segunda-feira, dezembro 18, 2006

007 - CASSINO ROYALE (Casino Royale)



Apesar de ser o melhor James Bond em muitos anos e de ter se permitido algumas inovações, 007 - CASSINO ROYALE (2006) ainda é uma criatura se remexendo dentro de uma camisa de força. Diferente da série MISSÃO: IMPOSSÍVEL, que faz questão de convidar cineastas de personalidade e força criativa, a cine-série de James Bond sempre se caracterizou por chamar cineastas pouco inventivos, próximos da mediocridade, para salvaguardar o estilo da série. Por isso que os produtores não aceitaram quando Quentin Tarantino se prontificou a dirigir CASSINO ROYALE. Disseram que Tarantino teria um estilo muito próprio e faria algo que destoaria totalmente de tudo que havia sido produzido para a série. Assim, para a missão de "renovar" James Bond, chamaram Martin Campbell, cineasta que havia dirigido o primeiro dos filmes estrelados por Pierce Brosnan - 007 CONTRA GOLDENEYE (1995). Quer dizer, no que se refere à direção, não há inovações. O que diferencia CASSINO ROYALE dos outros filmes de James Bond é algumas mudanças na caracterização do personagem e a presença bastante significativa de Daniel Craig, fazendo o mais diferente dos agentes 007 até hoje. Loiro, feio, com pouca classe e mortal e impiedoso como Jack Bauer. Aliás, não deixa de ser interessante notar como Jack Bauer hoje virou parâmetro de comparação.

Outra novidade interessante - principalmente pra quem, como eu, nunca assistiu a 007 A SERVIÇO DE SUA MAJESTADE (1969) - é ver James Bond apaixonado de verdade por uma mulher. Como o filme mostra o agente no começo de carreira, pode-se entender que ele ficaria cínico com assuntos do coração depois do que aconteceu com a sua amada, Vesper Lynd (Eva Green, que me pareceu pouco à vontade no papel). Entre as seqüências de ação, a que eu mais gostei foi a da perseguição em Madagascar. Bond arranja como adversário um sujeito capaz de saltar feito um demônio. Já o prólogo em preto e branco me pareceu desnecessário e com pouco impacto visual e dramático. Ao menos a luta no banheiro me fez lembrar de uma das melhores seqüências de CORTINA RASGADA, de Alfred Hitchcock. Claro que Hitch se saiu muito melhor, mas é melhor esquecer esse tipo de comparação.

Quanto ao tema cantado por Chris Cornell ("You Know My Name"), trata-se de outro ponto positivo para o filme. Não sei porque razão ao falar de Cornell, lembrei-me de Le Chifre, o banqueiro das organizações terroristas que chora lágrimas de sangue. Le Chifre, interpretado por Mads Mikkelsen, é provavelmente um dos mais memoráveis vilões da série. Apesar de a franquia não ser adepta da violência gráfica, pode-se dizer que esse é o mais violento filme de James Bond já feito. Até cenas de tortura o filme tem. Claro que nada que impressione os espectadores de hoje, acostumados com coisas mais hardcore como JOGOS MORTAIS.

Deu pra perceber que eu não sou bem o que se pode chamar de fã de James Bond. Os fãs devem ter sentido falta das bugingangas, que tiveram o seu auge na era Roger Moore, mas que estiveram sempre presentes nos filmes protagonizados por Pierce Brosnan também. Quanto às Bond girls, dessa vez há apenas duas, sendo que numa delas Bond nem chegou a terminar o "serviço".

Ainda não falei sobre as seqüências no cassino. Ao contrário do que eu esperava, as cenas de jogos de baralho estão longe de serem monótonas, até porque elas são recheadas com cenas de ação. Numa delas, o coração de Bond chega até a parar. Se bem que morrer e ressucitar não é bem novidade pra quem acompanha as aventuras de Jack Bauer na série 24 HORAS. Mas pra não terminar deixando uma impressão negativa do filme, lembro que o andamento e a montagem de CASSINO ROYALE é dos melhores da história da série. Quase não se sente as quase duas horas e meia de duração. Ponto para o montador Stuart Baird e para o trio de roteiristas.

P.S.: Marcelo Miranda retornou à blogosfera depois de um longo tempo afastado.

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