quinta-feira, abril 21, 2005

ETERNO AMOR (Un Long Dimanche de Fiançailles)

 

A preguiça impera. Ainda mais porque os filmes que eu tenho pra comentar não são lá muito animadores. A começar por esse novo filme de Jean-Pierre Jeunet, que se apóia no visual para conquistar (ou enganar?) o público e os críticos pop

ETERNO AMOR (2004) é tão irritante quanto O FABULOSO DESTINO DE AMELIE POULIN (2001), o filme anterior do diretor, talvez por também contar com a mesma atriz chata (Audrey Tatou), e com os mesmos roteirista e diretor de fotografia. 

No começo, a bela fotografia até chama a atenção, mas depois da narração em off insistente e do excesso de personagens e de informações na tela, fica difícil agüentar as mais de duas horas de duração do filme sem ficar cansado. Sobre a quantidade de informações, acredito que o livro em que o filme se baseia seja bem mais fácil de absorver. Do jeito que ficou, tem-se a impressão que Jeunet queria a todo custo chamar a atenção do público. 

O início do filme também tem a seu favor a lembrança de uma certa obra-prima de Stanley Kubrick. GLÓRIA FEITA DE SANGUE também mostrava soldados franceses lutando contra os alemães nas trincheiras enlameadas durante a 1ª Guerra Mundial. A lembrança desse filme é imediata. Mas, enquanto Kubrick passava todo o desespero de estar naquela missão suicida, Jeunet não passa simplesmente nenhuma emoção - irritação não vale. 

A obsessão da personagem de Audrey Tatou e o amor que ela sente pelo noivo desaparecido também são despidos de qualquer emoção. Pode-se dizer o mesmo das cenas de flashback onde vemos um pouco da intimidade dos dois. Nem mesmo fazer rir Jeunet consegue, como na cena em que Tatou está descendo do elevador com uma cadeira de rodas. 

Mas nem tudo está perdido no filme. Duas personagens fazem valer o ingresso. Uma delas é a matadora Tina Lombardi (interpretada por Marion Cotillard). Essa personagem parece até saída dos quadrinhos, por causa de sua técnica e elegância na arte do assassinato - destaque para a cena do espelho. A outra é a aparição surpresa de Jodie Foster como a esposa de um dos soldados que se apaixona pelo homem que o marido havia mandado para engravidá-la, já que ele não era capaz de ter filhos. Seu tempo na tela é pouco, mas ela rouba a cena quando aparece. Pena que essas duas moças não foram suficientes para salvar esse filme do completo vazio.

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