quinta-feira, dezembro 29, 2005

A VIDA E MORTE DE PETER SELLERS (The Life and Death of Peter Sellers)



Uma das coisas que lamentei vendo este A VIDA E MORTE DE PETER SELLERS (2004) foi o fato de não ter visto os famosos filmes da Pantera Cor-de-Rosa. Aliás, até vi alguns quando criança, mas não lembro de quase nada. Felizmente, os mesmos podem ser conferidos agora nos DVDs lançados pela Fox há alguns meses. Isso não se constitui problema quando lembro que também só fui ver os principais filmes de Ed Wood, depois de ter assistido o maravilhoso longa de Tim Burton.

Diferente da belíssima homenagem que Burton fez ao "pior diretor da história do cinema", A VIDA E MORTE DE PETER SELLERS deixa uma impressão de que Sellers era uma pessoa um pouco desagradável de se conviver. O Peter Sellers mostrado no filme é egocêntrico, meio infantil, bastante impulsivo, facilmente manipulável e às vezes agressivo. Não deve estar muito distante do verdadeiro Sellers, mas não deixa de causar um certo mau estar no modo como Geoffrey Rush interpreta Sellers. Aliás, nunca fui muito com a cara de Rush, embora reconheça sua versatilidade. Acho que um dos principais méritos do filme foi mostrar a fragilidade e a brevidade da vida de uma pessoa. O fato de se ver a vida de um homem (com problemas cardíacos) passar em apenas duas horas só aumenta essa sensação.

Pra quem é cinéfilo, o filme é mais atraente. Só assim pude ficar sabendo: 1) da paixão que Sellers teve por Sophia Loren - interpretada no filme pela bela Sonia Aquino, quase sempre com generosos decotes -, e de quanto isso contribuiu para o fim de seu primeiro casamento com Anne Sellers (Emily Watson); 2) da maneira como Stanley Kubrick (interpretado por outro Stanley: o Tucci) o convidou para participar de seus filmes; 3) da relação de amor e ódio com Blake Edwards (John Lithgow, ótimo); 4) de como uma má interpretação dos conselhos de seu guru picareta (Stephen Fry) o levou a conhecer a sua segunda esposa (Charlize Theron); 5) do seu amor devotado à mãe, entre outras coisas. Claro que o filme pode ter deturpado um pouco do que realmente aconteceu, mas isso é natural.

No mini-documentário (12 min) presente nos extras, achei legal ver Blake Edwards ainda vivo e falando de sua relação de vinte anos com o ator. A maior parte das cenas deletadas foram de cenas mostrando Sellers interpretando pessoas a seu redor, justamente os momentos que deixam o filme um pouco cansativo. Por mim, podiam tirar todas essas cenas. Teve uma cena deletada que eu achei que deveria ter entrado no corte final, que é aquela de Sellers batendo o carro ao lado de sua terceira (ou seria quarta?) esposa.

O diretor Stephen Hopkins parece estar adquirindo algum prestígio nos últimos anos. Não custa lembrar que os melhores episódios da primeira temporada de 24 HORAS (2001) foram dirigidos por ele - se bem que a série não piorou depois que ele saiu. Porém, meu filme favorito dele continua sendo A SOMBRA E A ESCURIDÃO (1996).

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