sexta-feira, abril 08, 2005

SOB O DOMÍNIO DO MEDO (Straw Dogs)

 

A primeira vez que vi SOB O DOMÍNIO DO MEDO (1971) foi há uns dezesseis anos, quando passou num festival de filmes que a Globo exibiu. Lembro que foi na mesma época que passou, pela primeira vez na televisão, SE..., de Lindsay Anderson; DUNA, de David Lynch; e TOURO INDOMÁVEL, de Martin Scorsese. Até parece que tinha alguém que sacava muito de cinema na Globo pra fazer um festival com filmes desse porte. De SOB O DOMÍNIO DO MEDO, o que mais ficou em minha lembrança foram a seqüência final, com Dustin Hoffman defendendo sua casa com unhas e dentes e, é claro, os seios de Susan George. Nos anos 70, a moda era as mulheres não usarem sutiãs e usarem mini-saia. Engraçado como isso até hoje ainda mexe com a libido dos homens. 

Naquele tempo, não sabia quem era Sam Peckinpah, mas quando vi o filme deu pra notar que se tratava de algo muito especial. Hoje, apesar de conhecer vários filmes do "mestre da violência", ainda falta eu ver seis dos quatorze filmes de sua filmografia. Dois deles - JURAMENTO DE VINGANÇA (1965) e TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA (1974) - foram lançados recentemente nos EUA em edições especiais. É esperar que isso chegue por aqui. Talvez seja melhor esperar pelo lançamento dos DVDs, em vez de ir atrás das cópias em VHS. 

Até pouco tempo achava que SOB O DOMÍNIO DO MEDO (1971) seria o filme ideal para quem quisesse ser introduzido na obra de Peckinpah, mas recentemente, numa lista de discussão que participo, houve até uma discussão bem acalorada sobre certos filmes do diretor e vi que há quem não goste de seus filmes. Logo, não dá pra prever o que as pessoas vão gostar. 

Na trama, Dustin Hoffman é um matemático americano que vai passar uma temporada com a esposa (Susan George) numa casa situada num vilarejo da Inglaterra, terra natal de sua mulher. Ele sofre com o comportamento hostil dos habitantes do lugar, que o vêem como um sujeito esquisito. Por ser muito tímido e por ter dificuldade de lidar mais agressivamente com as pessoas, ele acaba sendo ridicularizado. Pra completar, sua esposa ainda fica flertando com os habitantes. 

Um dos grandes méritos do filme é saber mostrar como um homem pacato - e até certo ponto covarde - põe pra fora sua agressividade quando está numa situação limite. Sam Peckinpah elabora esse caminho catártico de modo que nós também acabamos liberando um pouco dessa violência, ao torcer e vibrar com a volta por cima do personagem de Hoffman. É o tipo de filme que mexe com a adrenalina, que entoxica o corpo. 

Uma das cenas mais polêmicas do filme é a do estupro da mulher de Hoffman. Isso, porque em alguns momentos ela parece estar gostando de ser estuprada. Por causa disso, o filme é considerado até hoje um dos maiores exemplares da misoginia no cinema. E a seqüência final, do cerco da casa, lembra bastante A NOITE DOS MORTOS VIVOS, de George Romero. Será que isso foi uma influência assumida? 

O DVD nacional está sendo vendido nas bancas e está com a imagem muito boa, em widescreen 1.85:1. Altamente recomendado. Principalmente se a locadora de sua cidade não disponibiliza o filme pra locação.

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