sexta-feira, novembro 11, 2005

O CORONEL E O LOBISOMEM



O CORONEL E O LOBISOMEM (2005), estréia de Maurício Farias, filho do cineasta veterano Roberto Faria, na direção, é o terceiro de uma espécie de trilogia iniciada com O AUTO DA COMPADECIDA (2000) e LISBELA E O PRISIONEIRO (2003). O diferencial do novo filme é a direção mais contida de Farias, em vez da montagem rápida e mais televisa de Guel Arraes. O que, pra mim, significou uma melhora considerável. Dessa vez, o filme ficou mais parecido com cinema e menos com televisão.

Outro diferencial está no texto rebuscado de José Cândido de Carvalho, muito bem adaptado para o filme. Lembro que eu peguei o livro pra ler numa biblioteca, na época da faculdade, mas não consegui ir até o fim. Me faltou mais persistência, achei-o cansativo. O filme consegue passar muito bem o texto de José Cândido, o que pode cansar um pouco parte do público.

Ainda assim, o filme é muito divertido, destaque para a cena da briga de galo, com a participação de Andréa Beltrão e Francisco Milani, ator e humorista recém-falecido e pra quem o filme é dedicado. As performances de Diogo Vilela, como o Coronel Ponciano de Azeredo Furtado, e de Selton Mello, como Pernambuco Nogueira, o lobisomem, também são ótimas. Engraçado que apesar de toda a covardia do Coronel e de sua mania de se fazer de corajoso, como na cena da onça, por exemplo, faz com que a gente simpatize com o personagem. Eu, por exemplo, fiquei torcendo para que ele conquistasse a prima Esmeraldina, interpretada por Ana Paula Arósio. Pena que ele é muito azarado. Mas isso é parte da graça do filme. É muito mais fácil se identificar com os losers.

A esperada cena da transformação de Pernambuco em lobisomem me deixou um pouco decepcionado. Ainda falta muito pra que o cinema brasileiro consiga rivalizar com o americano ou o francês no quesito "efeitos especiais". Não que eu me incomode com isso. Os efeitos foram funcionais para a trama, mas não essenciais. E eu gostei bastante do final, meio amargo.