segunda-feira, agosto 01, 2005

SIN CITY - A CIDADE DO PECADO (Sin City)



Frank Miller é talvez o artista que eu acompanho o trabalho há mais tempo. Comecei desde criança, com as histórias do Demolidor; depois, já adulto, conheci seus trabalhos revolucionários à frente do Batman, e mais recentemente, sua incursão nos quadrinhos independentes em "Sin City". Desde o tempo que lia as histórias do Demolidor, que via o incrível potencial cinematográfico de seus quadrinhos, que mais pareciam storyboards. Quando ele entrou para o mundo do cinema, fazendo roteiros para filmes pífios - ROBOCOP 2 e 3 -, passei a acreditar que era só impressão minha: o negócio dele era com quadrinhos mesmo. Isso, até Robert Rodriguez convidá-lo a participar da difícil tarefa de fazer uma transposição fidelíssima de "Sin City" para as telas e minhas esperanças de ver Frank Miller no cinema se acenderem novamente. A briga que Rodriguez teve com meio mundo para conseguir fazer esse filme, atribuindo, inclusive, co-direção a Miller deu o que falar.

Mas e o filme, que é o que interessa? É mesmo tudo que eu esperava que fosse? É melhor que a história que existe por trás das câmeras? Pode-se até dizer que sim. Tudo que Rodriguez imaginou fazer com os quadrinhos está lá na tela e os cenários artificiais funcionaram muito bem nesse filme, ao contrário de CAPITÃO SKY E O MUNDO DO AMANHÃ. Mas falta algo nesse SIN CITY (2005) que eu não sei explicar bem o que é. Talvez seja a mesma coisa que falta em todas essas adaptações dos quadrinhos para o cinema. Alguma coisa se perde no caminho, por melhores que sejam os filmes e os diretores envolvidos.

No caso específico de SIN CITY, o filme está tão fiel aos quadrinhos que não sobrou espaço para surpresas. Pelo menos pra mim, que li as obras originais. Eu já tinha me espantado com a violência de "Sin City - A Cidade do Pecado", que apresentava um vilão canibal; ou com o tiro nos testículos do cara que gosta de violentar garotinhas em "O Assassino Amarelo"; ou do corpo sendo esquartejado em "A Grande Matança". Até parecia que eu estava vendo o filme pela segunda vez.

Dentro do super-elenco de SIN CITY, o ator menos adequado ao personagem dos quadrinhos é Bruce Willis, muito jovem para viver o velho Hartigan, o tira honesto - e com problemas cardíacos - que luta contra a corrupção da polícia de Basin City e paga caro por isso. Por outro lado, Jessica Alba como a doce e sexy Nancy está de arrasar. E ela nem precisou tirar a roupa, como a Carla Gugino, para deixar a gente babando. Jessica faz a diferença no filme.

O aspecto grotesco e caricato dos filmes noir impresso no filme ficou muito bom. O grotesco está presente também nas interpretações canastras e exageradas, destaque para Britanny Murphy. E Mickey Rourke é praticamente a encarnação do brutamontes Marv.

Não sei direito do que reclamar no filme, já que plasticamente a transposição para as telas ficou perfeita. Só acho que tudo ficou muito técnico, muito frio, quase uma camisa de força. Exatamente o oposto do filme anterior de Rodriguez, ERA UMA VEZ NO MÉXICO (2003), excessivamente solto, com um roteiro desleixado, mas que tinha a sua força, apesar dos problemas. Acho que o meu favorito do Rodriguez continua sendo PROVA FINAL (1998).

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