quinta-feira, março 24, 2005

DAMIANO DAMIANI EM DOIS FILMES

 

Ando bem atarefado e com pouco tempo tanto pra ver filmes quanto pra atualizar o blog. Mas como prezo muito esse espaço, vou tentar ser o mais objetivo possível para falar sobre dois filmes do diretor italiano Damiano Damiani. UMA BALA PARA O GENERAL (1967), já faz quase dois meses que vi. Portanto, vai ser um pouco um exercício de memória; já CONFISSÕES DE UM COMISSÁRIO DE POLÍCIA (1971), assisti nesse fim de semana, graças ao amigão Renato que me presenteou com um VHS do filme. A fita é uma relíquia: tão antiga que as legendas ainda eram em letra de forma, vejam vocês. Mas a qualidade da imagem está muito boa. 

Procurei na internet por um dossiê sobre a obra de Damiani, como aqueles que têm no Senses of Cinema, mas não achei. Talvez porque o diretor ainda está vivo e não anda dirigido filmes tão bons quanto no passado. Vamos aos filmes. 

UMA BALA PARA O GENERAL (¿Quien sabe? / A Bullet for the General) 

Este filme disputa pau a pau com O VINGADOR SILENCIOSO aka O SILÊNCIO DA MORTE, de Sergio Corbucci, pelo título de melhor western spaghetti não dirigido por Sergio Leone que eu já vi. Acho que perde por pouco. Em comum, os dois filmes têm a presença de Klaus Kinski, ainda que sua participação em UMA BALA PARA O GENERAL seja bem menor. Mas o que o filme lembra mesmo é QUANDO EXPLODE A VINGANÇA, de Leone, mostrando todo o clima de guerra que havia no México no início do século XX. 

Na história, o bandido mexicano El Chuncho, brilhantemente interpretado por Gian Maria Volonté, é chefe de um grupo que rouba armas para Elias, um líder revolucionário. Num assalto a um trem, numa cena espetacular com muito tiroteio e sangue, El Chuncho conhece o americano El Gringo (Lou Castel) que se junta ao seu grupo por ter conquistado a simpatia de Chuncho. O que o mexicano não sabe é que o americano planeja se infiltrar no grupo de rebeldes com a missão de matar Elias. Ele é um assassino de aluguel contratado pelo governo mexicano. 

O filme desenvolve muito bem o relacionamento dos dois homens, que se respeitam apesar das diferenças - enquanto o americano é frio e com aspecto aristocrático, El Chuncho é bruto, emotivo e um pouco ingênuo. As cenas de ação e violência também são pontos altos do filme. Não esquecendo da belíssima trilha sonora de Luiz Bacalov. Quem ouviu a faixa que Tarantino escolheu desse compositor para pôr na trilha sonora de KILL BILL sabe do que estou falando. Coisa fina. 

O DVD da ClassicLine está excelente, privilegiando a bela fotografia em scope. Se não me engano, na capinha do disco consta que ele está em formato standard, mas podem locar sem medo e se deliciar com essa maravilha cheia de sons de bala misturados com Bacalov. 

CONFISSÕES DE UM COMISSÁRIO DE POLÍCIA (Confessione di un Commissario di Polizia al Procuratore della Repubblica) 

Apesar da bela oportunidade de ter visto esse filme em VHS, fiquei um pouco incomodado com o corte da imagem para a tela cheia. Em alguns momentos, os personagens mal aparecem, porque ficam justamente nos cantos da tela cortados - suspeito que a janela do filme seja 2,35. 

Assim como UMA BALA PARA O GENERAL, CONFISSÕES DE UM COMISSÁRIO DE POLÍCIA também tem uma trilha sonora linda, dessa vez por conta de Riz Ortolani, que por coincidência também tem uma faixa sua na trilha de KILL BILL - esse Tarantino tem bom gosto, hein. 

Outra semelhança com UMA BALA PARA O GENERAL é que aqui temos dois personagens que de certa forma se enfrentam e se respeitam. Temos o juiz Traini (Franco Nero), que está investigando a participação do comissário Bonavia (Martin Balsan) na tentativa de assassinato do mafioso Lommuno. No começo do filme, vemos o comissário mandando soltar de um hospício um sujeito que o mafioso havia mandado prender. Sua intenção era ver o sujeito se vingando do chefe da máfia. A trama vai ficando mais complicada, mas se esclarece perto do final, com a bela cena de confissão do comissário para o juiz. Um belo filme que merece uma edição em DVD de respeito.

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