segunda-feira, julho 17, 2006

VIAGEM A SAMPA


E a viagem a Sampa foi um sucesso. Em resumo, me encontrei com o pessoal da Cinefelia, com o Aguilar e o Carlão, com o Marcelo e a Ana Paul e com a Dianah. Foi um grande prazer conversar e ver de perto pessoas tão especiais. Espero novamente um dia me encontrar com todos. Como foram muitos dias longe do blog, não vai ser possível eu fazer um relatório detalhado de todos os dias que estive em São Paulo, mas vou fazer um resumão do que aconteceu, também como forma de reviver na memória momentos tão especiais. Como adepto da narrativa clássica, começarei pelo começo.

Sexta-feira, dia 7. Pra quem ia passar tanto tempo longe de casa, até que eu estava bastante tranqüilão para essa viagem. Era dia do meu aniversário e eu nem ligaria se não ganhasse nenhum presente. Só a viagem já seria um baita de um presente que eu estava me dando. Mas ainda assim ainda ganhei vários presentinhos do pessoal aqui de casa e o namorado da minha irmã ainda foi me deixar no aeroporto. E olha que já era madrugada, início do dia 8.

Sábado, dia 8. O avião saiu atrasado mais de uma hora. Cheguei no aeroporto de Guarulhos por volta das 8 da manhã. A viagem foi horrível, super-desconfortável. Um sujeito ao meu lado estava passando mal e eu já achava que ele ia vomitar. O vôo estava lotadíssimo. O Michel me recebeu no sagüão e a gente foi dar uma volta pela Av. Paulista até que desse meio-dia e eu pudesse fazer o check-in no hotel. Andamos bastante e comemos umas esfirras no Habib's da Rua Augusta. Passamos pela 2001 da Paulista para ver o acervo, mas não comprei nada. Fiquei admirado com o preço exorbitante dos estacionamentos. Estranhei um pouco o sistema do Hotel (Formule 1), mas logo a impessoalidade do lugar passou a ser uma vantagem pra mim. Depois de almoçar e dormir, passei lá no Belas Artes e assisti O AMOR EM CINCO TEMPOS, de François Ozon. Belo filme. Adorei a cama do hotel, super-confortável. Uma beleza.

Domingo, dia 9. Dia de final da Copa do Mundo. Liguei para a Ana Paul, que tinha me deixado seus telefones. Resultado: a Ana ficou de me pegar na segunda à noite para que eu, ela e o Marcelo pudéssemos ir para a cerimônia de abertura do Festival de Cinema Latino no Memorial da América Latina. Claro que topei. A sessão de domingo à tarde foi no Unibanco Arteplex, no Shopping Frei Caneca. O filme: FACTOTUM - SEM DESTINO. Um fillme entre o bom e o mediano. Cheguei a tempo de ver a prorrogação do jogo Itália x França e a cobrança dos pênaltis. Zidane foi o grande protagonista do jogo. As duas imagens que vão ficar marcadas na memória: a cabeçada e a saída dele, ao lado do troféu. À noite, fui ao cinema com o Michel ver o ótimo EU, VOCÊ E TODOS NÓS, de Miranda July. Depois do filme, comemos uma deliciosa pizza na Rua Augusta, no Pedaço da Pizza. Acho que foi a melhor pizza que eu já comi na vida.

Segunda-feira, dia 10. Passei a manhã inteira em casa. Não parava de chover e nada parecia melhor do que aquela cama. Levantei às 7 para o café da manhã e voltei para a cama. Acordei perto do meio-dia para dar uma volta. Tive que comprar um guarda-chuva. Como o meu sapato não era à prova d'água, lá fui eu comprar outro. Comprei também o encadernado do Sandman - Um Jogo de Você. O filme da tarde foi o brasileiro A CONCEPÇÃO, no Belas Artes. Bem diferente, esse filme do Belmonte. Saí do cinema sem saber direito o que tinha achado do filme. À noite, conforme combinado, a Ana Paul foi me pegar lá no hotel. Passamos na casa do Marcelo, que é bem mais diferente (fisicamente) do que eu havia imaginado. Gostei demais deles dois. A noite de abertura do I Festival Latino foi bem interessante, com a exibição de ZA 2005 - O VELHO E O NOVO, de Fernando Birri. O velhinho estava lá e foi homenageado. O grande Nelson Pereira dos Santos também marcou presença, assim como Orlando Senna e João Batista de Andrade. Encontrei o Marcelo Lyra por lá também. Depois do filme, teve um coquetel e depois a Ana e o Marcelo me levaram para um bar bem interessante, onde tomamos um delicioso caldo de feijão. O papo foi muito bom.

Terça-feira, dia 11. Saí do hotel mais cedo com duas missões: 1) trocar o sapato que havia comprado no dia anterior pois o mesmo tinha ficado apertado; e 2) procurar um casaco de linha para uma colega de trabalho lá no Anhangabaú. Felizmente, as duas coisas deram certo, ainda que tenham dado um pouco de trabalho. O sapato, eu tive de ir lá na filial da loja no Shopping Metrô Santa Cruz. Aproveitei que estava lá para conhecer o lugar e aproveitei para assistir PREMONIÇÃO 3, filme bem fraquinho. Valeu mais para conhecer uma sala do Cinemark. À noite, fui com o Michel na Sala Cinemateca para assistir A MARSELHESA, de Jean Renoir. Antes do filme teve uma mini-palestra. Senti-me como se estivesse numa sala de aula de curso de cinema. Quando o filme terminou já era quase meia-noite, hora de dormir.

Quarta-feira, dia 12. O dia foi meio angustiante. O ar de São Paulo me pareceu hostil, senti saudades de casa, minha garganta não estava boa. Acessei a internet e li um e-mail do Renato que disse que achava que não viria para Sampa. A Dianah também acabou desmarcando o nosso encontro da quinta-feira e o PCC estava botando pra quebrar na cidade. Não foi bem um dia legal. De acordo com informação da Ana Paul, fui lá conhecer o Sebo do Messias, perto da Praça da Sé. Não vi muita coisa interessante. Levei apenas o VHS de A MARCA DA CORRUPÇÃO, de John Flynn. Voltei para a Consolação para almoçar e ver BUBBLE, de Steven Soderbergh, um filme totalmente em sintonia com o mau estar desse dia. Liguei para o Michel e ele me falou que a Fer estava chegando. Felizmente a noite foi bem melhor. Na falta de outra coisa pra fazer, eu e o Michel acabamos marcando uma outra sessão de cinema. Vimos o argentino HERÊNCIA, filme bastante simpático e agradável. Saí do cinema muito bem. Totalmente o oposto do filme do Soderbergh. Depois da sessão, encontramos a Fer, que estava com todo o pique, mas ao mesmo tempo também muito cansada da viagem. Fomos a um restaurante italiano e comemos um ótimo filé à parmegiana. Foi muito legal conhecer a Fer pessoalmente, depois de mais de cinco anos de convivência apenas via internet.

Quinta-feira, dia 13. Acho que esse foi o dia que eu mais andei. Acordei mais cedo e fui dar uma volta lá perto da estação do metrô República. Quis conhecer a Galeria do Rock, mas achei o lugar meio decadente. Acabei voltando para a Paulista e andei bastante. Encontrei por acaso o FNAC e achei o lugar muito legal. Dá vontade de ser rico quando a gente entra ali. Enquanto eu caminhava, a Dianah liga para mim avisando que dá certo o encontro para a sexta-feira. Legal. No cinema, vi o documentário O HOMEM URSO, de Werner Herzog. Achei que o filme fosse melhor, mas gostei assim mesmo. Vi lá no Cine Gemini, um lugar meio decadente e com a projeção meia-boca, mas que tem um sabor daquelas salas de cinema antigas. À noite, foi a vez de eu apresentar o Michel para a Ana Paul e o Marcelo e vice-versa. Fomos para o Centro Cultural Banco do Brasil ver um filme da mostra Japão Pop. O título: ELECTRIC DRAGON 80.000 V. Não gostei nem pouco. Sorte é que ele era curtinho: 55 minutos. Mas foi engraçado lembrar das presepadas do filme depois ("Guitar!"). Melhor mesmo foi o agradável papo depois da sessão. Fomos a um restaurante chileno onde eles servem um tipo de salgado cujo nome eu esqueci. O papo estava tão bom que deu meia-noite e a gente saiu do lugar e foi continuar a conversa num McDonalds para comer uma sobremesa. Se eu já havia gostado do Marcelo e da Ana na segunda, na quinta então eu virei fã deles.

Sexta-feira, dia 14. Acordei bem mais tarde e fui encontrar com a Dianah Barcelos, um amor de pessoa. Como ela é chegada em esoterismo, a gente bateu um ótimo papo sobre o assunto, sobre as dificuldades da vida, sobre SEINFELD (incrível como quase todos os dias essa sitcom era mencionada) e sobre nada - o que é quase a mesma coisa. Depois de subir e descer ladeira perto da Liberdade, almoçamos no Shopping Paulista e seguimos para o cinema para ver TRANSAMÉRICA, que havia estreado na sexta. Muito legal o filme. Depois, tive de voltar para o hotel a fim de me preparar para o tão aguardado Primeiro Encontro Nacional da Cinefelia. Pena que muitos não puderam comparecer. Senti falta do Renato, do Gustavo, da Cris, da Rosângela, do Leandro. Estavam presentes para a sessão de SUPERMAN - O RETORNO a Fer, o Michel, o Francisco, o Tiago e a Denise. A Ana (da lista) estava muito cansada e não conseguiu ficar para ver o filme. Depois de SUPERMAN, que eu gostei bem mais do que esperava, fomos para o restaurante América botar o papo em dia.

Sábado, dia 15. Sem ter o que fazer, fui passear de metrô. Quis ir até algumas estações por onde ainda não havia passado. No caminho, encontrei por um preço camarada O Monstro do Pântano - Vol. 3, do Alan Moore. Michel liga pra mim avisando que o Renato havia chegado. Fiquei feliz com a chegada do Renato, que é um dos amigos que eu mais gosto. Só que o encontro do sábado acabou sendo apenas do quarteto Fer, Renato, Michel e eu. Mas foi ótimo mesmo assim. Andamos pela Paulista até achar um lugar agradável para tomar um chopp. De lá, fomos comer um cachorro-quente no Black Dog e demos uma fuçada na FNAC. Lá, comprei os livros Seinfeld e a Filosofia e um do Elmore Leonard que estava na promoção - O Último Posto no Rio Sabre. Mas o dia ainda prometia, já que o Michel havia confirmado um encontro com o Eduardo Aguilar e ninguém menos que Carlos Reichenbach. Eu, Michel e Renato passamos para pegar o Aguilar e o Carlão e fomos para uma pizzaria. A pizza estava maravilhosa, a cerveja estava de dar gosto, mas a conversa e a companhia deles é que me deixaram mais feliz. Carlão contava cada história e falava de cada pérola cinematográfica que a gente ficava até meio perdido e tendo a certeza de que ainda falta muita coisa legal para se ver antes de morrer. Os momentos mais engraçados da noite foram aqueles em que o Carlão mostrava o seu pouco interesse por Wong Kar-wai e Lucrecia Martel. Ficamos lá na Pizzaria conversando até perto da meia-noite, rindo muito. Depois de deixar o Carlão, o papo ainda se estendeu até a casa do Aguilar, quando tivemos o prazer de ver em primeira mão o seu mais recente curta: OFERENDAS. Talvez seja o seu melhor trabalho. Adorei. E só quando eu saí de lá que me caiu a ficha: os filmes do Aguilar têm uma atmosfera muito parecida com os filmes do Bergman. Ajudou o fato de o Aguilar falar pra mim: "Ailton, você tem que gostar do Bergman, ele é o grande cineasta canceriano". Algo assim. Aliás, um dos momentos mais divertidos da noite foi quando começamos a falar sobre astrologia. Foi quando eu vi o quanto eu e o Edu somos parecidos. Tudo bem que nascemos no mesmo dia do ano (7 de julho), mas daí a descobrir que ele também classifica os amigos e as namoradas por signos do zodíaco foi uma baita de uma surpresa! Se eu já achava o Aguilar uma figura e tanto tendo o conhecido só pela internet, conhecê-lo pessoalmente me tornou um fã do cara. A conversa estava tão boa que eu fui chegar no hotel só depois das três da manhã!

Domingo, dia 16. A ressaca da semana começava a me abater. E a festa se aproximava do final. A Fer bateu na minha porta para se despedir. Ela foi almoçar com o Tiago e a Denise. Não deu pra eu ir, já que também teria que fazer o check-out do hotel ao meio-dia. O Michel e o Renato fizeram a gentileza de me acompanhar nessas últimas horas em Sampa. Fomos assistir ao brasileiro TAPETE VERMELHO, filme simpático e inocente. Depois bateu um sono e um cansaço. Andamos um bocado pela Paulista, onde encontrei o DVD de O PODEROSO CHEFÃO por apenas 15 pilas. Depois de jantar e conversar um bocado, o Michel foi me deixar no Aeroporto. Taí um cara fantástico. Sou eternamente grato ao Michel pelo tanto que ele me aturou nesses dias, pelo exemplo de companherismo e pela capacidade de organizar eventos. Foi ele que contatou todo esse pessoal. O Michel é mais uma prova de que os capricornianos são pessoas notáveis e generosas. Sem dúvida, ele entrou para a minha seleta lista de melhores amigos. Ao chegar no aeroporto, fui surpreendido por um overbook. A TAM me indenizou com 300 reais em créditos para passagem e me colocou num vôo com conexão em Recife. Quando peguei o avião em Recife, eu fiquei sobrando no avião. Overbook a bordo. Um senhora aceitou 300 reais para descer do avião e me ceder o lugar. O que eu mais queria era chegar logo em casa, coisa que só aconteceu às 9h30 da manhã desta segunda-feira. É isso aí. Estamos de volta. Foi um belo começo de férias.

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