quarta-feira, janeiro 25, 2006

CASA VAZIA (Bin Jip)

 

Uma das coisas que mais funcionam contra CASA VAZIA (2004), de Kim Ki-duk, é a frase que aparece no final. Fica parecendo uma tentativa do diretor de explicar o filme através de palavras, como se não tivesse sido capaz de passar a mensagem apenas com o filme. Das duas uma: ou o cineasta duvida da capacidade do espectador de entender sua obra ou ele duvida de seu próprio filme. Essa frase no final não deixa de ser uma ironia, já que o filme sustenta sua narrativa com pouquíssimas linhas de diálogo. 

Falando assim, até parece que eu não gostei de CASA VAZIA. Na verdade, o filme é bastante agradável de se ver e o diretor tem a capacidade de contar uma história como se estivesse fazendo cinema mudo. Coisa que poucos diretores conseguem, já bastante acostumados com o uso das palavras. CASA VAZIA foi meu primeiro contato com o cinema de Kim Ki-duk. Tenho curiosidade de conferir A ILHA (2000), mas tenho antipatia até mesmo pelo título de PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO, INVERNO...E PRIMAVERA (2003). 

A trama de CASA VAZIA apresenta um rapaz que vive invadindo casas de pessoas que viajam. Como pagamento por sua estadia, ele realiza pequenos consertos, lava roupas, rega plantas etc. Estranhamente, esse rapaz não emite uma palavra. Nem mesmo quando descobre que uma das casas que ele invadiu não está vazia. Havia uma mulher na casa. Triste, ela tinha brigado com o marido e ficava chorando pelos cantos. Essa mulher gosta tanto do invasor (mudo?) que acaba por seguí-lo, invadindo com ele casas alheias. 

O filme tem bons momentos de humor sutil - como quando ele tira fotografias das casas ou quando ele inventa "pegadinhas" para o carcereiro - e não cansa em nenhum momento. Sem falar que é mais um título que demonstra a vitalidade do atual cinema sul-coreano. Mas isso não é o bastante para um filme com tantas pretensões. P.S.: Nova coluna para o CCR. Dessa vez eu falo sobre a realização de JULES E JIM, do Truffaut.

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