quarta-feira, janeiro 10, 2007

O CINEMA INDEPENDENTE AMERICANO EM TRÊS FILMES



É comum a gente ver o cinema independente americano de vez em quando receber algumas críticas negativas, seja por abordar repetidamente, nem sempre com sucesso, alguns temas, seja por utilizar de recursos narrativos considerados irritantes. Tem também o fato de que esse cinema acaba tomando de conta também do circuito alternativo nacional, que poderia ser preenchido por filmes brasileiros ou de outras cinematografias. Mas na verdade pouca gente reclama disso e também não sou eu quem vai reclamar. Abaixo, três bons filmes de baixo orçamento (para os padrões americanos, claro) que, cada qual à sua maneira, podem conquistar o espectador.

A ESTRANHA FAMÍLIA DE IGBY (Igby Goes Down)

Havia gravado há alguns meses da TNT esse filme de estréia de Burr Steers e tinha até me esquecido de quem estava no elenco. Só lembrava que tinha o Kieran Culkin e a Susan Sarandon. Quando apareceram os nomes de Claire Danes e Amanda Peet nos créditos de abertura, eu fiquei logo animado e o filme desceu que foi uma beleza. Muito disso graças à performance simpática de Culkin e à presença de cena dessas duas beldades de aparência meio estranha, mas que eu adoro. A Amanda Peet recebeu um papel mais ousado, meio puta, meio junkie, com momentos de pura decadência. Já a Claire Danes é o modelo de namorada ideal. E como a gente tem a tendência de torcer pelo protagonista (Culkin), fiquei muito puto quando o cafajeste do Ryan Phillippe tenta tomar a namorada do irmão. Também simpatizei bastante com o personagem de Bill Pullman, o depressivo pai de família que tenta se "recuperar da vida". A ESTRANHA FAMÍLIA DE IGBY (2002) tem uma característica típica do cinema independente, que é a de mostrar personagens excêntricos, uma coisa meio Wes Anderson. O que pode incomodar um pouco é o fato de que o protagonista não parece ter tantos motivos assim para odiar a mãe (Susan Sarandon), que não passa também de uma vítima da depressão e da paranóia que estamos vivendo atualmente. Desse modo, eu não vejo o filme como uma crítica à família americana, mas como um retrato do mundo que vivemos. Tanto que a canção "Don't Panic", do Coldplay, foi muito bem escolhida para ilustrar determinada cena.

SEGUNDA CHANCE (P.S.)

Com uma atriz como Laura Linney no elenco, um filme precisa de muito pouco para me agradar. SEGUNDA CHANCE (2004) é um desses filmes devedores do talento e brilhantismo dessa atriz excepcional. Mesmo para quem não é fã dela, SEGUNDA CHANCE também conta com uma premissa bem interessante. Uma mulher de meia idade (a própria Laura) que trabalha numa conceituada universidade um dia se surpreende ao ver entre os candidatos a uma vaga na universidade um jovem - Topher Grace - que tem o mesmo nome de um antigo namorado que morreu anos atrás num acidente de carro. Ela fica ainda mais impressionada ao ver o rapaz pessoalmente. Surge a tentação de iniciar um relacionamento com um rapaz bem mais jovem e que é, pra ela, o fantasma de um grande amor. Gosto muito da cena dos dois de frente para o espelho, a Laura falando sobre a força destruidora do tempo. Mas já faz tanto tempo que eu vi esse filme, tanto que não me lembro mais de como termina. SEGUNDA CHANCE não chega a ser tão bom e emocionante como CONTE COMIGO (2000), mas é bem gostoso de ver. Também no elenco: Gabriel Byrne e Marcia Gay Harden. Visto em DVD.

NAPOLEON DYNAMITE

Chega com certo atraso ao mercado de DVD - e quase que simultaneamente com NACHO LIBRE (2006) -, o longa de estréia de Jared Hess, NAPOLEON DYNAMITE (2004). Apesar de muito esquisito, o filme fez muito sucesso nos Estados Unidos, ganhando até prêmio principal no MTV Movie Awards de 2005. Trata-se de mais um filme que gosta de personagens esquisitos. O protagonista do filme é um nerd bem estereotipado que todos os colegas da escola querem manter distância. O irmão dele consegue ser ainda mais ridículo que ele. O cara tem 32 anos e se veste como se tivesse 15. Napoleon arranja um amigo quando chega na escola o mexicano Pedro. O filme começa a ficar mais engraçado quando os dois amigos tentam conseguir um par para o baile. Inclusive, nesse baile, rolam aquelas canções meio bregas dos anos 80, como "Time After Time", da Cyndi Lauper, e "Forever Young", do Alphaville. Agora, o filme é um elogio aos freaks ou só serve mesmo pra tirar onda com eles? Entre os extras presentes no DVD, tem o curta PELUCA (2003), que nada mais é que um esboço do que seria o NAPOLEON DYNAMITE. E só agora eu fiquei sabendo da tal cena adicional de cinco minutos pós-créditos. Pô, ninguém pra me avisar...

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