quarta-feira, julho 05, 2006

SEPARADOS PELO CASAMENTO (The Break-Up)



Tenho impressão que a comédia romântica americana é um subgênero em ascensão. Acusado por muitos de ser água com açúcar ou filme de mulherzinha, esse subgênero tem mostrado cada vez mais sinais de inteligência. Os americanos estão se tornando mais e mais mestres nisso. Acho que se um dia fossem fazer uma comparação entre gêneros cinematográficos e gêneros musicais, a comédia romântica se equivaleria à música pop. Esse pensamento meio besta me veio à mente por causa do constante flerte do gênero com canções pop, que costumam embelezar com freqüência alguns dos melhores momentos desses filmes. No caso de SEPARADOS PELO CASAMENTO (2006), os créditos iniciais ao som de "You're My Best Friend", do Queen, é de causar entusiasmo no espectador a um filme que está mal começando. E olha que a canção é até um pouco manjada, mas, ouvindo no cinema, é impressionante como certas canções crescem.

Outro detalhe que conta pontos a favor do filme é o esforço no sentido de evitar os clichês e as fórmulas batidas. Em vez de um filme sobre dois namorados que brigam e depois se apaixonam, o que é mais comum, Peyton Reed fez um filme sobre o desgate de uma relação e o processo de separação. O diretor já havia travado uma guerra dos sexos no seu filme anterior, o criativo ABAIXO O AMOR (2003). Aqui, Reed prefere um estilo mais econômico e sem estilizações.

O filme traz dois astros que escolheram a comédia como gênero mais importante de suas carreiras. Vince Vaughn se firma como o líder do chamado "frat pack", grupo meio estranho e de caráter duvidoso cujos membros nunca estiveram todos juntos no mesmo filme. Já Jennifer Aniston, do elenco de FRIENDS, ela é a que mais se deu bem em Hollywood. Jennifer sempre me agradou - embora eu suspeite que na vida real ela não deve ser flor que se cheire -, mas Vaughn custou a conquistar a minha simpatia. Afinal, o tipo de humor que ele faz não é exatamente aquele que nos faz cair da cadeira de rir. Ele não é nenhum Ben Stiller ou Steve Carell. Mas com o tempo a gente se acostuma com o jeito dele e até passa a gostar. SEPARADOS PELO CASAMENTO tira proveito do talento cômico singular de Vaugh.

Engraçado que o tema da separação costuma me afetar, a me incomodar até. Lembro que sofri bastante vendo a crise amorosa do casal de DOMICÍLIO CONJUGAL, de Truffaut. Quase como se estivesse acontecendo comigo. Com o filme de Peyton Reed, as coisas não são assim tão dramáticas, mas, para um filme do gênero, a opção pelo final amargo até que foi bastante corajosa. Identifiquei-me com o personagem de Vaughn, um sujeito que tem dificuldade de se organizar na vida, de ser pragmático, de fazer coisas de que não gosta pelo bem da relação. Ele precisa da mulher para que sua vida entre nos eixos. Pode-se dizer que SEPARADOS PELO CASAMENTO é um filme sobre a dificuldade de comunicação e a necessidade de, sempre que necessário, engolir o orgulho e abrir o coração. Nem sempre a vida tem que ser um jogo onde os parceiros precisam de blefar para conseguir seus objetivos.

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