quinta-feira, fevereiro 09, 2006

LA BÊTE

 

Na última sexta-feira morreu o diretor polonês Walerian Borowczyk, famoso por seus filmes eróticos, em especial CONTOS IMORAIS (1974) e LA BÊTE (1975). Antes de se tornar famoso por esses filmes, Borowczyk havia feito algumas experimentações com o cinema de animação. Depois que a Polônia passou a adotar uma ditadura comunista, o diretor partiu para a França e foi lá que ele se tornou o mundialmente famoso mestre do erotismo no cinema. Seu erotismo se aproximava da pornografia, mas era dotado de um original senso de humor e um gosto pela música clássica. Não cheguei a ver CONTOS IMORAIS, dizem, o seu filme mais próximo do sexo explícito, mas pude rever nessa semana LA BÊTE, depois de saber da morte de Borowczyk.

Havia visto o filme há mais de dez anos numa antiga cópia em VHS lançada pela Sagres. Dessa vez, pude revê-lo numa cópia em divx em bem melhor estado, em widescreen, graças ao amigo Davi Pinheiro. (Esse DVD com vários filmes que ele me mandou ainda vai render muito.) Lembro que quase na mesma época eu vi SEDUZIDA PELO HORROR (1990), de Charles Band, com a Sherilyn Fenn no auge da beleza - mesmo ano de TWIN PEAKS. Ambos os filmes são uma espécie de atualização erótica de "A Bela e a Fera".

O filme de Borowczyk já começa mostrando dois cavalos copulando. A câmera mostra closes do gigantesco pênis do animal ejaculando e da genitália da égua latejando. E ejaculação é o que não falta no filme nas cenas de sonho da protagonista, a jovem americana interpretada pela bela dinamarquesa Lisbeth Hummel. Nesse sonho, ela vê uma ancestral da família (Sirpa Lane) fazendo sexo com uma criatura parecida com um macaco e dotada de um pênis enorme. O tal monstrengo deve ter gozado umas dez vezes. Tanto que acaba morrendo por causa de seu insaciável apetite sexual. As cenas são engraçadas, principalmente por causa do monstro, meio tosco e com um sorriso meio bobo no rosto. O melhor do erotismo no filme se deve aos momentos em que Lisbeth Hummel aparece de vestido transparente, antecipando a já famosa cena de masturbação com uma rosa.

Na trama, ela se muda para a França com a finalidade de se casar com o desengonçado Mathurin (Pierre Benedetti). Eles haviam ficado noivos por correspondência e o casamento tinha como objetivo o soerguimento da família de Mathurin, que estava com sérios problemas financeiros. O pai de Mathurin tenta a todo custo conseguir que o filho seja batizado. Por alguma razão, só conhecida no final do filme, ele não havia sido batizado quando criança.

Dizem que depois de LA BÊTE Borowczyk não fez mais filmes tão bons. Talvez pela falta de qualidade, seus trabalhos da década de 80 acabaram se tornando mais obscuros do que os dos anos 70, exceto talvez EMMANUELLE V (1987), projeto cuja direção foi dividida com outros cineastas.

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