sábado, janeiro 08, 2005

DE-LOVELY - VIDA E AMORES DE COLE PORTER (De-Lovely)



O ruim de ver certas biografias, especialmente essas que mostram o biografado do seu auge até a decadência e morte, é que traz a triste certeza de que a vida, depois do auge, vai escada abaixo. Sorte nossa se chegarmos na velhice com um passado mais ou menos glorioso e livre de certas tragédias, como acidentes e coisas do tipo.

Apesar de ser um musical, que normalmente é um gênero alegre, DE-LOVELY (2004), de Irwin Winkler, não é exceção. Mostra, além do momento glorioso, a triste decadência de um dos maiores compositores americanos, quando sofreu um acidente e ficou doente das pernas. Um filme bem melancólico para um musical parecido com aqueles antigos da Metro.

É um filme irregular que tem seus bons momentos, mas ficaria mais palatável se tivesse uma duração menor. Uma das primeiras canções do filme é "Easy to Love", que abre e encerra com beleza COMO TUDO NA VIDA, de Woody Allen. Mas não dá pra comparar a espetacular versão de Billy Holiday com a cantada por Kevin Kline no filme. A versão de Billy tem algo mágico que age diretamente no coração, trazendo para a superfície um sentimento que parecia escondido. (A propósito, pra entrar no clima, coloquei uns mp3 dela pra ouvir.)

Quanto ao elenco, gosto do Kevin Kline. Ele fez um Cole Porter digno. Já Ashley Judd podia ter comovido mais como a mulher que ama demais o marido, e prefere continuar com ele, mesmo sabendo de suas escapulidas com homens. As seqüências que mostram o seu lado gay são poucas e discretas. A impressão que se tem no filme é que ele amava a sua mulher espiritualmente, mas desejava sexualmente os homens.

Entre as cenas mais marcantes, destaco aquela em que Kline incentiva um ator (prestes a desistir) a cantar no palco a difícil "Night and Day". Quanto às participações especiais de alguns cantores pop como Robbie Williams, Alanis Morrisette, etc, gostei da versão de "Begin the Beguine", apesar da voz pouca delicada de Sheryl Crow.

Um amigo meu tinha falado que quando foi ver o filme durante a semana, o cinema estava cheio de gays quarentões cantando as canções de Porter. Não vi nada disso hoje, mas a maior parte das pessoas era mesmo gente de mais de 30 anos. Gostei mais do que esperava do filme, principalmente levando em consideração ser um musical à moda antiga. O último do gênero que vi - CHICAGO - eu odiei.

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