quarta-feira, maio 17, 2006

CRIANÇAS INVISÍVEIS (All the Invisible Children)



CRIANÇAS INVISÍVEIS (2005) é um projeto idealizado com o objetivo de sensibilizar as pessoas e os líderes mundiais para o sofrimento das crianças em diversas partes do mundo. Parte da renda do filme foi destinada para a Unicef e para o Programa Mundial contra a Fome. Assim, foram produzidos sete curtas sobre o tema, dirigidos por cineastas conhecidos - bom, alguns nem tanto. E todos trabalharam de graça nesse projeto. Já posso adiantar que, em resumo, o filme tem dois episódios ótimos (de Spike Lee e John Woo), um muito bom (Kátia Lund), um bom (Emir Kusturica), dois razoáveis (Mehdi Charef e Stefano Vaneruso) e um horrível (Jordan e Ridley Scott). Mais um pouco sobre os sete filmetes abaixo.

"Tanza"

CRIANÇAS INVISÍVEIS se inicia com o episódio dirigido pelo argelino Mehdi Charef. A história mostra crianças envolvidas numa guerra civil, matando, morrendo e sentindo falta da escola. É o mais triste dos curtas, já que mostra crianças sem um pingo de esperança na vida e com a morte rondando o tempo todo. O curta foi filmado em Burkina Faso.

"Blue Gypsy"

Depois do triste curta de Charef, vem o divertido filminho de Emir Kusturica. Tem uma cena engraçadíssima da família de ladrões, em que um dos meninos fica dançando de um jeito que dá vontade de dar gargalhadas. O filme tem a assinatura inconfundível do diretor, com aquele retrato cigano da Iugoslávia. Trata dos meninos que vão para reformatórios depois de cometerem determinados delitos.

"Jesus Children of America"

Até o título do curta é poético. Um do pontos altos de CRIANÇAS INVISÍVEIS é, sem dúvida, esse curta de Spike Lee que conta a história de uma menina pobre que descobre que seus pais são junkies e aidéticos e que ela também é HIV positivo. Gostei mais desse curta do que do recente O PLANO PERFEITO (2006). Spike Lee tem uma sensibilidade impressionante quando lida com as feridas da sociedade.

"João e Bilú"

Kátia Lund se saiu muito bem evitando fazer um melodrama lacrimoso (ela poderia mostrar as crianças como coitadinhas). Em seu curta, as crianças até se divertem, apesar das dificuldades de quem trabalha como catador de papel numa grande metrópole. Só o começo que me incomodou um pouco por causa da câmera tremida, mas depois, ou eu me acostumei ou a câmera parou quieta. Kátia Lund já havia me emocionado com o videoclipe "A Minha Alma", do Rappa. Aguardemos sua estréia num longa-metragem só dela.

"Jonathan"

São só alguns minutos, mas é um saco ter que agüentar esse curta sem graça dirigido por Ridley Scott e sua filha Jordan. "Jonathan" destoa de todos os outros e não diz direito a que veio. Na trama, um fotógrafo de guerra lembra de seu passado quando criança.

"Ciro"

Até tem umas tomadas interessantes, uns travellings e tal, quando mostra os jovens protagonistas correndo. O diretor Stefano Veneruso é pouco conhecido - nenhum de seus dois filmes anteriores chegou a ser lançado no Brasil -, mas foi assistente de Martin Scorsese em GANGUES DE NOVA YORK. Seu curta para a antologia fica entre o bom e o regular.

"Song Song and Little Cat"

Uma pena que teve gente que saiu na hora do curta italiano e perdeu esse belíssimo trabalho de John Woo. O diretor deixa de lado a ação desenfreada de seus longas mais famosos e exercita o seu dom em trabalhar com o melodrama, gênero que lhe é tão caro e que está presente em seus melhores trabalhos da fase chinesa. Nesse filme, ele nos apresenta duas garotinhas: uma é rica e infeliz; outra é pobre, foi encontrada por um mendigo bondoso que lhe tratou da melhor maneira possível. Tem uma cena que lembra CENTRAL DO BRASIL, de Walter Salles. Emocionante o momento em que as duas meninas se encontram.

P.S.: Está no ar a mais nova revista eletrônica sobre cinema: a Cinética. Coisa fina.

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