terça-feira, julho 18, 2006

SUPERMAN - O RETORNO (Superman Returns)



Superman nunca foi dos meus heróis favoritos. Sua invencibilidade, seu poder que parece não ter limites, tudo isso contribui para que ele não ganhe a simpatia de muita gente. Por isso que quando a Marvel surgiu com seus heróis mais humanos e cheios de falhas foi um grande sucesso. Sabendo disso, os roteiristas de SUPERMAN - O RETORNO (2006) procuraram trazer um Superman que tivesse suas falhas ou seus momentos de fraqueza. E eles acertaram em cheio. Talvez eu esteja exagerando um pouco ao dizer que o filme de Bryan Singer é a mais bem sucedida adaptação para o cinema de um personagem da DC Comics. Singer nos mostra um Superman que sofre de dor de cotovelo e que usa seus poderes para invadir a privacidade de Lois Lane, numa das melhores cenas do filme. Há também outros momentos mais sutis como aquele em que Superman salva Lois e usa sua visão de raio-x para verificar se sua amada estava bem. Isso acontece com o marido de Lois do lado. Ele sabe que aquele alienígena de roupa colante azul poderia muito bem estar olhando para o corpo de Lois por baixo das roupas.

Claro que SUPERMAN - O RETORNO não terá o mesmo impacto do filme de Richard Donnner, nem tem um décimo da quantidade de estrelas presentes. O maior astro do filme é Kevin Spacey, que faz um Lex Luthor mais malvado do que aquele de Gene Hackman. Se tem algum problema com o personagem de Spacey, ele está na falta de lógica de seus planos malévolos, mas isso é perfeitamente coerente com o histórico do personagem e da própria DC, que sempre se caracterizou por ser bem mais maniqueísta que a sua maior concorrente. O seu plano para a destruição da humanidade me pareceu bem idiota. Mas são assim quase todos os vilões e, quanto à sua megalomania, não daria para fazer algo de menores proporções em se tratando de Superman. Ele é tão super-poderoso que é preciso algo gigantesco para que seja verdadeiramente um desafio para ele.

Quanto à nova Lois Lane, interpretada por Kate Bosworth, ela é bem mais bonita que a Margot Kidder. Assim, fica mais fácil de a gente se identificar com o Super-Homem. Para um herói dotado de uma super-honestidade, cheguei a ficar surpreso com o fato de ele ter dado em cima de uma mulher casada. Alguns fãs dos quadrinhos do herói até reclamaram das ousadias do roteiro, principalmente com o fato de arranjarem um filho para Lois Lane. Mas é melhor eu não falar muito sobre esse assunto sob o risco de estragar um pouco as surpresas. Ainda não falei do ator que faz o Superman. Pois bem, claro que ele não chega a ser um Christopher Reeve, a maior encarnação do herói já surgida e que provavelmente jamais encontrará um concorrente à altura. Porém, Brandon Routh, desempenha muito bem sua função.

Uma coisa que a gente percebe claramente vendo esse filme é o extremo respeito que Singer tem pelo personagem. Há uma seqüência do filme que mostra fotos de Superman em ação que é uma réplica exata da capa de Action Comics #1, a revista que trouxe a primeira aparição do herói, em 1938. O respeito pelo filme original de Richard Donner também é notado, a começar pelos créditos de abertura que utilizam a mesma formatação do filme de 1978, inclusive com a música genial de John Williams.

Fico imaginando o que seria se o filme fosse dirigido por outros nomes que foram cotados anteriormente. No início, Tim Burton tinha um projeto chamado SUPERMAN LIVES e quem iria interpretar o herói era Nicolas Cage. Deveria ficar no mínimo ridículo, Cage na pele do Homem de Aço. Brett Ratner foi o primeiro cineasta cotado para dirigir o filme. Engraçado que nesse caso aconteceu uma espécie de troca: Singer ficou com o filme do Superman enquanto Ratner dirigiu o terceiro filme da franquia dos mutantes. McG também foi cotado para dirigir SUPERMAN - O RETORNO. Como eu sou fã dos dois filmes das Panteras, imagino que McG faria um bom trabalho, mas completamente distinto do filme de Singer, respeitoso e com um andamento que lembra muito o do filme de 1978, mais lento. Singer, inclusive, já foi escalado para dirigir a seqüência desse filme, prevista para estrear em 2009. Mas antes disso, o jovem cineasta vai dirigir duas produções de menor escala. Uma delas se chama THE MAJOR OF CASTRO STREET (2007), filme que conta a história de um homem famoso por sua luta pelos direitos dos homossexuais em São Francisco. Deve ser o filme que vai confirmar mais explicitamente a orientação sexual de Singer.

P.S.: Recebi ontem a TEOREMA #9. Além das sempre ótimas críticas, tem uma puta entrevista do Beto Brant que por si só já justifica a compra da revista. Quem é de Porto Alegre, São Paulo ou outra cidade que venda a revista não deve perder. Agradecimentos a Marcus Mello que me enviou a revista.

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