quarta-feira, fevereiro 09, 2005

PAVOR NOS BASTIDORES (Stage Fright)

 

Fim do carnaval e também das minhas férias. A partir de hoje vou diminuir minha ida às locadoras por causa do trabalho. Mas quem sabe daqui a um mês eu loque mais alguns filmes, já que ainda não completei a minha peregrinação pela obra de Alfred Hitchcock. Ainda falta ver, pelo menos, um grande filme do mestre lançado em DVD no Brasil, que é A TORTURA DO SILÊNCIO (1952), além de rever outros. 

Nesses dias, tive o prazer de ver pela primeira vez PAVOR NOS BASTIDORES (1950), um filme menor de Hitch, mas que não deixa de ser uma delícia de se ver. Duas coisas tornam o filme memorável: 1) é o único que Hitch fez com a estrela Marlene Dietrich; e 2) é o filme que ficou famoso porque o mestre do suspense mentiu num flashback

Na época, todo mundo ficou revoltado com o diretor por ele ter enganado o público. Ele mesmo falou em entrevistas que esse foi o segundo maior erro que ele cometeu em sua carreira - o primeiro foi ter "matado" o garotinho na cena da bomba de SABOTAGEM / O MARIDO ERA O CULPADO (1936). Por outro lado, muita gente acredita que isso seria, em vez de um erro, um toque de gênio do mestre, algo que torna esse filme superior à média dos filmes de suspense produzidos em Hollywood. Sem falar que esse negócio de mentir em flashback foi repetido em diversos filmes recentes. No momento, lembro de GAROTAS SELVAGENS, de John McNaughton. 

Apesar da presença sempre brilhante de Marlene Dietrich, a atriz principal do filme é Jane Wyman, a moça que, a fim de proteger o amado que está procurado pela policia acusado de assassinato, finge ser uma empregada doméstica para poder entrar na casa da vilã Dietrich. Ao mesmo tempo, ela é cortejada pelo policial que está investigando o caso, interpretado por Michael Wielding, sujeito que já foi um dos maridos de Elizabeth Taylor. 

Como Hitchcock mencionou em Hitchcock / Truffaut, um dos maiores problemas do filme é que os vilões são fracos. Por isso o filme perde o impacto que poderia ter. Aqui não vemos vilões tão ameaçadores como em INTERLÚDIO (1946) e PACTO SINISTRO (1951), por exemplo. Mas, entre as suas qualidades, pode-se ver no filme alguns momentos que prenunciam a obra-prima PSICOSE (1960). Por exemplo, na cena em que Richard Todd está correndo da casa onde está o corpo do marido de Dietrich, ele depois fica imaginando o que poderia estar ocorrendo, à semelhança da personagem de Janet Leigh, fugindo com os dólares do patrão em PSICOSE. 

O DVD da Warner está de dar gosto: imagem linda e um mini-documentário de cerca de 19 minutos, dirigido pelo grande Laurent Bouzereau. Todos os filmes de Hitchcock mereciam, no mínimo, um tratamento desses.

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