todo custo engravidar, como se isso fosse uma questão de vida ou morte. Maya, a filha de Nate, depois do falecimento do pai, é disputada entre Ruth e Brenda. Federico, apesar de ser maltrado por Vanessa, insiste em voltar para a sua família. E finalmente, a partida de Claire e a sua declaração de amor aos seus familiares é um momento de partir o coração.

O final é perfeito ao som de "Breath Me", da Sia, e a imagem da futura morte dos personagens principais alternando-se com a ida de Claire para Nova York. Esse episódio final só não foi melhor porque foi menor do que eu esperava. Eu achava que a duração seria de duas horas. Mas não. "Everyone's Waiting" tem pouco mais de uma hora de duração. Quando a série termina, fica uma sensação de vazio, mas ao mesmo tempo, ao ver que a vida dos personagens que a gente aprendeu a gostar foi plena, fica também um sentimento de satisfação. Uma vez, uma das clientes da Fisher & Diaz perguntou a Nate porque existe a morte. Ele respondeu algo como: para que valorizemos a vida. Da mesma maneira, A SETE PALMOS foi breve mas de enorme importância. Tanto pelos temas quentes (morte, homossexualismo, drogas, incesto), quanto pelo forte elo que se cria entre os personagens e os espectadores. Vai deixar muita saudade.

Depois do episódio final, ajuda a matar um pouco a saudade os documentários SIX FEET UNDER: IN MEMORIAN e LIFE AND LOSS: THE IMPACT OF 'SIX FEET UNDER' presentes no box.

segunda-feira, abril 02, 2007

300



Quando foi anunciado que 300 (2006) seria dirigido por Zack Snyder, eu fiquei bastante animado. Afinal, MADRUGADA DOS MORTOS (2004) se revelou uma grata surpresa, um filme considerado por muitos superior ao original de George Romero. Pena que essa nova estética à SIN CITY, com cenários totalmente digitais e fotografia excessivamente estilizada, tenha vindo para prejudicar produções como essa, que tinha tudo para dar certo. Senti saudade das cenas de batalha de CORAÇÃO VALENTE, de Mel Gibson, essas sim viscerais, violentas, sangrentas. Em vez disso, Snyder optou por homenagear os desenhos de Frank Miller e as cores de Lynn Varley e pelo uso do sangue digital, da fotografia dessaturada e das lutas estilo videogame.

Mas esse não é o único problema de 300. O filme é cheio de contradições e de situações que são até motivo de riso para os espectadores. Muito disso tudo se deve à carga homo-erótica do filme, a começar pelo figurino econômico dos espartanos: apenas uma sunga preta e uma capa vermelha, que deve fazer a festa do público gay. Depois, tem a aparição de Rodrigo Santoro, no papel do Rei Xerxes, com aquele visual de quem vai pra "parada" - sobrancelha feita, unhas pintadas, piercings, chicote na mão, batom. Será que convidaram Santoro para 300 por causa de seu papel de travesti em CARANDIRU? Mas o mais esquisito mesmo é a sua voz, gutural, e o fato de ele ser gigante. Mas só percebemos isso quando ele se aproxima de Leônidas (Gerard Butler), por trás, e tocando seu ombro, como se fosse lhe aplicar uma massagem.

Depõe contra o filme também o fato de a gente não se importar em nenhum momento com a vida dos espartanos. A obsessão deles pelo corpo perfeito, sem defeitos, acaba rendendo uma certa antipatia pelos heróis e uma simpatia pelos vilões, muito mais abertos ao diferente, aos defeituosos e à pluralidade das raças. No começo do filme, ficamos sabendo que os espartanos, sempre que nascem bebês defeituosos, eles os sacrificam e os lançam num precipício. Inclusive, um desses bebês rejeitados sobreviventes lembra imediatamente o Gollum, de O SENHOR DOS ANÉIS. Lembrando que, apesar de obcecados pela perfeição, os espartanos precisam obedecer e respeitar um grupo de "sábios" de aspecto monstruoso que moram no cume de uma montanha.

Pra quem ainda não leu nada sobre a trama nem a HQ de Miller, 300 é sobre a luta do Rei Leônidas e seus trezentos homens contra a invasão dos mais de 100.000 soldados chefiados pelo Rei Xerxes. Sem o apoio do senado, o Rei de Esparta leva apenas os seus homens de confiança para lutar contra a invasão inimiga. Enquanto isso, em casa, a Rainha Gorgo, esposa de Leônidas, tem que lidar com um traidor na corte. A título de curiosidade, a atriz que interpreta a Rainha é Lena Headey, que está protagonizando atualmente a série de televisão THE SARAH CONNOR CHRONICLES (2007), baseada na cine-série O EXTERMINADOR DO FUTURO. Quanto a Zack Snyder, continuam as especulações sobre como será a aguardada adaptação de "Watchmen", de Alan Moore e Dave Gibbons. Rumores dizem que Gerard Butler estará no filme. Só não se sabe ainda em que papel.

P.S.: Como fiquei curioso pra conhecer algum videoclipe dirigido pelo Zack Snyder, achei esse de "Tomorrow", do Morrissey, no youtube. Alguém sabe de outro clipe que ele dirigiu?