sexta-feira, setembro 29, 2006

À BEIRA DO ABISMO (The Big Sleep)























Mais um filme de Howard Hawks que eu tive o privilégio de assistir. Mas esse deu um trabalhão pra conseguir. Depois de tentar baixar o filme através de dois links que sempre estacionavam nos 52%, consegui um outro link que baixou rapidinho. Em menos de um dia.

À BEIRA DO ABISMO (1946) é a segunda parceria de Hawks com Humphrey Bogart e Lauren Bacall, depois do sucesso de UMA AVENTURA NA MARTINICA (1944). Não gostei tanto quanto o filme anterior. Principalmente porque a estória não faz o menor sentido, uma confusão sem tamanho. Parece que Hawks fez o filme mesmo pra confundir. Em entrevista para Peter Bogdanovich, o cineasta afirmou que nem ele nem os roteiristas conseguiram decidir quem havia matado determinado personagem. Hawks orgulhava-se de ter feito um filme que desarmou os críticos, "porque eles tentavam ser tão espertos quanto o sujeito do filme, e fracassavam." Fico imaginando a expressão de confuso do público ao sair do cinema na época. O roteiro do filme é de autoria de William Faukner, a partir do romance de Raymond Chandler. Será que o livro do Chandler é tão complicado e insolúvel quanto o filme? Suspeito que não.

Hawks leva às últimas conseqüências o fato de que em seus filmes as mulheres são atiradas. Eu adoro as mulheres hawksianas. Talvez por querer que todas as mulheres sejam um pouco assim. No filme, todas as mulheres dão em cima do detetive Philip Marlowe (Bogart), desde as taxistas até as vendedoras de livros. Eu me amarrei na Dorothy Malone, que aparece linda e sensual no papel de uma atendente de livraria. Em questão de minutos, Marlowe encanta a mulher e eles dão umazinha enquanto a chuva passa. Claro que isso não é mostrado, é substituído por uma elipse, mas não deixa de ser bastante excitante. Aliás, gostei mais da Dorothy do que da própria Bacall, que tem uma beleza um tanto estranha pra mim. Vai ver porque eu me lembro dela já velha.

Um detalhe que me chamou a atenção foi os maneirismos de Humphrey Bogart. O jeito como ele mexe com a boca, coça o queixo ou reage a algum flerte me lembrou o Jerry Seinfeld. Será que mais alguém reparou nisso também? O fato de o filme mostrar personagens o tempo todo fumando, dos créditos iniciais até os finais, causa uma certa estranheza nos dias de hoje, em que o tabagismo é quase um crime. O bom é que dá pra ignorar a estória e ver outros detalhes como: a fotografia e o clima noir, os diálogos rápidos característicos de Hawks, o humor, como na cena em que Bacall coça a perna, a trilha sonora de Max Steiner, a sucessão de novos nomes e rostos que aparecem para complicar ainda mais a trama, e, claro, as grandes caracterizações de Bogart, Bacall, Martha Vickers e Dorothy Malone. Não entra no meu top 10 do Hawks, mas ainda assim é imperdível.

Para os fãs de Bogart, uma boa notícia: vi no blog do Sergio Andrade que está saindo nos Estados Unidos uma edição especial tripla de O FALCÃO MALTÊS / RELÍQUIA MACABRA, de John Huston, filme que quase foi dirigido pelo Hawks.

quinta-feira, setembro 28, 2006

TOP 20 ANOS 60

1. 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO (Stanley Kubrick)
2. HATARI! (Howard Hawks)
3. PSICOSE (Alfred Hitchcock)
4. OS PÁSSAROS (Alfred Hitchcock)

5. O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA (John Ford)
6. BEIJOS ROUBADOS/PROIBIDOS (François Truffaut)
7. O PROCESSO DE JOANA D'ARC (Robert Bresson)
8. TRÊS HOMENS EM CONFLITO (Sergio Leone)

9. AS TRÊS MÁSCARAS DO TERROR (Mario Bava)
10. VIVER A VIDA (Jean-Luc Godard)
11. A NOITE DOS MORTOS-VIVOS (George Romero)
12. O LEOPARDO (Luchino Visconti)


13. A DOCE VIDA (Federico Fellini)
14. O BEBÊ DE ROSEMARY (Roman Polanski)
15. O TIRO CERTO (Monte Hellman)
16. A BELA DA TARDE (Luis Buñuel)

17. NOITE VAZIA (Walter Hugo Khouri)
18. OLHOS SEM ROSTO (Georges Franju)
19. VIDAS SECAS (Nelson Pereira dos Santos)
20. O INFERNO É PARA OS HERÓIS (Don Siegel)

A década de 60 foi talvez a mais efervescente da história do cinema. Se por um lado, o cinema americano estava passando por uma crise de idéias, no resto do mundo novas formas de se fazer cinema proliferava. Nouvelle Vague, Cinema Novo, Western Spaghetti, Horror Italiano. E ainda havia o trabalho excepcional de mestres italianos como Fellini e Visconti no auge criativo. Outros dois gênios do cinema, Luis Buñuel e Robert Bresson, compareceram com suas pérolas muito pessoais. No Brasil, nadando contra a corrente, o meu cineasta brasileiro preferido, Walter Hugo Khouri, realizava seus belos filmes, influenciado pelo cinema de Bergman e Antonioni.

Para o cinema americano, o ano de 1962 foi bastante simbólico. É como se fosse o último ano de uma geração de gigantes do cinema americano. Por isso, dois dos maiores cineastas de todos os tempos, John Ford e Howard Hawks, presentearam a humanidade com duas obras-primas pra se assistir de joelhos e com a mão no coração. Depois desse ano, como o cinema mainstream americano estava em decadência, do cinema B surgiram nomes como Monte Hellman e George Romero para dar uma sacudida geral. Do cinema B também veio Don Siegel, que nos anos 60 já podia se dar ao luxo de fazer um belo filme de guerra que não parecesse uma produção de fundo de quintal.

Alfred Hitchcock, o mestre do suspense, foi responsável pelo fato de eu ter subvertido uma regrinha que eu havia criado: a de colocar apenas um título para cada realizador. Mas como eu achei impossível escolher entre PSICOSE e OS PÁSSAROS, deixei de besteira e coloquei logo os dois. São os dois filmes de Hitchcock que podem ser vistos como cinema de horror. Falando no gênero, a década pariu um de seus melhores e mais famosos títulos: O BEBÊ DE ROSEMARY, de Roman Polanski, filme que até hoje dá muito o que falar. Não tão conhecido, mas cultuado por quem teve o prazer de conhecer é OLHOS SEM ROSTO, de Georges Franju.

Os anos 60 foram a década do filme mais ambicioso de que se teve notícia: 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, de Stanley Kubrick. O filme transcende o gênero da ficção científica e abarca milhões de anos para refletir sobre a humanidade e a existência.

Esse top 20 foi elaborado por ocasião de uma brincadeira promovida pela Liga dos Blogues Cinematográficos. 42 membros votaram e 193 filmes foram citados. O resultado final poderá ser conferido no domingo à noite.

quarta-feira, setembro 27, 2006

LANCELOT DU LAC



É impressão minha ou os filmes do Bresson vão ficando cada vez mais herméticos e confusos? Por não ter conseguido ainda cópias de UNE FEMME DOUCE (1969) e QUATRO NOITES DE UM SONHADOR (1971), tive de dar um pequeno salto em sua filmografia. Assim, cheguei a esse LANCELOT DU LAC (1974), sua visão bem pouco comum da Távola Redonda. Voltando à questão da complexidade narrativa, já tinha percebido isso nos anteriores A GRANDE TESTEMUNHA (1966) e MOUCHETTE, A VIRGEM POSSUÍDA (1967). São filmes que precisam de uma ou duas revisões para que sejam melhor assimilados, tanto no aspecto narrativo, quanto no sentido de buscar as reais motivações do cineasta.

LANCELOT DU LAC já começa de maneira bem estranha, mostrando cavaleiros duelando, sendo que um deles tem a cabeça decepada. O sangue esguicha como se estivéssemos assistindo a um filme de terror gore ou a KILL BILL, do Tarantino. Assim como a espada decepa a cabeça do cavaleiro, Bresson durante boa parte do filme corta a cabeça dos personagens. Em vários momentos, a câmera focaliza os cavalos no lugar dos cavaleiros. Tem uma cena de torneio onde não vemos praticamente nada a não ser umas bandeiras e as patas dos cavalos. Isso passa uma sensação incômoda ao espectador. Senti-me como se estivesse com algo tapando minha visão. Essa importância do que não aparece no enquadramento já havia sido explorada naquele que eu considero a obra-prima de Bresson: O PROCESSO DE JOANA D'ARC (1962). Porém, em LANCELOT DU LAC, o diretor leva isso às últimas conseqüências.

Acreditando que todo mundo já conhece a história clássica do triângulo amoroso Rei Arthur-Guinevere-Sir Lancelot, Bresson fornece poucas informações sobre a trama do filme. Quase todo mundo conhece a história trágica da rainha que se apaixona e tem um caso com o cavaleiro mais importante do reino. E de como isso destruiu uma nação. Bresson nos apresenta um Lancelot atormentado pela dúvida: deveria ele abandonar o amor para salvar a Távola Redonda? Já Guinevere aparece como uma mulher narcisista e que tem a convicção de que o mais importante é seguir com a relação, não importando os danos que isso possa causar. Rei Arthur aparece pouco, mas acredita que o fracasso da busca pelo Santo Graal se deve ao adultério de Guinevere. Por causa do adultério, Deus não permitiu que eles fossem bem sucedidos em seu intento.

Um dos cavaleiros mais importantes do filme e o personagem de sentimento mais nobre é Sir Gawain, que aparece tanto ou mais que Lancelot. Talvez seja ele o que mais aparece em closes. Gawain, já sabendo que o reino está por um triz, tenta a todo custa defender a honra de Lancelot e de Guinevere, ao contrário do traiçoeiro Mordred. LANCELOT DU LAC não diz, mas nos filmes que eu vi e nos quadrinhos que eu li, Mordred é o filho de Arthur com sua própria irmã, Morgana. No filme de Bresson, nem Morgana nem Merlin são citados. Bresson transforma um épico de grandes proporções num filme modesto e seco. Se nos típicos dramas bressonianos a sensação de estranheza já é rotineira, imagina isso num filme que poderia ser um épico. As interpretações desdramatizadas dos modelos tornam-se ainda mais gritantes.

Um dos detalhes que mais chamam a atenção no filme é o das armaduras dos cavaleiros. Como a trilha sonora é praticamente nula, o silêncio é entrecortado pelo som das armaduras de ferro, rangendo sempre que os homens se mexem. Muitas vezes ficamos sem saber quem está usando a armadura por causa do elmo que cobre todo o rosto do cavaleiro.

Interessante saber que a idéia de fazer um filme sobre os cavaleiros do Rei Arthur já havia sido considerada por Bresson no começo de sua carreira. Ele queria fazer o filme já na época de DIÁRIO DE UM PADRE (1951). E naquele tempo, como ele não era tão radical com essa coisa de não trabalhar com atores profissionais, ele até cogitava escalar Burt Lancaster e Natalie Wood. Fico imaginando como seria a Natalie num filme de Bresson. Taí algo difícil de imaginar.

terça-feira, setembro 26, 2006

TERROR EM SILENT HILL (Silent Hill)



Um dos melhores filmes do ano, TERROR EM SILENT HILL (2006), de Christophe Gans, é daquelas obras que fornecem prazer estético para quem se permitir curtí-lo. O filme me conquistou logo na seqüência de abertura, em que Radha Mitchell está à procura da filha sonâmbula num bosque. Em certa altura, a câmera mergulha no abismo. Naquele momento, eu percebi que esse filme era especial.

Pra mim, não se trata nem de um filme tão assustador. O que eu mais gostei foi do tratamento visual, que lembra em alguns momentos os filmes do Lucio Fulci, só que com mais requinte e mais luxo. Por isso que eu recomendo a todos que vejam o filme no cinema, de preferência na melhor e maior sala da cidade. E melhor ainda se você ficar sentado mais perto da tela para "entrar" com mais facilidade em seu universo fantástico e se deleitar com suas belas imagens.

TERROR EM SILENT HILL é, sem sombra de dúvida, o melhor filme baseado num game já realizado. Nem falo de adaptação, já que eu nunca me liguei em videogame e não conheço o jogo, mas do filme em si, que tem vida própria e uma atmosfera de pesadelo constante. O filme é um projeto multinacional (Canadá, França, Estados Unidos e Japão). A companhia japonesa Konami é detentora dos direitos do videogame e Gans teve que insistir muito para que o projeto saísse do papel, tendo inclusive produzido por conta própria uma cena para mostrar como seria o filme. Uma pena que Chritophe Gans demore tanto tempo para realizar seus filmes. Seis anos separam COMBATE - AS LÁGRIMAS DO GUERREIRO (1995) de PACTO DOS LOBOS (2001), e mais cinco anos separam PACTO DOS LOBOS de SILENT HILL.

Roger Avary, além de ser um ótimo roteirista (PULP FICTION é obra dele), também tem grandes filmes como diretor. Quer dizer, ele é um cara que sabe não apenas criar boas falas e situações; sabe também pensar através de imagens. Tanto que SILENT HILL quase não tem diálogos. Só lá pelo final é que começa a haver mais falas, até para explicação do que estava acontecendo. Mas os primeiros dois terços do filme são delírios visuais. E o que é melhor: temos o prazer de ver Radha Mitchell mais linda do que nunca correndo o tempo todo. A mulher, mesmo quando está coberta de sangue e cinzas continua linda. E que excelente atriz ela é. Ela confere verdade à personagem da mãe que vai com a filha a uma cidade fantasma com o objetivo de tentar entender os pesadelos recorrentes da menina.

E é interessante como o filme é das mulheres. Christophe Gans só aceitou que houvesse o personagem do marido de Radha por imposição do estúdio. Por ele, o filme seria inteiramente estrelado por mulheres. Mulheres e monstros. O monstro-mor do filme é aquele grandão que tem na cabeça uma pirâmide que faz com que ele se pareça com um deus egípcio. Impressionante a cena em que ele arranca a pele de uma pessoa de uma só tacada. Porém, acredito que o motivo da censura 18 anos do filme tenha sido a cena da fogueira. Se nos filmes da Joana D'Arc, ou em DIAS DE IRA, do Dreyer, eu já me sentia em agonia com a cena da morte, nesse filme pude ver com detalhes o efeito do fogo sobre a carne da vítima. E outro detalhe interessante é que o demônio no filme é mais gente boa do que o grupo de fanáticos.

segunda-feira, setembro 25, 2006

O DIABO VESTE PRADA (The Devil Wears Prada)



A estréia mais importante da semana - mercadologicamente falando, é bom explicar - foi O DIABO VESTE PRADA (2006), de David Frankel, diretor pouco conhecido que teve experiência com séries de tv, tendo dirigido alguns episódios de SEX AND THE CITY. Inclusive, suspeito que essa série seja o elo de ligação com o filme, já que também trata de pessoas que se ligam em moda - lembram que a Carrie era viciada em comprar sapatos caros?

Em O DIABO VESTE PRADA, Anne Hathaway (DIÁRIO DE UMA PRINCESA, O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN) é uma jovem jornalista recém-formada que procura emprego numa famosa revista de moda de Nova York. Apesar de não se vestir tão bem quanto o necessário, ela consegue a função de assistente de Miranda Priestly (Meryl Strep, em grande interpretação). Miranda é uma mulher temida por sua arrogância, exigência e crueldade com seus funcionários. A entrada em cena dela e o desespero de quem trabalha na revista é um dos momentos-chave para passar a imagem de carrasca da mulher.

Anne Hathaway consegue a façanha de não ficar apagada diante da presença de Meryl Streep, que lá pelo final do filme ganha um pouco de humanidade ao mostrar que também é uma pessoa que tem suas fraquezas e cuja vida pessoal é prejudicada pelo excesso de trabalho. Essa obsessão pela perfeição no trabalho também é mostrada na seqüência em que Anne conversa com Stanley Tucci sobre estar prestes a perder o namorado por causa do emprego e ele fala pra ela algo como: "Bem vinda ao clube. Avise-me quando tudo vier abaixo, aí você será promovida". Além de Tucci, quem também se destaca nos coadjuvantes é a bela inglesa Emily Blunt, que pode ser melhor apreciada no pouco visto MEU AMOR DE VERÃO. Já Gisele Bündchen aparece no filme em dois momentos fraquíssimos. Será que um dia ela ainda vai ser uma boa atriz? Quem sabe o namorado dela não conversa com o Scorsese...

Como é comum nas comédias americanas conteporâneas, a trilha sonora costuma trazer algumas boas canções pop. As canções de destaque do filme são "Vogue", da Madonna, "City of Blinding Lights", do U2, "Crazy", na versão de Alanis Morrissette. Nenhuma novidade, mas ouvir essas músicas no cinema, ainda que incompletas, é muito bom.

Sobre o mundo da moda, acredito que o mundo fica mais bonito por causa das mulheres (e dos gays), que cuidam de vestir as pessoas melhor, de cuidar bem do ambiente. Acredito que no futuro, se houver uma hecatombe nuclear ou algo parecido, as pessoas verão esses filmes em que as pessoas se vestem lindamente e tudo é muito chique e talvez elas vejam isso como o auge da sociedade ocidental. Sobre as pessoas superficiais, que só se interessam por roupas e beleza estética, elas sempre vão existir, independente de classe social. Não sou eu quem vai julgá-las.

sexta-feira, setembro 22, 2006

PAIXÕES QUE ALUCINAM (Shock Corridor)



"Sam Fuller não é um iniciante, ele é um primitivo; sua mente não é rudimentar, ela é rude; seus filmes não são simplistas, eles são simples; e é essa simplicidade que eu mais admiro."
(François Truffaut)

Foi só agora, vendo PAIXÕES QUE ALUCINAM (1963), que eu entendi o porquê da crítica americana ter subvalorizado a obra de Samuel Fuller. Pelo menos até os jovens cineastas franceses da Nouvelle Vague começarem a cultuar e a louvar o trabalho do cineasta. Esse foi apenas o quarto filme de Fuller que eu vi e o primeiro que percebo com mais força um estilo que fornece munição para que os detratores o chamem de trash ou algo parecido. Claro que hoje em dia esse tipo de comentário é quase impossível de se ver, tendo em vista a fama e o respeito que o cineasta adquiriu.

PAIXÕES QUE ALUCINAM conta a história de um jornalista (Peter Breck) que se faz de louco para entrar num hospício com dois objetivos: a) descobrir quem foi o autor de um assassinato mal resolvido; e b) ganhar o prêmio Pulitzer pelo furo de reportagem. Constance Towers, que também pode ser vista no filme imediatamente posterior de Fuller, O BEIJO AMARGO (1964), faz o papel de namorada do jornalista. Ela também se disfarça de dançarina de boate para fins jornalísticos, mas é totalmente contra o fato de o namorado se submeter a tal situação, sob o risco de se tornar, ele também, um louco. Lembrando que em O BEIJO AMARGO Constance também fingia ser o que não era. Ou ao menos, tentava esconder o seu passado. Assim como esses personagens, Fuller talvez fosse uma espécie de contrabandista. Falava de política e de problemas sociais em seus filmes disfarçados de filmes exploitation ou de gênero.

A influência de PAIXÕES QUE ALUCINAM em outros filmes de manicômio conhecidos, como O ESTRANHO NO NINHO ou BICHO DE SETE CABEÇAS, é evidente. Inclusive, comparando com o filme brasileiro, há uma semelhança muito grande entre o personagem do Ceará no filme de Laís Bodanszky e o do gordo que fica cantando ópera no ouvido de Peter Breck. Suspeito que Laís fez uma espécie de homenagem a Fuller no seu trabalho.

PAIXÕES QUE ALUCINAM foi filmado em preto e branco, mas as seqüências de delírio dos personagens aparecem em cores. A impressão que eu tinha era de que as seqüências em cores não haviam sido filmadas por Fuller, mas me enganei. Soube pelo blog de André ZP que o cineasta dirigiu ele mesmo essas seqüências fora dos Estados Unidos.

O filme tem o seu fascínio, mas tenho que confessar que o achei um pouco cansativo, ainda que dê um gás lá pelo final. Dos filmes de Fuller que vi, foi o que menos gostei. Talvez também pelo fato de ter assistido com legendas em espanhol, o que normalmente me dá nos nervos. Fico sem saber o que prestar atenção: se no áudio em inglês ou na legenda. Por isso que o espanhol é sempre a terceira opção quando estou atrás de legendas para divx. Inclusive, só apelei para o divx porque não encontrei o DVD da Aurora nas locadoras daqui da cidade.

quinta-feira, setembro 21, 2006

CARL TH. DREYER - RADIOGRAFIA DA ALMA (Carl Th. Dreyer: Min Metier)



Documentário presente na caixa lançada pela Magnus Opus, CARL TH. DREYER - RADIOGRAFIA DA ALMA (1995), de Torben Skjødt Jensen, dá uma geral na obra de um dos mais importantes cineastas de todos os tempos. Como o filme contém trechos de filmes do mestre, depoimentos de pessoas que trabalharam com ele, além da leitura de reflexões do próprio cineasta, não tem como ser ruim. Mas é o tipo de documentário que funciona melhor mesmo como extra de DVD. E é recomendado principalmente a quem já viu os filmes de Dreyer, especialmente DIAS DE IRA (1943) e A PALAVRA (1955), já que são mostradas cenas cruciais dessas obras-primas.

O que eu senti falta no documentário foi da total ausência de A QUARTA ALIANÇA DA SRA. MARGARIDA (1920). Depois de THE PRESIDENT (1919), o documentário fala um pouco de PÁGINAS DO LIVRO DE SATÃ (1921) e de MIKAEL (1924) e parte logo para aquele que é dos três filmes mais importantes de Dreyer: A PAIXÃO DE JOANA D'ARC (1928). Com direito a depoimento da filha de Maria Falconetti, Hélène Falconetti. Ela não dá muita corda para a lenda que diz que Dreyer era excessivamente perverso com suas atrizes. Mesmo assim, o fato de Falconetti ter abandonado o cinema logo depois de fazer esse filme ainda passa a impressão de que ela ficou realmente traumatizada. Talvez por ter "entrado" de verdade na personagem, tendo inclusive topado fazer aquela forte cena da cabeça raspada.

O documentário apresenta também uma rápida visita ao castelo onde foi filmado O VAMPIRO (1932). Mas o grosso de material, até pela maior facilidade de encontrar pessoas vivas relacionadas aos filmes é mesmo dos três últimos trabalhos de Dreyer. A atriz de DIAS DE IRA, Lisbeth Movin, apesar da idade avançada, ainda apresenta aqueles olhos hipnotizantes de quando era jovem. Definitivamente, ela foi uma escolha perfeita para o papel. Ainda sobre DIAS DE IRA, o documentário fala um pouco sobre aquela história fascinante e maior exemplo da crueldade de Dreyer, de quando ele deixou aquela pobre senhora que faz a cena da fogueira amarrada enquanto todos pararam a filmagem para almoçar. A velhinha deve ter chorado o dia inteiro depois disso.

Como havia pouco material do próprio Dreyer falando, o filme utiliza o recurso da leitura de frases de efeito e de manuscritos do cineasta. Dreyer não teve uma vida tão extraordinária fora dos filmes como um Werner Herzog ou um Roman Polanski e talvez por isso tenha recusado tantas vezes em fazer o documentário. Só aceitou quando concordaram em focalizar mais na obra do que na vida, o que foi uma escolha lógica.

quarta-feira, setembro 20, 2006

PAUL McGUIGAN EM TRÊS FILMES



De vez em quando acontece de eu me interessar pela obra de um diretor, tendo visto apenas um único filme dele. Pode ser bobagem, já que existem diretores que só tem no currículo um só filme de respeito, sendo que o restante seria de filmes medíocres. O escocês Paul McGuigan me chamou a atenção quando eu assisti PAIXÃO À FLOR DA PELE (2004), belíssimo filme romântico que lida com conspirações do destino e Lei de Murphy. Ao menos, foi assim que eu o vi. Esse foi o primeiro trabalho dele em Hollywood e pra mim continua sendo, de longe, o seu melhor filme. No último final de semana estreou XEQUE-MATE (2006), com um elenco estelar e a retomada da parceria com o jovem ator Josh Hartnett. Aproveitando a estréia do novo filme, peguei pra ver mais dois filmes de McGuigan. Abaixo, o velho esquema curto e grosso, rápido e rasteiro.

OS GÂNGSTERS (Gangster No. 1)

O que mais me chamou a atenção nesse filme foi o desempenho de Paul Bettany. Não tinha percebido o quanto ele é bom, o quanto ele é mal aproveitado nos filmes. Em OS GÂNGSTERS (2000), Bettany é um jovem gângster de espírito maligno que não hesita em matar e matar para atingir os seus objetivos. Malcom McDowell é o mesmo gângster, só que mais velho. Ele que narra a estória e aparece apenas no começo e no final. Impressionante como o filme cai quando McDowell retorna. Se o diretor tivesse excluído McDowell e colocado algum tipo de maquiagem para envelhecer Bettany, como fizeram com David Thewlis, com certeza teríamos um resultado melhor. Impressionante a expressão diabólica de Bettany em vários momentos do filme. Nesse filme, McGuigan já demonstrava um certo apuro visual que se tornaria evidente nos trabalhos posteriores. Gravado da Globo.

CRIME DE PAIXÃO (The Reckoning)

O diretor gostou tanto do trabalho de Bettany que recrutou o ator para protagonizar CRIME DE PAIXÃO (2003), filme que se passa na Idade Média e que conta também com Willem Dafoe. Suspeito que Bettany foi chamado para fazer O CÓDIGO DA VINCI depois que os executivos o viram nesse filme, já que o figurino usado por ele é bastante parecido nos dois filmes. O maior problema desse filme é a estória, pouco envolvente. Na trama, Bettany é um padre fugitivo que ingressa num grupo circense. O grupo alcança visibilidade numa vila quando decide encenar um controverso assassinato. Também no elenco, Vincent Cassel. Visto em DVD.

XEQUE-MATE (Lucky Number Slevin / Lucky # Slevin / Lucky Number S7evin)

Com um elenco de peso desses, bem que XEQUE-MATE podia ter sido melhor vendido pela distribuidora. Além de Josh Hartnett, o filme conta com Bruce Willis, Lucy Liu, Morgan Freeman, Ben Kingsley e Stanley Tucci. Josh Hartnett é um rapaz que se envolve com dois chefões do crime depois de ter sido confundido com outra pessoa. A estória é intrincada, mas é bem divertida de acompanhar. É o caso de filme onde nada é o que parece. Lucy Liu está uma graça como o interesse amoroso do protagonista. Mas no geral, não tenho muito o que dizer sobre o filme. É o tipo de diversão escapista tão fácil de ver quanto de esquecer. Visto em divx.

P.S.: Tem coluna nova no CCR, abordando o tema da memória.

terça-feira, setembro 19, 2006

A CASA DO LAGO (The Lake House)



"There is something that you should know
Girl of your dreams is
Here all alone
The girl of your dreams is
Sad and is all alone"

(Morrissey - "Southpaw")

Quando estou sozinho, costumo acreditar que em algum lugar do mundo a mulher dos meus sonhos está vivendo a sua vida, provavelmente também insatisfeita e sentindo-se incompleta. Não sei se acredito em alma gêmea, mas acredito em química perfeita entre duas pessoas, o que talvez seja a mesma coisa. O cinema, como forma de arte mais próxima do sonho, tem o poder de tornar real aquilo que só existe em nossa imaginação. No cinema, o que é impossível torna-se possível. O tema do amor impossível e que ultrapassa barreiras, tantas vezes utilizado em uma infinidade de filmes, de vez em quando encontra uma brecha original. A CASA DO LAGO (2006), de Alejandro Agresti, é uma dessas obras. Na verdade, o filme propriamente dito nem é tão original assim, já que trata-se de uma refilmagem do coreano SIWORAE (2000), mas para nós, espectadores ocidentais, essa é uma história bem nova. E duvido que o filme coreano tenha a mesma delicadeza do filme de Agresti.

A CASA DO LAGO é a história de duas pessoas separadas pela barreira do tempo. Dois anos os separam; uma caixa de correio os une. Keanu Reeves está em 2004, Sandra Bullock, em 2006. Ambos na mesma casa. O principal objetivo dos dois é encontrar uma maneira de driblarem o destino e se encontrarem. O que me pareceu um pouco vago no filme foi o momento em que eles iniciam a troca de correspondências. Na minha cabeça, ficou nublado o ponto inicial do relacionamento epistolar dos dois. Não lembro quem começou primeiro a escrever e de que maneira. Porém, essa "névoa" torna o filme ainda mais mágico, mais próximo do sonho.

Agresti fez um trabalho brilhante de manipulação da audiência - no bom sentido do termo . Ao mesmo tempo em que há uma preocupação para que o público entenda as alternâncias de tempo para poder "entrar" na história, em alguns momentos há a intenção mesmo de confundir, como na cena do aniversário dela, ou no momento em que ela procura uma imobiliária, lá pelo final do filme. No meio de tudo isso, destaco uma cena maravilhosa, que é a do momento em que os dois se encontram no alpendre. Ele sabia quem era ela; ela não fazia a menor idéia de quem era ele. E ele não podia falar muito, sob o risco de mudar o curso do destino, podendo inclusive, matar a relação dos dois. Pra mim, essa é a grande seqüência do filme, a que o justifica.

Há poucos coadjuvantes na trama. Os que mais se destacam são: a médica interpretada por Shohreh Aghdashloo, o pai do personagem de Keanu Reeves, interpretado por Christopher Plummer, e Dylan Walsh, de NIP/TUCK, vivendo o namorado de Sandra Bullock. Eles servem mais de apoio para que o filme não se sustente apenas na troca de correspondências do casal. Mesmo nas seqüências de correspondência, há toda uma dinâmica no modo como o casal se comunica.

Deu um pouquinho de trabalho pra eu ver esse filme. A CASA DO LAGO esteve entre as estréias dessa semana em Fortaleza. Pelo roteiro cultural, o filme estaria passando em duas salas: no Shopping Iguatemi e Shopping Aldeota. Sábado eu estava meio cansado e revoltado com algumas coisas e queria ver um filme especial. Soube atráves de um amigo que o filme não estava passando no Iguatemi; assim, fui para o Shopping Aldeota logo no começo da tarde. O que aconteceu foi que a cópia do filme ainda não havia chegado na cidade. Voltei para casa frustrado. À noite, minha irmã foi ao cinema e me conta que conseguiu ver o filme no Iguatemi. A cópia já havia chegado. Assim, no domingo, vi o filme, numa dobradinha com ABISMO DO MEDO. Não foi o tipo de filme para me fazer chorar - talvez por causa da trama um pouco intrincada - mas ainda assim foi bom demais. E como eu sou fascinado por temas como viagens no tempo e afins, o filme inteiro pra mim foi um deleite.

segunda-feira, setembro 18, 2006

ABISMO DO MEDO (The Descent)



Pra quem estava reclamando da qualidade dos recentes exemplares do gênero horror, eis que chega às telas brasileiras ABISMO DO MEDO (2005), filme contra-indicado pra quem tem problema de claustrofobia mas indicado a todos que querem ver um ótimo filme. A direção é do inglês Neil Marshall, que já havia renovado o subgênero "filme de lobisomem" com o eficiente DOG SOLDIERS - CÃES DE CAÇA (2002). Com ABISMO DO MEDO, Marshall passa imediatamente à categoria de mestre do gênero. O melhor é ver o filme sabendo o menos possível sobre a trama, para que as surpresas e os sustos funcionem com força total. O fato de ABISMO DO MEDO ser totalmente estrelado por mulheres dá um sabor especial ao filme, principalmente por causa do fator 'fragilidade'.

Na trama, um grupo de seis mulheres vai a um passeio um pouco incomum: explorar uma caverna nas Montanhas Apalaches nos Estados Unidos. Só depois que elas ficam presas, após um soterramento, é que uma delas avisa que o local era inexplorado, para desespero do grupo. Como se não bastasse o horror de se sentir enterrado vivo naquele lugar, há perigos ainda mais assustadores à espreita. Embora as criaturas que habitam a caverna demorem um bocado para aparecer, ABISMO DO MEDO já se assume como filme de horror no prólogo, que mostra o acidente violento que mata o marido e a filha de uma delas. Além do mais, quando as seis partem em seus carros para a aventura, a câmera vista do alto e a trilha sonora em tom de mistério já prenunciam que algo de perturbador está prestes a acontecer.

Até aí nada de original. Quase todos os filmes de horror que lidam com viagens a lugares estranhos são assim. Mas o que diferencia ABISMO DO MEDO do grosso do gênero é a competência do diretor em criar um clima tenso e realmente assustador. O som que as criaturas emitem parece um grunhido de porco - quem já viu um porco sendo esfolado sabe o quanto isso é perturbador - e os efeitos especiais e de maquiagem também são outro ponto forte. Nem dá pra perceber se há utilização de CGI. Como a fotografia privilegia a escuridão, deu pra disfarçar qualquer possível imperfeição nos efeitos. Mas o maior destaque é mesmo o final, que eu não vou contar aqui, claro, mas fecha com chave de ouro esse belo filme. Queria saber como é o final alternativo, exibido nos cinemas americanos. ABISMO DO MEDO disputa a minha preferência o título de melhor filme de terror do ano, junto com ESPÍRITOS - A MORTE ESTÁ AO SEU LADO e QUANDO UM ESTRANHO CHAMA.

sexta-feira, setembro 15, 2006

CRIME DELICADO



Difícil falar de uma obra que eu não entendi direito. Ao mesmo tempo, CRIME DELICADO (2005) é o tipo de filme que me fez ficar pensando nele durante um bom tempo, sem ainda conseguir encontrar respostas para as várias perguntas. A primeira delas pode resumir todas as outras: afinal de contas, CRIME DELICADO é sobre o quê? Sobre amor, sobre arte, sobre crítica? Daí surgem as outras perguntas, mais específicas: o crítico é maluco?, o pintor é um charlatão?, sua obra é pornográfica?, a modelo está sendo usada como objeto ou alcançando a libertação? E mais: qual o objetivo principal daquelas cenas de peças teatrais?

Mas é melhor eu parar com tantas perguntas, senão isso aqui vai ficar parecendo uma entrevista que conta com a participação apenas do entrevistador. Assim, ainda confuso em estabelecer o que senti ou pensei sobre o filme, vou aos poucos tentando descrever minhas impressões.

Antes de mais nada, não custa lembrar que CRIME DELICADO foi durante muito tempo um dos filmes mais aguardados do ano pra mim. Isso porque eu sou daqueles que consideram O INVASOR (2002) o melhor filme brasileiro dos últimos, sei lá, dez ou quinze anos. Por isso que não deixa de ser um pouco frustrante perceber que o novo filme de Beto Brant é totalmente diferente dos seus três primeiros filmes, mais parecidos com thrillers policiais. Dessa vez, Brant abandona os travellings e utiliza mais câmera parada, abandona os espaços abertos e se fecha em quatro paredes, abandona o modelo clássico-narrativo para ingressar nas experimentações da vanguarda.

Antes mesmo de eu ver o filme, já havia ficado impressionado com a coragem de Lilian Taublib, a moça que, na adolescência, perdeu uma perna por conta de um câncer e que aceitou fazer o papel de Inês, uma modelo que mora num ateliê de um pintor (Felipe Ehrenberg) que explora o seu corpo para produzir suas obras, que se apoiam no fetichismo, no corpo incompleto da moça.

Pra mim, o melhor momento do filme é o do primeiro encontro de Inês com o crítico Antonio Martins (vivido por Marco Ricca). Ela está sozinha num bar bebendo e Antonio se encanta com sua beleza e seu senso de humor. Outro grande momento vem logo em seguida, quando os dois vão para a casa de Inês e ele fica parado sem saber o que fazer. Depois disso, o filme vai ficando cada vez mais estranho e fragmentado, meio que um misto de teatro, cinema, artes plásticas e documentário.

A improvisação fica mais explícita nas cenas do bar, quando Antonio, já sentindo a paixão forte por Inês, começa a prestar atenção na vida ao seu redor. Dessa vez, sentindo-se também um participante, não apenas um observador. Inclusive, na cena em que aparece o cineasta Cláudio Assis, Ricca não passa desapercebido quando olha para a briga do casal de bêbados. Outro convidado ilustre que participa do filme é o escritor cearense Xico Sá - inclusive, não deixem de ler esta entrevista dessa figura.

Numa entrevista para a revista Teorema (edição nº 9), Beto Brant afirmou que uma chave de compreensão para o filme está no discurso final de Felipe Ehrenberg. Engraçado que como eu tomei partido desde o início do personagem do Marco Ricca, eu tive a tendência de vilanizar o personagem de Ehrenberg. Eu, erroneamente, estava vendo o filme como uma obra maniqueísta. Assim, eu via o personagem do crítico como vítima, talvez por me identificar um pouco com sua dificuldade de se socializar. E como ele é o protagonista, essa identificação se torna ainda mais fácil.

Mais agradável de ver que o próprio filme é o documentário com o making of, que vem presente no DVD da Videofilmes. O documentário é também uma maneira de ver o quanto Marco Ricca foi importante para o projeto (quase um segundo diretor), o ponto de vista do diretor de fotografia Walter Carvalho, e, principalmente, de conhecer um pouco mais sobre essa pessoa fascinante que é Lilian Taublib. Imperdível.

quinta-feira, setembro 14, 2006

THE COOLER - QUEBRANDO A BANCA (The Cooler)



Não sei se THE COOLER - QUEBRANDO A BANCA (2003) chegou a passar nos cinemas de Fortaleza. Acho que não. Meu interesse pelo filme surgiu graças ao ótimo NO RASTRO DA BALA (2006), visto recentemente. Fiquei curioso para conferir o filme que trouxe a fama, ainda que discreta, para o diretor Wayne Kramer. Não vi muita semelhança entre os dois filmes, mas ainda é cedo para estabelecer critérios de autoria nos filmes do diretor - se é que existem. O que aparece de recorrente em THE COOLER é o tipo de personagem interpretado pelo sempre muito bom William H. Macy, que ficou marcado por representar losers. Difícil de esquecer do corno deprimido de BOOGIE NIGHTS e do gênio mirim que vira um fracassado quando adulto de MAGNÓLIA, ambos de P.T. Anderson.

Dessa vez, o ator leva isso às últimas conseqüências, interpretando um sujeito azarento, que ganha a vida trabalhando de "cooler" ("pé frio") num cassino em Las Vegas. É só ele chegar perto do cara que está ganhando no jogo, que o sujeito rapidinho começa a perder tudo. Ele é tão azarado que sempre que vai tomar o café, o creme acaba justo quando chega a vez dele. Sua vida passa a mudar quando ele começa um relacionamento com a garçonete interpretada por Maria Bello. Em vez de passar azar para os jogadores, ele passa a trazer sorte. Mas as coisas não são tão simples assim e o personagem de Alec Baldwin é muito importante para a complicação da trama.

Alec Baldwin, inclusive, foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante por esse papel. Graças ao personagem de Baldwin, THE COOLER atrai também a atenção dos espectadores mais interessados no aspecto violento do filme, que o aproxima dos filmes de gângsters. Porém, o que mais me chamou a atenção no filme foi mesmo o romance pouco comum entre os personagens de Macy e Maria Bello, que até aparecem em cenas de nudez, apesar de seus corpos não serem perfeitos, ajudando a passar maior realismo e humanidade aos personagens. No entanto, mesmo com suas qualidades, o filme não dá aquele salto que faz de um pequeno filme uma grande obra. O que não quer dizer que não valha a pena dar uma conferida.

P.S.: Vale a pena dar uma conferida no curta SOZINHO no blog do André ZP.

quarta-feira, setembro 13, 2006

O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather)



Uma das poucas unanimidades que eu conheço entre cinéfilos e críticos é O PODEROSO CHEFÃO (1972). Quer dizer, pode até ter quem não goste do filme, mas até hoje eu não vi se pronunciar. O filme é uma das obras mais respeitadas e cultuadas da história do cinema. E não é pra menos. Em que outro filme podemos ver Al Pacino, Marlon Brando, Robert Duvall e James Caan juntos e dirigidos por Francis Ford Coppola? E ainda por cima, com aquela música maravilhosa de Nino Rota e a fotografia esplêndida de Gordon Willis? E pensar que Coppola quase foi demitido, que os produtores não gostaram da música de Rota, que ninguém acreditava que Marlon Brando seria o intérprete perfeito para Don Corleone, entre outras coisas difíceis de acreditar.

Interessante que Coppola, de início, não se interessou pelo projeto e só aceitou fazer porque estava muito endividado e a Paramount fez um acordo com ele que anistiava uma dívida que ele havia contraído em sua atividade como produtor independente. Ao contrário do que muita gente imagina, O PODEROSO CHEFÃO não é uma super-produção. O maior salário do filme era mesmo de Marlon Brando e se economizou bastante nas filmagens.

Pra um filme cheio de momentos gloriosos, fica até difícil selecionar uma seqüência favorita, mas se eu fosse escolher uma eu escolheria aquela em que contracenam juntos Al Pacino, James Caan e Robert Duvall no momento em que Michael Corleone (Pacino) mostra que não é mais o caçula que não suja as mãos com os negócios da família e que pretende, ele mesmo, matar o policial corrupto McCluskey. Quando a câmera se aproxima lentamente de Michael, machucado pelo soco que recebeu do policial, aquilo é um dos momentos mais mágicos da história do cinema. Meio como o despertar da besta. A cena da morte do McCluskey é outro primor, com aquele detalhe genial do som do trem passando segundos antes de Michael criar coragem e atirar nos seus dois inimigos.

O filme é tão repleto de momentos excepcionais que quando Coppola cortou boa parte da metragem com medo de que seu filme fosse levado para a edição em Los Angeles, Robert Evans, o produtor, pediu para que ele colocasse tudo de volta. Imagina só o filme com quarenta minutos a menos. Seria um desperdício. Um dos méritos de O PODEROSO CHEFÃO é o de justamente não se tratar apenas de um filme convencional de gângster e de ser muito sombrio e cheio de conversas em salas escuras. Falando em iluminação, o único momento que destoa do tom do filme é a parte em que Michael vai para a Sicília.

Vendo o filme com o comentário em áudio (legendado em português) de Coppola, soube de muitas curiosidades das filmagens. Algumas delas eu anotei:

- A primeira cena do filme começa com um close e segue com um lento recuo de câmera. Na época esse recurso foi bastante inovador.

- Coppola tirou proveito de um ator que estava muito nervoso porque iria contracenar com Marlon Brando e fez uma cena em que esse sujeito ensaia o que vai falar para o padrinho.

- O filme é cheio de familiares de Coppola. Além de Talia Shire, que faz a filha feia de Don Vito, o pai de Coppola compôs uma das tarantellas (música tradicional da Sicília), a moça que canta uma ária é prima do diretor, a mãe de Coppola aparece como figurante e a hoje cineasta Sofia Coppola, na época recém-nascida, aparece na cena do batismo no final do filme. Inclusive, Coppola mostra o quanto ainda é pai coruja. Não para de falar o quanto a Sofia era linda quando bebê.

- A cabeça de cavalo usada numa cena era de verdade. (Ok, essa todo mundo sabia.)

- A primeira tomada do filme foi a da cena de Al Pacino e Diane Keaton fazendo compras.

- George Lucas foi um dos assistentes de Coppola, tendo dirigido algumas cenas.

- Coppola foi uma espécie de cupido para Pacino e Diane Keaton. Os dois se apaixonaram durante as filmagens e ficaram juntos por um bom tempo.

- Coppola conta que uma vez quando estava num banheiro do estúdio ouviu dois caras conversando sobre ele: "Você viu esse novo diretor? O cara não sabe de nada, tem péssimas idéias." Dá pra acreditar?

- A cena da morte de Sonny (James Caan) foi inspirada em BONNIE & CLYDE - UMA RAJADA DE BALAS.

Agora eu estou querendo comprar o DVD de O PODEROSO CHEFÃO - PARTE II (1974) para dar continuidade à revisão obrigatória dessa obra fantástica. Ah, como era bom quando Coppola fazia grandes filmes. O que diabos aconteceu com ele, hein? Acabou a inspiração? Ela foi embora com a sua juventude? De todo modo, ele pode se dar ao luxo de fazer qualquer besteira, já que o que ele fez na década de 70 o redime de qualquer JACK (1996) da vida.

terça-feira, setembro 12, 2006

HERENCIA



Tenho filmes mais importantes para comentar aqui no blog, mas hoje faz exatamente dois meses que eu vi HERENCIA (2001), de Paula Hernández, em São Paulo. Aliás, esse é o último filme visto em Sampa sobre o qual faltava eu escrever aqui. A boa lembrança que eu guardo do filme é mais extra-sessão, já que estava no meu quinto dia na capital nacional da economia e assisti o filme na companhia do amigo Michel numa das luxuosas salas do Reserva Cultural. E depois, ainda saímos com a Fer pra jantar. Foi o dia em que eu a conheci pessoalmente depois de mais de cinco anos de convivência virtual.

Quanto ao filme, trata-se de uma produção argentina muito simpática que demorou cinco anos para chegar ao Brasil. É o tipo do filme que faz a gente sair do cinema mais leve e feliz, embora não seja assim tão memorável. O personagem que desperta uma identificação maior com o público é o do alemão Peter (Adrián Witzke), que chega a Buenos Aires em busca de uma moça por quem estava apaixonado e que não via há mais de um ano. O rapaz, desorientado, vai parar num restaurante italiano chefiado por Olinda (Rita Cortese), uma senhora italiana que chegou na Argentina depois da Segunda Guerra Mundial. As circunstâncias que a trouxeram para a Argentina foram semelhantes às de Peter. Depois de ser recebido com um prato na cabeça por Olinda, ele ganha uma refeição grátis e acaba retornando mais tarde ao restaurante por não ter onde ficar, já que todo o seu dinheiro foi roubado no hotel barato onde ele estava instalado.

Interessante como é mais fácil pra gente uma identificação com um estrangeiro num filme. Lembrei de CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS, cujo personagem de maior identificação com o público é justamente um alemão. E olha que o filme se passa no Nordeste do Brasil. Vai ver todos nós somos estrangeiros, mesmo no nosso país. E em qualquer lugar onde a gente vá, deve haver pessoas legais como João Miguel, no filme brasileiro, ou Dona Olívia, no argentino. E, com certeza, alguma moça bonita como Luz (Julieta Díaz) pra dar sentido a tudo.

segunda-feira, setembro 11, 2006

GALANTE E SANGUINÁRIO (3:10 to Yuma)



Faleceu no dia 30 de agosto último Glenn Ford, protagonista de GALANTE E SANGUINÁRIO (1957). Quando passei na locadora e vi o DVD do filme não pensei duas vezes e peguei logo pra assistir. A lista de melhores westerns americanos que o Carlão Reichenbach postou em seu blog ajudou a dar um empurrãozinho. Na verdade, aluguei o filme menos pelo Glenn Ford e mais pela direção de Delmer Daves, que eu conhecia apenas do excelente FLECHAS DE FOGO (1950). Quanto a Glenn Ford, nunca tinha reparado o quanto ele era um ator brilhante. Em GALANTE E SANGUINÁRIO, Ford faz o papel de um fora-da-lei cheio de magnetismo que conquista a todos com sua lábia e inteligência. Ford parece um misto de cavalheiro com assassino frio. Já o good guy do filme, o camponês interpretado por Van Heflin, em nenhum momento se equipara ao personagem de Ford. Ele é até meio burro e facilmente influenciável. É mais uma subversão de Daves, que já havia tomado partido dos índios quando isso ainda não era moda no seu FLECHAS DE FOGO.

GALANTE E SANGUINÁRIO é um misto de western com suspense, herdeiro de MATAR OU MORRER, de Fred Zinnemann. O filme de Daves não usa o recurso do tempo real, mas é muito mais elegante que o filme de Zinnemann, que parece mais western pra quem não gosta de western. GALANTE E SANGUINÁRIO já presta mais tributo ao gênero e tem um lirismo que emociona, especialmente durante a primeira metade, quando o filme ainda não se assume como um suspense. Nessa primeira parte, Glenn Ford vai com seu bando até um bar e conquista a atendente do saloon com seu charme. A música, a cargo de George Duning, é mais presente nessa primeira parte. Assim que o nosso herói, digo o nosso vilão, é capturado, a música quase que desaparece do filme, dando lugar a uma trilha sonora mais convencional de suspense. Por isso, gosto mais da primeira parte.

GALANTE E SANGUINÁRIO é baseado numa novela de Elmore Leonard. Na trama, o bando de Glenn Ford assalta uma carroça que carrega um carregamento de ouro. O cocheiro tenta reagir, leva um tiro e morre. Entre o grupo dos assaltados está Van Heflin com seus dois filhos pequenos. Pra não levar nenhum tiro, ele não reage aos bandidos, entregando até mesmo o cavalo a eles. Ao chegar em casa, a esposa dá a entender que ele deveria ter feito alguma coisa. Movido pela vergonha de ser conhecido como covarde, ele ajuda o xerife da cidade a capturar o líder do bando, que estava passando um tempo no saloon.

Atualmente, um remake do filme está sendo rodado, sob direção de James Mangold. Russell Crowe já está confirmado para interpretar o galante bandido. Para o papel do camponês, tudo indica que será Christian Bale. Vai ser um desafio e tanto para Crowe fazer um papel interpretado de maneira tão brilhante por Glenn Ford. Vamos ver como ele vai se sair.

domingo, setembro 10, 2006

O MAIOR AMOR DO MUNDO



Acho que Cacá Diegues é o cineasta brasileiro em atividade que mais fez filmes regularmente no Brasil. Levando em consideração a qualidade nem sempre boa de seu trabalho, suspeito que o cineasta seja amigo de muita gente pra que consiga com facilidade financiamento para seus filmes. Desde BYE BYE BRASIL (1979) que ele não faz um filme realmente bom. Eu até gostei de DEUS É BRASILEIRO (2003), mas a graça do filme se devia mais ao desempenho dos protagonistas. Com O MAIOR AMOR DO MUNDO (2006), Cacá Diegues comete mais erros que acertos na história de um homem que descobre que tem câncer inoperável no cérebro e decide buscar no seu passado algum sentido para o que resta de sua vida.

José Wilker é esse homem e o filme é narrado com alguns flashbacks que mostram momentos de sua infância, de sua juventude e até mesmo de antes dele nascer. Quem me chamou mais a atenção no filme foi a estreante Ana Sophia Folch, que interpreta alguém muito importante para a trama, mas sobre ela não posso contar mais que isso. Ana Sophia tem uma beleza simples e pura, que funcionou muito bem para o papel que lhe foi ofertado. Outros bons momentos do filme são os da cena de sexo de Wilker com Taís Araújo. Porém, na maior parte das vezes, O MAIOR AMOR DO MUNDO é bem enfadonho. O ONDE ANDA VOCÊ, de Sergio Rezende, pra citar um filme que também conta com um protagonista crepuscular, foi mais bem sucedido em mostrar os últimos dias de um homem "em peregrinação". E foi um filme muito mais malhado e rejeitado por público e crítica.

Outra coisa que me incomodou foi - de novo - esse negócio de bater na mesma tecla ao retratar a década de 60 como um velho clichê. Como se todo mundo naquela época tivesse participado de grêmio estudantil, entrado na luta armada contra a ditadura e tido alguma ligação com Carlos Lamarca. Quando vi isso em ZUZU ANGEL, eu aceitei numa boa, afinal o tema do filme é aquele mesmo. Sem falar que trata-se de uma história real. Já o filme do Diegues até usa uma das canções da década de 60 de Caetano Veloso para ilustrar o momento. Parece que ninguém sabe fazer mais nada diferente para retratar aquela época. Pra completar, em nenhum momento eu fiquei comovido com o drama de Antônio (o personagem de Wilker), nem fiquei interessado em saber sobre seu passado. E acredito que isso seja fundamental para que o filme funcione para o espectador. Dos filmes fracos de Diegues, O MAIOR AMOR DO MUNDO só perde para os horríveis ORFEU (1999) e DIAS MELHORES VIRÃO (1989).

sábado, setembro 09, 2006

A SETE PALMOS - A TERCEIRA TEMPORADA COMPLETA (Six Feet Under - The Complete Third Season)




Nesses últimos dias, ver um episódio diferente de A SETE PALMOS é uma das coisas mais prazerosas que eu tenho feito. Ver a série é um exercício até terapêutico pra mim, que tenho me sentido angustiado, com um aperto no peito bastante incômodo e um sentimento de abandono que retornou com toda a força. Ao mesmo tempo, eu não tenho me esforçado para modificar a minha rotina, ampliar meu círculo de amizade ou tentar contactar os velhos amigos. Bom, na verdade, eu até tenho tentado, mas de uma maneira bastante tímida. Isso porque estar sozinho em minha casa não é lá uma tortura, muito pelo contrário. Mas é que tem algo que me incomoda nisso tudo e sei que tenho estado muito triste já faz algum tempo. Por isso que a personagem com quem eu mais me identifiquei nessa terceira temporada (2003) foi a Brenda (Rachel Griffiths). Aliás, só nessa série foi que eu percebi o quanto eu gosto da Brenda. É como se eu me transferisse para o Nate (Peter Krause) e quisesse uma pessoa como ela ao meu lado.

E uma das principais características dessa terceira temporada é justamente a ausência da Brenda nos primeiros capítulos. Não sei se isso foi proposital ou se a atriz teve algum problema que a impossibilitou de participar desses episódios, mas o fato é que ela fez muita falta. E quando ela reapareceu foi uma alegria e um deleite pra mim. No começo, suas aparições eram pequenas. Até o episódio "Timing & Space", que começa com a morte do pai dela. A situação entre ela e Nate está bastante complicada, já que ele está casado com Lisa (Lili Taylor), sendo que os dois até tiveram uma filha. A relação Nate-Lisa não é das mais agradáveis, já que ela faz o tipo controladora e o fato é que Nate não a ama de verdade. Ele se esforça para gostar dela, para ser um pai de família exemplar, mas seu amor pela Brenda fala mais forte. Nem o sexo entre os dois é lá essas coisas. Talvez por isso - e agora eu vou falar um spoiler gigante - o desaparecimento de Lisa e o subseqüente sofrimento de Nate não tenham me comovido tanto. Eu não gostava da Lisa mesmo. Podemos dizer que a dor de Nate pode ter vindo mais de algum complexo de culpa do que realmente do amor que ele sentia por ela.

Nessa temporada, eu passei a gostar mais da Claire (Lauren Ambrose). Eu não ia muito com a cara dela nas temporadas anteriores, mas dessa vez, além de ela estar bem mais bonita e atraente, sua personagem teve um amadurecimento tão evidente que se torna quase impossível não gostar da menina. Ela não é mais aquela maconheira chata de antes, mas uma pessoa interessada em arte e em busca de um sentido para sua vida. Quase chorei no episódio em que ela teve que fazer um aborto e, devido a todos os problemas que sua família estava passando, ela resolveu enfrentar a barra sozinha, sem contar nada pra ninguém.

Também passei a gostar mais de David (Michael C. Hall). Talvez seja o efeito "Brokeback Mountain". No começo, a gente fica meio incomodado e achando estranho aquelas cenas de demonstração de afeto homossexual, mas depois a gente se acostuma e passa até a torcer para que a relação dele com Keith (Matthew St. Patrick) dê certo. Isso acontece de maneira mais forte no último episódio da temporada, com aquela conversa que eles têm numa igreja. Muito bonito aquilo.

Da série, quem eu ainda tenho menos simpatia é da mãe, Ruth (Frances Conroy), e de Federico (Freddy Rodriguez). Os novos nomes a aparecer no elenco são Betina (Kathy Bates), Arthur (Rainn Wilson) e George (James Cromwell), sendo que esse último, pelo visto, entra de vez para o elenco regular da série. O que é uma boa, já que Cromwell é um ótimo ator.

Uma das coisas que eu mais me impressiono com A SETE PALMOS é o fato de ela ter alcançado um nível de qualidade e sensibilidade muito alto justamente na terceira temporada, quando muitas séries já apresentam um certo declínio. Em vez disso, a série melhorou de forma quase que exponencial. E sem ter que apelar para ganchos, o que parece que é uma característica das séries da HBO - dizem que THE SOPRANOS também é assim. Teve um episódio que eu achei fabuloso. Não me lembro qual, mas o que eu sei é que ele termina com todos da família dormindo em paz e bastante contentes com o que a vida lhes ofereceu. No fundo a gente sabe que é só questão de tempo para que os problemas apareçam como uma avalanche, mas não é assim também na vida? O que acontece é que nessa terceira temporada, quase todo mundo parece sofrer de algum problema mental, a começar pela sra. Fisher que se apaixona por um rapaz que tem a idade de ser seu filho, passando por Nate, que é quem mais fica à beira da loucura. Nem preciso falar de Billy (Jeremy Sisto), o irmão maluco da Brenda, que aparece bem menos, mas que tem uma cena de grande destaque nessa temporada. É como se a vida fosse um lugar de provação, onde além da iminência da morte à espreita, também tivéssemos que nos esforçar para ficar mentalmente sãos.

quinta-feira, setembro 07, 2006

SERPENTES A BORDO (Snakes on a Plane)



Assim como acontecia com muitas produções da Hammer e com os primeiros filmes de horror da Universal, SERPENTES A BORDO (2006) nasceu apenas de um título. Sabe-se que Samuel L. Jackson aceitou protagonizar o filme sem nem mesmo ler o roteiro. Aliás, o roteiro nem estava pronto ainda quando ele topou participar. Filmes que nascem assim são despretensiosos por excelência. Se há uma pretensão, ela está em faturar uma grana preta. Não há aqui nenhuma intenção de fazer uma obra de arte, apenas um filme que atraia o público jovem, entretenha e faça muito sucesso.

SERPENTES A BORDO não é muito diferente de muitos filmes de baixo orçamento que são paridos todos os dias nos Estados Unidos em produtoras pequenas. A principal diferença é que, assim como aconteceu com A BRUXA DE BLAIR, a internet transformou o que era um filme pequeno num fenômeno de massa. Aliás, a internet foi responsável pela própria existência do filme. Se não fossem os blogueiros - em especial o autor do blog Snakes on a Blog -, o filme não teria se transformado nesse fenômeno. A princípio, a idéia era ridícula demais para ser aceita pelos executivos de Hollywood. Quem é que leva a sério um filme em que um terrorista solta um monte de serpentes furiosas num avião? Mas quem disse que todo filme precisa ser sério?

Quando eu soube que a direção do filme ficaria a cargo de David R. Ellis, eu já fiquei bastante animado. Ellis havia mostrado em seus filmes anteriores - PREMONIÇÃO 2 (2003) e CELULAR - UM GRITO DE SOCORRO (2004) - que nasceu para fazer filmes B. Só que ele teve a sorte de começar a fazer filme B com muito dinheiro envolvido. Ellis não tem o menor pudor em rechear o filme com cenas de nudez e sangue. O primeiro ataque das serpentes acontece justamente no momento em que dois namorados estão fazendo sexo no banheiro do avião. Há uma variedade grande de serpentes e, conseqüentemente, de mortes. Não esqueceram nem mesmo daquela cobra enorme que mata sua vítima quebrando-lhe os ossos para, em seguida, engolí-la inteirinha. Perto das cobras, a parte "avião prestes a cair" do filme perde um pouco a sua força.

Em comparação com seus dois filmes anteriores, SERPENTES A BORDO perde um pouco em qualidade. Talvez a super-exposição na mídia tenha, ironicamente, prejudicado o filme. Talvez o espírito do filme não combine muito com as luxuosas salas dos multiplexes de hoje. Combinaria mais com as salas de cinema empoeiradas de antigamente e com as fitas de vídeo. SERPENTES A BORDO tem o sabor de filmes trash tipo PIRANHA 2 ou daqueles filmes de formigas gigantes que passavam no SBT na década de 80. Imagino que, no futuro, depois que o filme passar várias vezes na televisão, as novas gerações vão lembrar com carinho das serpentes no avião e de um policial muito invocado.

quarta-feira, setembro 06, 2006

O ÚLTIMO MITTERRAND (Le Promeneur du Champ de Mars)



Meu interesse por O ÚLTIMO MITTERRAND (2005) veio menos pela temática (ligada à política) e mais pelo diretor. Havia visto apenas um filme de Robert Guédiguian - MARIE-JO E SEUS DOIS AMORES (2002) -, mas o suficiente para ter despertado o meu interesse por sua obra. Se bem que há mais alguma coisa que me atraiu no filme: a expectativa da morte ocasionada por uma doença fatal. Tenho uma atração mórbida por coisas desse tipo.

O ÚLTIMO MITTERRAND narra o laço afetivo que se estabelece entre o jornalista Antoine Moreau (Jalil Lespert) e o Presidente François Mitterrand (o veterano Michel Bouquet, excelente), em seus últimos meses de vida. Antoine prepara um livro de memórias de Mitterrand, que se autoproclama o último dos grandes presidentes. Como Mitterrand teve um histórico onde transitou tanto pela direita quanto pela esquerda na política, não lhe faltavam também desafetos.

Muito da graça de O ÚLTIMO MITTERRAND está no desempenho excepcional de Michel Bouquet. Tanto nas seqüências em que o Presidente se mostra debilitado pela doença, quanto naquelas em que ele se sente bem e age como uma criança que não quer voltar para casa, em todos os momentos Bouquet está extraordinário. Um desses momentos especiais é aquele em que o Presidente conta para Antoine o quanto ele se sente invisível, ninguém nem mesmo o reconhece nas ruas. Nesse momento, uma jovem o cumprimenta, beija-lhe o rosto e lhe agradece por tudo.

Ainda que valorize o aspecto político e puxe um pouco a sardinha para o lado dos socialistas, nota-se que o filme dá maior valor às relações humanas, em especial ao relacionamento entre aqueles dois homens de idades e experiências muito distintas. O próprio Mitterrand tem uma postura muito serena diante do fim da vida. O problema é que como eu gosto muito de melodramas mais carregados, O ÚLTIMO MITTERRAND é sutil demais, evitando muito o sentimentalismo. Por isso, e pelo fato de o filme ser por demais francês, que eu acabei me distanciando um pouco. Ainda assim, é um belo filme.

terça-feira, setembro 05, 2006

EU



Para um filme considerado por muitos como o pior dos estrelados por Marcelo, o alter-ego de Walter Hugo Khouri, EU (1986) até que é bastante interessante e um dos mais ricos em explorar a mitologia do personagem. Sem falar que ele é bem superior a PAIXÃO PERDIDA (1998), o último filme de Khouri e também o último do "ciclo Marcelo".

A primeira vez que eu vi EU foi na adolescência e pela televisão. A única coisa de que eu me lembrava era da Monique Evans nua e da cena em que ela chega de helicóptero na ilha de Marcelo (Tarcísio Meira). Na minha cabeça, o filme era bem mais erótico do que eu achei agora. Na revisão, EU me pareceu quase um filme de terror, sendo que Marcelo seria uma espécie de vampiro - ele não parava de olhar para o pescoço das mulheres. A cena dele com as duas garotas de programa (Nicole Puzzi e Monique Lafond) é bem explícita nesse sentido. Bem como a seqüência final, quando a câmera congela na imagem demoníaca do rosto de Tarcísio Meira.

Marcelo seria, então, uma pessoa amaldiçoada pelo vazio que o destrói por dentro e o força a buscar desesperadamente o sexo como válvula de escape para atenuar a angústia da falta de sentido na vida. Sua busca por sexo também tem raízes profundas e ligadas aos complexos de Édipo e de Electra. Em AMOR, ESTRANHO AMOR (1982), o protagonista, quando garoto, transa com a própria mãe. Mas apesar de ter estreitas ligações com os filmes do ciclo Marcelo, no polêmico filme de 82, o protagonista não se chama Marcelo, mas Hugo, aproximando-se ainda mais do nome do diretor. Numa cena de EU, quando as três garotas de programa comentam na praia sobre o poder de sedução de Marcelo, Renata (Monique Lafond) até chega a dizer que suspeita que Marcelo esteja comendo a própria filha (Bia Seidl) e que no passado comeu a própria mãe. Imaginei que isso se trata de uma referência a AMOR, ESTRANHO AMOR. Outro filme de Khouri citado em EU é PALÁCIO DOS ANJOS (1970), quando Christiane Torloni olha para o mar e passa um navio soltando um apito grave. Já a chegada de Monique Evans de helicóptero nos faz lembrar imediatamente de A DOCE VIDA, de Fellini.

EU é talvez o filme de Khouri que tem o maior acervo de mulheres gostosas. A começar pelo marketing pesado em cima de Monique Evans, que é quem tem o corpo mais explorado no filme, ainda que apareça bem menos que as demais. Nos créditos, inclusive, aparece "introduzindo Monique Evans". A palavra "introduzindo" não deixa de passar uma dupla conotação.

Na trama, Marcelo passa o natal em sua casa de praia e leva consigo duas garotas de programa. A confusão começa quando chega de surpresa a sua filha, acompanhada de uma amiga. Pra aumentar ainda mais a confusão, uma outra mulher está pra chegar. Assim, Marcelo fica rodeado de mulheres. Ele deseja a todas, todas o desejam. Inclusive a filha. A personagem de Nicole Puzzi é bem interessante e eu destaco a cena em que ela conta da grande atração que tinha pelo próprio pai e do dia em que o seu pai morreu e ela teve a oportunidade de dar banho nele, tocando em todas as partes de seu corpo.

Fiz uma pesquisa sobre os filmes de Khouri que apresentam o personagem Marcelo e fiz a relação abaixo, com os títulos, datas e o nome do ator que interpretou o papel.

AS AMOROSAS (1968) - Paulo José
O ÚLTIMO ÊXTASE (1973) - Wilfred Khouri
O DESEJO (1975) - Fernando Amaral
PAIXÃO E SOMBRAS (1977) - Fernando Amaral
O PRISIONEIRO DO SEXO (1978) - Roberto Maya
CONVITE AO PRAZER (1980) - Roberto Maya
EROS, O DEUS DO AMOR (1981) - Roberto Maya
EU (1986) - Tarcísio Meira
FOREVER (1991) - Ben Gazzarra
PAIXÃO PERDIDA (1998) - Antônio Fagundes

Na dúvida, e esperando que alguém me responda: em relação a O ANJO DA NOITE (1974), no IMDB consta que um dos personagens desse filme chama-se Marcelo (Pedro Coelho). No entanto, ele se diferencia bastante dos outros filmes de Khouri. Assim como AS FILHAS DO FOGO (1978), O ANJO DA NOITE é considerado do gênero terror. Afinal, o Marcelo de O ANJO DA NOITE é o velho Marcelo que a gente conhece?

Agradecimentos ao amigo Sandro Ramos que fez a gentileza de gravar o filme do Canal Brasil.

segunda-feira, setembro 04, 2006

A DAMA NA ÁGUA (Lady in the Water)



M. Night Shyamalan é um dos cineastas mais controversos de que se tem notícia. Capaz de causar reações de amor e ódio extremos. Eu, por exemplo, sempre que via alguém falar mal de A VILA (2004), sentia-me na obrigação de entrar na briga pelo filme, mesmo sem ter muita força argumentativa. Exatamente por ser da turma dos amantes de A VILA e de gostar de todos os filmes do cineasta, inclusive OLHOS ABERTOS (1998), exatamente por isso, eu jamais imaginei que fosse desgostar de um filme de Shyamalan. Infelizmente, tenho que admitir que A DAMA NA ÁGUA (2006) foi um passo em falso, um filme que sujou uma filmografia até então irretocável.

Se antes a comparação com Spielberg já era sugerida, dessa vez ela é mais explícita, já que A DAMA NA ÁGUA é um filme sobre uma criatura de outro mundo tentando voltar para seu universo e influenciando a todos a seu redor com sua energia positiva. Porém, diferente de E.T. - O EXTRATERRESTRE, imagino que as crianças não iriam apreciar o filme de Shyamalan. Será que se o filme tivesse sido vendido como uma obra infanto-juvenil seria mais bem-sucedido? Acho que não. Talvez porque o filme de Shyamalan seja por demais sofisticado na utilização de ângulos de câmera pouco usuais e de uma narrativa bem lenta. Aliás, tecnicamente o filme é até bem interessante.

A principal falha de A DAMA NA ÁGUA foi não ter conseguido me sugar para dentro de seu universo. Não consegui comprar a idéia de que Story (Bryce Dallas Howard) fosse uma criatura de um conto de fadas. Os melhores filmes de fantasia, como O SENHOR DOS ANÉIS, por exemplo, conseguem ser convincentes por mais ridículas que sejam suas premissas. Isso porque eles se sustentam nos detalhes e na capacidade de se criar uma atmosfera de magia. O filme de Shyamalan não tem uma sustentação válida. Sempre que o personagem de Paul Giamatti procura aquela senhora coreana para saber tudo sobre a ninfa e seu universo, tudo soa muito patético. Ainda que a intenção tenha sido causar humor, nem assim o filme é bem sucedido. Ao contrário, a personagem da coreana é lamentável. Por outro lado, não achei ruim o personagem do crítico de cinema, alvo da maioria das críticas dos detratores. Ao menos pareceu uma provocação àquelas pessoas que olham a vida de modo cínico e inquisidor.

Porém, o que eu acho mais interessante é que, apesar de tudo, A DAMA NA ÁGUA ainda tem admiradores apaixonados. Tão apaixonados quanto eu depois de sair das duas sessões de A VILA. Quer dizer, Shyamalan ainda continua sendo um nome quente e que ainda vai continuar chamando a atenção e causando as mais diversas reações nas platéias. Só espero que da próxima vez eu esteja do lado dos apreciadores e não dos decepcionados. Afinal, todos os grandes cineastas (Hitchcock, Kubrick, Lynch) cometeram equívocos em algum momento de suas carreiras. Portanto, ainda existe esperança. Principalmente quando eu lembro da cena em que Bryce Dallas Howard adentra o quarto onde está o enfermo Joaquin Phoenix em A VILA.

domingo, setembro 03, 2006

SILÊNCIO NAS TREVAS (The Spiral Staircase)



Já que ainda não me sinto preparado pra escrever sobre A DAMA NA ÁGUA, vou tentar ser objetivo e falar um pouco sobre SILÊNCIO NAS TREVAS (1946), um dos filmes mais famosos do esteta Robert Siodmak. O cineasta, apesar de americano, teve sua formação na Alemanha, tendo fugido de lá por causa da ascensão do nazismo.

SILÊNCIO NAS TREVAS é um film noir gótico que carrega muita influência do expressionismo alemão. Na trama, uma moça muda (Dorothy McGuire, que eu conhecia de SUBLIME TENTAÇÃO, de William Wyler) é aterrorizada por um serial killer que, aparentemente, mata apenas mulheres, sendo que a maioria carrega algum tipo de deficiência. Como ela é muda por causa de um trauma passado, ela é considerada vítima em potencial do assassino.

SILÊNCIO NAS TREVAS se passa no começo do século XX e no começo do filme podemos ver um trecho de THE SANDS OF DEE (1912), de D.W. Griffiths, passando numa sala de exibição. O filme aos poucos vai apresentando os personagens e o lugar onde se desenrolará a maior parte da trama, a mansão onde a personagem de Dorothy McGuire trabalha. O tempo todo ouvimos trovões, o que acentua o clima gótico. Uma das diversões do filme é tentar advinhar quem é o assassino. Porém, como sou fã de Hitchcock, que já denunciava quem era o assassino logo no começo de seus filmes, não vejo muita graça nisso. Além do mais, o final, com o assassino explicando tudo de forma didática, torna-se hoje em dia um pouco cafona. Mas ainda assim o filme tem o seu charme, além da brilhante performance de Dorothy McGuire, expressando muito bem a angústia de não poder se comunicar nos piores momentos.

Agradecimentos à Carol, que me emprestou o DVD.

sexta-feira, setembro 01, 2006

DOIS ANIMES



Sexta-feira é o dia em que eu tenho mais preguiça de atualizar o blog. Provavelmente por causa do cansaço acumulado ao longo da semana, das baterias precisando de recarregar. Devido ao pouco tempo para ver filmes, o estoque de títulos está se acabando. E também devido ao pouco tempo, esses dias resolvi pegar pra ver dois pequenos animes de curta duração entre os vários que o amigo Marcelo Reis me enviou num DVD-R. São filmes que enganam, parecendo infantis, mas que tratam de assuntos bem sombrios, além de possuírem uma narrativa bastante sofisticada.

CAT SOUP (Nekojiru-so)

Talvez o desenho mais delirante que eu já vi. O problema é que não foi o tempo todo que eu embarquei na viagem, tendo me dispersado em alguns momentos. Mas nada que uma revisão não possa ajudar. Os personagens do filme são gatinhos com uma aparência da Hello Kitty. Acho bem difícil falar da trama, já que não há realmente um plot no sentido tradicional. Pode-se dizer que é um desenho surrealista - em alguns momentos até lembrei de A MONTANHA SAGRADA, do Jodorowski. Pelo que consta nas sinopses, inclusive a do site Animehaus , é que CAT SOUP (2001) trata de um gatinho branco que tenta livrar a sua irmã dos braços da morte. Alguns dos momentos mais delirantes: o surgimento do elefante d'água, a cena do porco sendo fatiado ainda vivo para servir de almoço e os samurais cortando um peixe com suas espadas. Os diálogos não podem ser compreendidos e sempre que os personagens falam aparecem balões como nos mangás. Aliás, CAT SOUP foi baseado num mangá. Engraçado que agora me bateu uma vontade de rever o filme. Direção: Tatsuo Sato.

KAKUREMBO: HIDE AND SEEK (Kakurembo)

Esse é um anime que apresenta uma temática mais japonesa, com aqueles demônios que aparecem no folclore nipônico. Os personagens de KAKUREMBO: HIDE AND SEEK (2005) são garotos que usam máscaras para brincar de um "esconde-esconde" perigoso. Algumas das crianças que brincam à noite estão desaparecendo misteriosamente. Um dos meninos resolve participar da brincadeira, com o objetivo de procurar pela irmã desaparecida. Cada um dos meninos tem uma razão particular para participar da brincadeira. O visual de KAKUREMBO é bastante caprichado, mas também é o tipo de filme que pode confundir um pouco, principalmente pelo fato de os personagens estarem o tempo todo de máscara. Por isso mesmo, uma revisão é indicada. KAKUREMBO ganhou o prêmio de melhor curta-metragem no Fantasia Film Festival de 2005. Direção: Syuhei Morita.

Agradecimentos a Marcelo Reis.